NATAL – UMA CIDADE DE REMENDOS
Trafegando pelas ruas de Natal você se depara com um problema que poucos enxergam, mas que traz inúmeros prejuízos a todos os seus habitantes. Falo do pavimento que recobre as ruas da cidade. O asfalto de Natal, que tempos atrás era um dos itens positivos no tocante à malha viária da cidade, está todo remendado. Dificilmente você encontra uma rua com o asfalto em boa situação. O que você vê – e o que seu carro enfrenta, com as lógicas conseqüências decorrentes – é uma cidade com a grande maioria de suas ruas com o asfalto em péssimas condições de uso. Como ninguém reclama, os responsáveis pelo assunto no âmbito municipal vão também se acomodando, se acomodando, e o retrato que se observa da cidade é de um remendo só. Circular de carro em Natal é um exercício interessante: o corpo treme e o veículo sofre – além da conta. Em certos trechos já se observa que o capeamento perdeu, há muito tempo, seu tempo de vida útil. De tanto uso alongado, a mistura está se esfarelando, não resistindo mais ao constante passar dos pneus. E quando um novo buraco se apresenta, a providência imediata é providenciar mais um remendo. Parece que os administradores municipais estão sempre dando um tempo, com seus remendos, para a chegada de um novo tempo, que, enquanto não chega, é esperado com medidas paliativas, ou seja, com mais remendos. E de tanto vê remendo pela cidade inteira, comecei a meditar em torno de outras questões. Medita daqui, medita dacolá, e as peças vão se encaixando na minha mente. O que você constata, na realidade, é que Natal é uma cidade cheia de remendos. Remendos na saúde, na educação – remendos, remendos e mais remendos. Você vai se aprofundando nesse sentido, lendo os noticiários diários, sentindo e ouvindo as dores do povo, as suas mágoas, as suas desilusões, e vai concluindo que de inteiro temos atualmente muito pouco. Pouca coisa a comemorar. E que, na verdade, nossa vida está cheia de remendos. O meio ambiente é uma questão que vem sendo remendada; a saúde também, a educação idem, o sistema viário, a previdência, o nosso rendimento. Os temas de competência municipal, estadual e federal, todos enfim são tratados à base de remendo. Os remendos vão se constituindo em partes tão sólidas em nossas vidas que vão assumindo a condição de titularidade, de regra, quando deveriam ser tratados como exceção. De repente até os nossos sonhos vão ficando remendados, diante de uma realidade física que nos circunda cheia de remendos. Há remendos também nos valores. Existe no ar uma onda de relatividade em tudo, ensejando que o que era ontem não seja mais hoje. E o que não era ontem seja devidamente remendado para passar a ser atualmente. Por onde você anda o desencanto é a pedra de toque. A esperança está se esgarçando, se estendendo, se alongando – e, conseqüentemente, perdendo consistência. A incerteza se instala a cada momento de maneira mais forte no seu dia a dia. E para não perder o rumo de vez, você vai adotando os devidos remendos em sua existência. O emprego torna-se um baita de um remendo, ao invés de um sonho perseguido, buscado, trabalhado ao longo de boa parte de sua vida. Como não alcança o que quer, o que acalentou durante tanto tempo, você vai remendando sua vida profissional com uma ocupação que, na maioria das vezes, não preenche a expectativa que você criou. Mas fazer o que? Sobreviver é preciso! Volto os olhos para trás e vejo se exaurindo toda esperança de uma geração que está passando – e com a vida cheia de remendos. Homens e mulheres de talentos inaproveitados, inteligências dispersas, mentes privilegiadas caminhando para o ocaso. Olho para frente e vislumbro outra geração chegando, porém carregando nos ombros um tempo difícil, um tempo que requer força de vontade e determinação além da conta. Tomara que seja uma geração que resista aos remendos, que não faça dos remendos o caminho mais fácil para o encontro das soluções, para a superação dos seus problemas. Não é o que pensam os gestores municipais com seus remendos. Ah, os gestores municipais... O carro balança no enfrentamento do asfalto. Que tal procurarmos outro caminho? fonte: por e-mail. |
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
A EXPRESSÃO LITERÁRIA DO JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
IMPERDIVEL! SHOW DE VALÉRIA OLIVEIRA - CONVITE -
Os instrumentistas Roberto Taufic e Eduardo Taufic farão a abertura do segundo evento do Projeto Música No Ar no foyer do Teatro, às 20h. A noite continua com Valéria Oliveira que recebe a cantora carioca Joyce Moreno, o trombonista pernambucano Glberto Cabral e o Projeto Retrovisor (Ângela Castro, Krystal, Luiz Gadelha e Simona Talma). Valéria Oliveira apresentará um show especial permeado de boas lembranças no qual cantará músicas que marcaram sua carreira no Brasil e no Japão, trilhas compostas para espetáculos e Projetos como o Retrovisor e Sem perder o passo. Assim como no 1° Evento, os convidados cantarão com Valéria músicas de autoria da potiguar e ainda brindarão o público com canções de seus próprios repertórios. Venha conferir! Iluminação: Rogério Ferraz |
A VOZ POÉTICA DE CIRO JOSÉ TAVARES - BRASILIA/DF
A paz regressará
nos sons das cantatas,
na arquitetura
ondulante das colinas,
no verde dos vales e nos rios
murmurantes das planícies.
A paz advirá na pureza
das mãos festejadas de rosas,
na suavidade das manhãs
descobertas de pássaros
e nos plenilúnios sobre os tetos.
A paz retornará na forma humana,
mulher mesclada, anjo ou deusa,
transitando de finitos a infinitos.
A paz esteve ausente.
Contudo, regressará um dia,
viajando na mesma antiga voz
do meu poema sem vazios.
Ciro José Tavares in Voz Antiga
ACADEMIA FEMININA DE LETRAS E ARTES DE MOSSORÓ TERÁ 3ª EDIÇÃO DA AFLAM NA PRAÇA. - CONVITE
A ACADEMIA ESTARÁ PRESTANDO HOMENAGENS A ESCRITORA FLAUZINEIDE MOURA, NOSSA AMIGA NEIDINHA.
A RAUL SEIXAS BANDA CLUBE FARÁ SHOW NO LUAU LOCAU.
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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
A FESTA DE 82 ANOS DA E.E. MAURICIO FREIRE EM SÃO PAULO DO POTENGI/RN - PARTE 2
A EXPRESSÃO LITERÁRIA DO ESCRITOR CIRO JOSÉ TAVARES - BRASILIA/DF
O Silêncio das Águas
“About, about, in reel and rout
The death-fires danced at night;
The water, like a witch’s oils,
Burnt green, and blue and white.”
S. T. Coleridge, in The Ancient Mariner*
Não estranho este silêncio, é meu velho conhecido.
Há muito, antes da chegada, nele submerso,
fui o fogo que queima ao redor para isolar-se,
vento errático, companheiro de nuvens sem destino,
água de rio sereno que beija margens quietas,
quarto minguante, noturna claridade.
Silêncio inesperado antigo como outrora,
outra vez afundo nas sombras do teu corpo,
embaças meu olhar com fetiches das cavernas de Netuno
para, emudecido devorar-me no abandono.
*Girando ao redor da noite
O fogo da morte dança;
Como óleos de feiticeiras
A água ferve verde, azul e branca.
S. T. Coleridge na Balada do Velho Marinheiro