Canto por que me consola
É melhor do que chorar...
Meu poema eu vou cantar
O repentista e a
viola
Trabalho da minha escola
Oferto aos meus prediletos
Familiares diletos,
A todos mil maravilhas,
Esposa, filhos e filhas,
Genros e noras, meus netos e bisnetos.
Sou um gênio
cantador
No improviso das rimas,
Sei cantar matérias
primas,
Do Nordeste
sofredor,
Cantei o riso e a dor
Do povo do Cariri
Do Seridó, ao Potengi
Em versos eu disse rimando:
Eu ei de viver
cantando
Já que chorando eu
nasci.
Canto forçando a garganta
Na viola acompanhando,
Eu sei cantar, encantando
A vida de quem não canta
Quem canta, o seu mal espanta.
É um provérbio sagrado
Cantei muito no passado
No presente, às vezes, canto
Porém já me vejo um tanto
Velho, doente e cansado
Já estou sentido o temor:
Cantar instantaneamente
Por que no tempo presente
Estou sendo a caixa da dor
Viver assim é horror...
Em vez de trazer castigo
Já estou sentindo perigo:
Dor no meu corpo não falta
Enxaqueca e pressão alta
Estão acabando comigo.
A minha alimentação
Tem que ser bem natural:
Comida com pouco sal
Porque sofre hipertensão
Pra não subir a pressão
Duro regime convém
O milagre pra mim vem
Curai a vida gemida
De quem saúde não tem.
Estou como a ave
sem ninho
A procura de agasalho
Estou como a flor
sem orvalho
Rolando em sujo caminho
Um jardineiro sozinho
Sem ter da rosa o odor
Só o pinho gemedor
Seus acordes me distrai
Sou órfão de mãe e pai
Sentindo tristeza e dor.
No Rio Grande do
Norte
Morreu papai e
mamãe
Do meu coração não sai
Esta dor tirana e forte
Quem protegeu minha sorte
Jesus tenha piedade
Eu sofro essa orfandade,
Se ninguém não me consola
Deixe eu cantar na
viola
Amor, tristeza e
saudade.
Cantei a grande beleza
Dos raios dos horizontes
Bebi água em muitas fontes
Desta grande natureza
Hoje eu vivo na tristeza
Como pássaro na gaiola
Se canto ao som da viola
Já fui consolo de
tristeza
Tristeza não me consola.
Mas não condeno a escola
Do cantador
violeiro
No Nordeste brasileiro
Ser cantador me consola
Cantando ao som da viola
Ganhei o pão com dureza
Quando não dava a
despesa,
Minha viola
gemia...
Parecendo que sentia
A dor de minha tristeza.
Me criei gozando os climas
Dos chapadões nordestinos
Mas cantar foi meu destino
Com os campeões das
rimas
Lourival Batista
e Dimas
E Otacilio seu
irmão
Zé Milanez e Azulão
Patrícios e
conterranêos,
Foram os meus contemporâneos
Nas cantigas do sertão.
Meu nome é Manoel
Macedo,
Rio Grande é minha
terra
Nasci no pé de uma
serra
Não sei o que
diabo é medo
Sou firme, igual a
um rochedo,
Abaixo do
firmamento,
Não sou veloz como o vento
Nas correntes magnéticas
Mas tenho imagens poéticas
Dentro do meu pensamento.
Eu moro no Centro
Oeste
Na capital de Goiás.
Recordando os coqueirais
Da região do Nordeste
Sertão, litoral, agreste,
Com as margens do Potengi
No Nordeste
onde eu nasci
O potiguar canta glória
Das bravuras da história
Do bravo índio Poti.