Um dia num sarau da Sociedade dos Poetas
Vivos e Afins – SPVA, ela apareceu na minha frente e falou: Oi como vai? E com
seu jeito direto e peculiar de ser, foi dizendo... então você e Geralda Efigênia,
ouço muito falar sobre você, e de pronto eu respondi, que bom, e brincando fui dizendo...
Falam de bem ou de mal? Ela riu... Ai perguntei: mas quem é você? Ela olhou pra
mim olho no olho e falou sou Lucia Helena Pereira, a poetisa das flores, eu sou
escritora, neta de Madalena Antunes, não tenho papa na língua. Caímos na risada, as duas. Achei interessante o modo dela falar... O tempo passou... Lucia
Helena e eu nos tornamos amigas.
Encontrávamos-nos saraus da SPVA, do
Conselho Regional de Odontologia, foi uma das pessoas que mais me apoiou quando
Presidente da SPVA, sempre ligava para conversar, e como conversava minha
amiga, falava dos filhos dela, do amor pelo neto, de Abel que é professor como
eu, e que não o conheço pessoalmente, mas o conheço pelos olhos da mãe. Do amor
pela vovó Madalena, que ela fazia questão de falar, e citar o nome dela em todas as suas
conversas, dos poetas, de Dudu (Eduardo Gosson) .
Minha Gê era assim, que ela me
chamava e, que me enchia de palavras cheias de afeto, me elogiava pelo amor que
ela dizia que eu sentia pela educação, e que a mesma admirava por eu não
mencionar que sentia sequer cansaço.
E como eu a admirava, e sentia que a
mesma também gostava de mim, me pegou pela mão e me apresentou a União
Brasileira de Escritores – UBE/RN, indicando meu nome para compor essa
instituição que hoje faço parte, também da diretoria. Ela queria que eu fosse
vista no meio literário e me apresentava com elevado orgulho, hoje tenho meu
nome no dicionário de mulheres do Brasil, graças a ela, a poetisa das flores.
Lucia Helena, amiga de cada uma das
pessoas que ela escolhia para compartilhar com ela seus momentos de alegria ou
tristeza, exemplo disso posso citar as pessoas que ela falava com orgulho por
serem suas amigas, a exemplo de Menga, não a conheço pessoalmente, mas essa era
uma pessoa que ela muito estimava, sempre nas nossas conversas ela citava esse
nome, Ceição Maciel pessoa que ela admirava Flauzineide, Zelma, Ceicinha e
tantas outras.
Enfim, o meu tempo sempre curto, não
me sobrava tempo para visita-la, mas a noite sempre recebia suas ligações, e
sempre falando das pernas cansadas, de seus sonhos. O amor pela terra que nasceu
o vale verde, Ceará Mirim bela, essa afeição por Ceará Mirim me impulsionou a
chama-la de baronesa, a baronesa de Ceará Mirim.
Mas a vida prega peças, e hoje tomei
um susto ao saber que a baronesa emudeceu, sua voz calou, que partiu rodeada de flores para o
encontro com Cristo na gloria, não tivemos tempo para despedidas, à morte é
assim, chega sem avisar sem dar tempo de despedidas, eu chorei... pois havia me acostumado com suas ligações noturnas, com seu jeito de dizer, eu quero falar, e você so escutar, e eu fazia isso muito bem, já que a mesma sempre me ligava. chorei muito pela minha fada madrinha.
Senti o meu coração pesado ao
receber a noticia da sua partida. A baronesa ainda era muito jovem, por isso
acho que sua partida para o céu foi prematura demais, o corpo tremeu e por um
momento não acreditei na noticia que havia recebido, passei o dia reflexiva, fiquei de luto, embora saiba que poeta não morre. A baronesa partiu, foi fazer
companhia à querida Anna Maria Cascudo, pessoa que ela nutria bastante
admiração e que por meio dela passei a admirar também. Acredito que nessa hora
estão à baronesa e Anna Cascudo a conversarem sobre a UBE, a Academia de
Letras, a AJEB ou então, uma declamando poesia para a outra. A minha baronesa
tornou-se uma estrelinha imortal nos corações dos que a amavam, dos seus amigos
dos seus anônimos que ela sentia prazer em ajudar.
Adeus Lucia Helena Pereira a
baronesa de Ceará Mirim, a LH, a poetisa das flores.