quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

PAI, FILHO E ESPIRITO DO CONTO DE CLAUDIA SANTA ROSA - NATAL/RN

Quinze minutos para dizer eu te amo

Por *Cláudia Santa Rosa

Nem todos os dias são ensolarados, nem todos eles são nublados, alguns são chuvosos, são frios, ainda que o clima de verão esteja em grau dos mais elevados, ainda assim...! Enxergar de tal modo, é vivenciar o mesmo processo que rompe com a ideia convencional que organiza o calendário do tempo.
A semana de Clara e Lucas, quase sempre, teima em ser mais curta, as circunstâncias insistem em fazê-la durar três ou quatro dias. Os demais compõem o tempo destinado aos seus corações vegetarem, talvez muito mais o de Clara. Em silêncio, ela indaga:
– Será que o natural é a mulher sofrer com a ausência do homem amado?
– Será que o meu amor também fica triste quando não estamos juntos?
Lucas é um danado! Volta e meia deixa escapar que ir ao encontro de Clara, é uma maneira de acalmá-la, de matar a saudade que ela sente da sua presença física, como se ele não a quisesse na mesma intensidade. No fundo, ainda que esteja no plano do inconsciente, Lucas é machista. Ele gosta mesmo é de se sentir o “dono da bola”, faz parte do seu jogo de sedução.
Clara, por sua vez, não perde a oportunidade de perguntar se Lucas a ama, do mesmo modo que, frequentemente, ele sente a necessidade de saber, de ouvir o que ela sente. Clara parece buscar a segurança que precisa para viver tranquila a sua história. Lucas deseja ter a certeza que domina a situação.
Clara indaga:
– Você me ama, meu amor?
Lucas responde:
– Amo muito! Se eu não lhe amasse, não estaria aqui.
Em seguida ele emenda com perguntas:
– E você me ama?
– Quem é que lhe faz mais feliz?
Que amor visceral! Clara só tem respostas lindas para o seu amor. Ama Lucas de maneira incondicional, verdadeira. Para ela pouco interessa as convenções sociais e os limites que tais chatices costumam impor. Clara dedica a Lucas o que tem de mais caro: a sua dignidade, o seu pensamento, coração, amor, tempo; a ele dedica a sua vida. Por isso mesmo, Lucas sabe o quanto é desejado por aquela mulher, que supera medos e fantasmas para amá-lo no compasso de uma obsessão, incrivelmente saborosa de experimentar.
Aquele parecia ser um dia esvaziado de beleza e de poesia. Finalmente Lucas faz contato com Clara e o sol nasce num céu nublado. Trocas de carinho e afeto ao telefone. Lucas sabe qual é a resposta, mesmo assim pergunta se Clara deseja vê-lo. O coração dela dispara de felicidade e a sua boca diz que sim. Ele ordena:
– Saia! Logo estarei aí. Vamos passear!
Promessa cumprida. Esforço tremendo! Um encontro surpreendente de corpos ardentes que se convocam. Quinze minutos pareceram eternos para Clara e Lucas dizerem um ao outro que se amam. Sim, ali eles tiveram a prova mais inconteste: realmente, o amor existe!
*Professora, especialista em Psicopedagogia, Mestre e Doutora em Educação. Articulista de temas relativos à Educação, quinzenalmente passou a publicar minicontos de amor, que são tentativas de incursão pelo universo da ficção.

(educadora@claudiasantarosa.com)

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