domingo, 15 de julho de 2012

CONCUT , EDUCAÇÃO REFORÇA LUTA POR 10% DO PIB


Percentual mínimo garantirá melhorias na educação pública gratuita e de qualidade

Escrito por: Leonardo Severo, Luiz Carvalho e William Pedreira




Leão aponta que qualidade da educação e, consequentemente, da qualificação do trabalhador depende do aumento do investimento
Leão aponta que qualidade da educação e, consequentemente, da qualificação do trabalhador depende do aumento do investimento
Dos 2.602 delegados inscritos no 11º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CONCUT), 642 são representantes da educação, número que representa 27,65% do total de participantes.

Ramo com maior representatividade no encontro – é também o que trouxe a maior quantidade de mulher, 53,89% –, a Educação reforça no encontro a necessidade de a CUT manter a mobilização por uma bandeira fundamental não apenas para os trabalhadores do setor, mas para o desenvolvimento sustentável do país: o investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no ensino público, gratuito e de qualidade.

O presidente da CNTE, Roberto Franklin de Leão, esclarece que os mais de 2,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras da educação básica pública reunidos na Confederação têm se empenhado para a aprovação, definitiva, dos 10% do PIB para a educação, bem como da aplicação da Lei do Piso Salarial Nacional do Magistério, que continua sendo sabotada por parte dos governos estaduais e municipais.

Num país em que continua havendo escolas até mesmo sem luz, ressalta, os 10% do PIB potencializariam a qualificação dos profissionais, valorizando um  serviço público essencial para a plena realização de homens e mulheres a partir da ampliação do seu conhecimento e da sua capacidade de contribuir, individual e coletivamente, para o desenvolvimento nacional.

Atualmente, frisou Leão, quase a metade da população brasileira (45%) não concluiu o ensino básico, 14 milhões de pessoas são analfabetas literais e outras 30 milhões são consideradas analfabetas funcionais. “O avanço tecnológico, a universalização do acesso, a qualificação profissional dos trabalhadores em educação e a qualidade da educação também dependem deste novo patamar de investimento público”, enfatizou.

Leão alertou ainda para o “perigo muito grande” representado pelo avanço do capital estrangeiro na educação, “o que compromete a existência do país enquanto nação e povo independente”. “Essas empresas transnacionais trazem para dentro do Brasil valores que nada têm a ver com a nossa cultura, com a necessidade de termos uma ciência e tecnologia nacional que nos permitam avançar de forma soberana”, declarou o presidente da CNTE.

Diante disso, ponderou, “é preciso regulamentar o ingresso do capital estrangeiro nesta área estratégica, lembrando que hoje já mais de 70% da educação encontra-se nas mãos da iniciativa privada, que não tem nada a ver com as necessidades do nosso país e do nosso povo”.
Anisio ressalta importância da lei do piso também fixar jornada para trabalhador da educação
 Anisio ressalta importância da lei do piso também fixar jornada 
 
 
para trabalhador da educação
O presidente da Apeoc (Sindicato dos Servidores Públicos de Educação e Cultura do Ceará), Anísio Melo, falou sobre a batalha que tem sido a aplicação da Lei do Piso. Além de fixar um vencimento básico para a carreira, esclareceu, a Lei estabelece um mínimo de 1/3 da jornada para atividades extraclasse – como preparação de aulas, formação, correção de provas, etc. “Infelizmente, o Ceará reproduz o mesmo cenário nacional: sofre a ação articulada dos gestores, que a descumprem”.

Em relação ao valor mínimo de R$ 1.451,00 para 40 horas no ensino médio – que deveria ser segundo a CNTE de R$ 1.936,00 – temos conseguido avanços importantes. Em contrapartida, disse Anísio, o governo estadual não distribuiu essa aplicação nos outros níveis de carreira, fazendo com que a diferença entre o nível médio e superior seja de apenas 5%, “e o piso acabou virando teto”.

Após 63 dias de greve no Ceará, recordou o presidente da Apeoc, “garantimos através de lei estadual, que conquistamos em dezembro de 2011, o aumento da parcela mínima do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) no salário dos professores. O percentual do Fundeb para os salários que por lei é de 60%, foi alavancado no Ceará para 77% em 2012 e 80% a partir de 2013. Os recursos para a manutenção das escolas e recuperação de equipamentos, que também são fortalecidos pelo Fundeb, ressaltou, serão agora complementados por outras rubricas orçamentárias, o que fortalecerá ainda mais o ensino público, garantiu Anísio.  

Democracia no Congresso

Cada vez mais amplo e mais paritário, o CONCUT reflete uma mudança no movimento sindical. Do total de delegados inscritos, 1348 (58,05%) são homens e 974 (41,95%), mulheres.

Após a educação, os ramos com maior número de representantes são o rural, com 344 participantes (14,81%), e a administração pública, com 289 delegados (12,45%), e financeiro, com 174 (7,49%).

Entre os delegados credenciados, São Paulo lidera com 513 participantes (22,09%), seguido por Rio Grande do Sul, com 195 delegados (8,40%), Pernambuco, 151 trabalhadores (6,50%), seguidos por Rio de Janeiro e Distrito Federal, com 142 (6,12%) inscritos cada.

A VOZ POÉTICA DE MACEDO - IN MEMORIAN

TRIBUTO A ADEMAR.
 
                       –Francisco Macedo/RN
 
A vida de Ademar é um sarau,
sem nenhuma poesia repetida,
razão desta homenagem merecida 
desde o primeiro ao último degrau.
 
Suas duas muletas são a nau
pelos mares revoltos desta vida,
para vencer qualquer uma corrida
sempre ao lado do bem, vencendo o mau.
 
Mesmo útero materno concebeu,
já nascemos, poetas, ele e eu.
Vigésimo e vigésimo primeiro.
 
Nas três vezes venceu a própria morte,
obrigado, meu Deus, por ter a sorte,
de tê-lo como irmão e companheiro!
 
fonte: mensagens de ademar - por e-mail.

ARTIGO DO JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ - NATAL/RN

COMO ESTÃO AS ENTRANHAS DE NATAL?

 
                                                                   
                                                                  
 
 
 
                        Quero lhe fazer um convite para, juntos, iniciarmos uma viagem mental. Quero lhe pedir também que você esqueça – nem que seja por uns breves momentos – seus problemas pessoais, seus cheques a cobrir, o título que está preste a ir para cartório, o desemprego que lhe assusta, até seus problemas familiares, para refletirmos sobre o meio ambiente de Natal. Quero que você vire suas lembranças para trás e rememore as condições que a natureza deixou de herança para Natal. Natal, linda cidade, brindada com rios, dunas, brisa suave, clima ameno, lugar bom para se viver, imune a cataclismos, terremotos, enchentes... Natal dos poetas (“em cada esquina um jornal”- lembra-se?). Natal do ar mais puro da América Latina. Ah, Natal... Tanto é bela e atraente que está cheia de gringos querendo encher-lhes os espaços com seus investimentos, sonhos, devaneios – e malandragens também. Muita malandragem.
                        Agora, quero chamar sua atenção para um detalhe importante: vamos traçar um paralelo entre a poluição das entranhas de Natal e a poluição das entranhas dos nossos políticos, dos nossos governantes, das pessoas que tiveram nas mãos os recursos e as condições políticas para não permitir a degradação ambiental de Natal e que, lamentavelmente, nada fizeram. Quero, junto com você, estabelecer a seguinte verdade: se o interior da nossa cidade está poluído agora é porque está poluído também o interior delas, as tais “expressões políticas”. Aliás, quero lhe propor uma sentença bem enfática: a poluição já habitava o interior delas muito antes da degradação ambiental atingir Natal em cheio. O mundo mudou bastante nos últimos tempos e os modelos administrativos seguiram as trepidantes mudanças que se processaram nos grandes aglomerados urbanos. E eles, na qualidade de líderes, acordaram para essa nova realidade?
                        Tendo na mão estrutura e recursos para pensar e agir diferente, de ousar em suas ações administrativas, porque não o fizeram? A realidade é que as entranhas de Natal estão apodrecendo – e os políticos não estão nem aí. Suas atenções estão voltadas para ocupação maior de seus espaços individuais, suas idiossincrasias mais evidentes, suas manifestações de insensibilidade mais visíveis. Os lençóis freáticos de Natal, suas nascentes, seus rios e córregos estão morrendo e não se vê, no meio político, nenhuma preocupação ou providência, nenhuma atitude para resolver esta questão. Da natureza não podemos reclamar, não é verdade? Natal é rodeada de dunas que funcionam como verdadeiras esponjas de armazenagem de água. Ao mesmo tempo em que armazenam, servem também de filtros naturais. Coroando toda essa bela engenharia ambiental, uma farta vegetação protege esse verdadeiro tesouro. Entretanto, o meio ambiente de Natal está trilhando um caminho de retorno quase impossível.
                         De todo esse aparato natural o que temos hoje? Águas que chegam ao interior das dunas já poluídas; lençóis freáticos contaminados por coliformes fecais e matéria orgânica em geral; lençóis profundos contaminados por nitrato oriundo da matéria orgânica maturada nas fossas e sumidouros; rios alimentados, a céu aberto, por esgotos infectos, enegrecendo o que a natureza nos entregou, há anos atrás, límpido e puro. Se a água – e todo conjunto natural que lhe cerca, como dunas, rios, córregos, matas, manguezais – é tão importante para a qualidade de vida de nosso povo, porque não criarmos o Plano Diretor de Águas de Natal? Um documento robusto, completo, voltado à cura das entranhas da cidade. Fica a sugestão. A solução seria trilateral: curaria a natureza, melhoraria substancialmente a qualidade de vida do nosso povo – e daria um novo direcionamento às catracas mentais dos nossos políticos. É sonhar demais?

fonte: por e-mail
                                               

COMBATE ÀS TREVAS III - CRÔNICA DE DOMINGO

 “(Meu querido menino, santos eram teus olhos,
 o Senhor da paz está contigo em óleo)” 
 
O tráfico existe porque há mercado. Se há mercado é porque o tráfico existe.
Parece lógica formal, mas não é. A sociedade está profundamente doente e não quer se dá conta desta afirmativa. Sob a bandeira É PROIBIDO PROIBIR é que chegou-se ao presente com poucas esperanças. No ambiente familiar, o álcool é incentivado desde muito cedo. Os jovens não sabem que,de cada 100, 10 desenvolverão dependência química – doença incurável que a cada dia destrói seres humanos, sobretudo os jovens. Fumar, beber e cheirar passam a ser “valores normais”.É considerado careta quem não adota estas práticas.Fui jovem, hoje estou maduro. Andei e conheci o céu e o inferno de Natal. Foram oferecidas todos os tipos de drogas e prontamente recusdas.Perguntavam sempre: “-você é careta?” “-Sim,” respondia com convicção . Para ser feliz ninguém precisa destes acessórios. Para ser feliz o ser humano precisa no máximo de “açúcar, afeto e o doce predileto”, conforme canta o camarada Chico Buarque. Para ser feliz é preciso ser feliz. E nada mais. O resto é tabela de co-senos e considerações de apreço ao senhor diretor.


 (*) É Escritor. Presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN. Recentemente perdeu um filho, morto por overdose de cocaína. 
 Cidade Verde, 15 de Julho de 2012

sábado, 14 de julho de 2012

AS MENSAGENS POÉTICAS DO ADEMAR MACEDO - SANTANA DO MATOS/RN

 
<<< Uma Trova de Ademar >>>
Inimigo do trabalho,
é meu primo, o “Paraíba;”
seu emprego é no baralho:
buraco, truco e biriba.
Ademar Macedo/RN
 
<<< Uma Trova Nacional >>>
Maria anda bem vestida.
Dizem que faz quase nada.
Tem roupas caras... que vida!
Mas só trabalha pelada.
Nilton Manoel/SP
 
<<< Uma Trova Potiguar >>>
Maroquinha, o teu gingado
está dando o que falar!
Talvez não seja pecado,
mas faz a gente pecar!
José Lucas de Barros/RN
 
<<< Uma Trova Premiada >>>
2009 > Nova Friburgo/RJ
Tema > CINQUENTÃO > 2º Lugar
Na sinuca, ela afobada
num jogo de sedução,
acertou uma tacada
no taco do cinquentão !
Adilson Maia/RJ
<<< ...E Suas Trovas Ficaram >>>
Há três coisas que a mulher
consegue fazer de um nada:
uma intriguinha qualquer, 
um chapéu e uma salada!...
Carolina A. de Castro/PE
 
<<<  U m a    P o e s i a  >>>
M O T E : Ademar Macedo/RN
Fiz a “pergunta” ao espelho
que para não me ofender
disfarçou, ficou vermelho,
e não quis me responder!
 
G L O S A : Lisieux/MG
Fiz a “pergunta” ao espelho
"existe mulher mais bela?
Dá-me aqui o teu conselho:
posso atuar na novela?"
 
O espelho, eu imagino 
que para não me ofender
buscou com cuidado e tino
uma forma de dizer...
 
E, coitadinho do espelho!
Fez rodeio, embaraçou-se,
disfarçou, ficou vermelho,
engoliu seco, engasgou-se.
 
Sem poder dizer-me tudo
e por mentir não saber,
ficou cego, surdo, mudo,
e não quis me responder!
 
<<< Soneto do Dia >>>
BENEDITO SALGADO.
 
                          –Joinvile Barcelos/RS
 
Vai às aulas e às feiras, lê, patina,
namora, odeia os militares. Tersos
os seus sonetos, nos jornais dispersos,
João dos Anzóis "pomposamente" assina.
 
Ama o truco, o bilhar, jogos diversos.
Ah! Viver no "xadrez" (que bela sina!!),
tendo ao lado uma cândida menina,
bons patins, bons autores e bons versos.
 
Vive alheio aos jurídicos assuntos.
Provas de exame nós "colamos" juntos,
eis por que ainda não levamos pau.
 
Prega aos calouros tímidos na Escola:
“não tenham medo, aqui tudo se cola”,
“Cola-se” até solenemente — “o grau!"

COMBATE ÀS TREVAS – II (A QUESTÃO DAS DROGAS)



Por Eduardo Gosson(*)

ANJO FERIDO


Para Fausto Gosson

“Não se pode ferir as asas de um anjo,
Mas o fizeram nas franjas da noite;
As ruas traem a quietude da casa,
A paz do Senhor é bandeira defraudada.
Não se deve dizer mais que herói é o homem
Com seus sonhos, seu vigor, espada e nome,
Se as fantasias de querer mais que o céu na terra
Tornam impura a estrada, dilui passos em quimeras.
(Meu querido menino, santos eram teus olhos,
O Senhor da paz está contigo em óleo)
Não fica impune o que rouba a inocência,
O barro de Deus é obra de Suas mãos.
Esta aliança não é perdida no azul do infinito,
Ainda que a mordida do tempo rasgue o manto.
Uma criança chora no pai que enterra a semente,
Mas ele tem a esperança de um dia ouvir o canto
“Do que hoje em letra e coração dorme eternamente.”
Alexandre Abrantes


O Estado no  Brasil e, em particular, no RN não tem uma política para tratar  os dependentes químicos. Senão vejamos  a situação dos três hospitais que “cuidam” do problema:
Hospital João Machado. Referência no passado em Psiquiatria, hoje está na contramão: projetado para atender as doenças mentais, atualmente os doentes mentais lá assistidos são em torno de 10%; os 90% restantes são dependentes químicos que lá permanecem por no máximo uns 15  dias até terem alta, ficando à-toa; os novos medicamentos para combater  a dependência,  não tem no menu, só há medicamentos básicos para as doenças mentais. Para completar o quadro, as mentes iluminadas da Secretaria de Saúde resolveram abrir novas enfermarias, misturando doenças mentais, dependência química e doenças comuns. É sabido de todos que um paciente com doença mental em crise pode fazer loucuras com os demais. Tenho pena de um diretor de um hospital nestes moldes: viverá sendo chamado pelo Ministério Público ou Conselho de Medicina para se explicar ou explicar o inexplicável.
Casa  de Saúde Natal. Do saudoso Severino Lopes, um pioneiro no tratamento das doenças mentais  é, ao nosso ver, o pior dos três, uma vez que é todo verticalizado, parecendo um campo de concentração. Praticamente, não tem área verde.
Clínica Santa Maria. Atendia ao SUS até recentemente, quando sérias denúncias fizeram com que a mesma fosse descredenciada. Se antes estava ruim, agora ficou pior. Já tive filhos internados lá por causa da dependência química. Pude constatar que os traficantes em motos  jogavam a droga por cima do muro. Tive certa vez a oportunidade de relatar para a senhora Marione, esposa do Dr. Agamenon Fernandes, proprietário da clínica. Solução imediata: mandaram subir em torno de um metro o muro, mas o problema continua porque diz respeito a todos nós.  Em vez de jogarmos o problema para debaixo do tapete, precisamos empreender um COMBATE ÀS TREVAS.
 Nos últimos 15 anos, na esfera municipal, foi criado outro modelo: CAPS, no rastro da antipisiquiatria,  que funciona precariamente. É a política do faz de contas. Partiu-se do velho modelo para um “novo” duvidoso. Tem estados da Federação que a turma do PT conseguiu colocar na Constituição do Estado, que a partir da Promulgação do texto legal, nenhum hospital psiquiátrico seria mais construído. Resultado: nem funciona o velho e o “novo”: estamos nas trevas.
(*) É Escritor. Presidente da União Brasileira de Escritores – UBE/RN. Perdeu recentemente um filho, vítima de overdose de cocaína.

fonte: por e-mail