sexta-feira, 26 de agosto de 2011

HOJE - VOCÊ NÃO PODE PERDER!

Programação:

19:00h - Abertura com Deth Haak
19:30h - Poeta Xico Seridó
20:00h - Poeta Antonio Francisco
20:30 - Sarau coordenado por Tião Bezerra

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A EXPRESSÃO POÉTICA DE VIVI VIANA - SPVA/RN

Poema para minha Belinha

Voce partiu...
E a saudade que ficou
Ancorou
No cais do porto do meu coração
Que chora.
Você partiu ...
E obstruiu
As veredas
Que irrigavam os campos dos meus sonhos,
Sofri, chorei
E numa nau perdida
Sem bússola viajei.
Em devaneios fiquei
Sentindo em cada canto do nosso ninho
A essência impregnada do teu SER.



VIVI VIANA
Apodiense, escritora
arte educadora e um ser
humano maravilhoso,
iluminada e cheia de encantamento.

A EXPRESSÃO POÉTICA DE LEILTON LIMA

PHOBOS E A FLAUTA
Por Leilton Lima

Ouvi uma vez um som de flauta doce.
Música sensível, suave, distante...
Mas assim como veio, a música calou-se.
Deixou-me cativo daquele instante.

Os tempos passaram em idas e vindas.
E a vida me trouxe sorrisos e dores.
Semeei em meus sonhos as flores mais lindas.
Naveguei nas tormentas de muitos amores.

Coração sozinho sem rumo vagando.
No meio do nada voltei a escutar,
um som de magia se aproximando.
A flauta que outrora logrou me encantar.

Coração em festa, corri ao encontro
da melodia de luz que jamais esquecera.
Uns passos depois, me detive de pronto
diante daquela que minh’alma aquecera.

Sua pele luzia da lótus a brancura.
Sua boca inspirava o beijo mais puro.
Seus olhos espelhavam a perfeita doçura.
O amor do meu peito rompeu o escuro.

Mas não era livre minha doce amada.
Enquanto seus olhos me olhavam em segredo,
por pálido guerreiro ela era guardada.
Expunha na face o silêncio do medo.

Naquele instante eu tive a clareza
Que ali ia a flor que a dor despetala
Com todas as forças, com toda a certeza,
eu tudo faria para enfim liberta-la.

Assim vivo eu, nas noites insone,
em luta feroz contra o deus do temor.
A saudade angustia, o desejo consome,
quando estou distante da música do amor.

Mas quando me permite as forças da vida,
viver, vez em quando, a flauta que toca,
a certeza rebrota sorrindo, florida
e recito a promessa que o medo sufoca:

“Oh Phobos, que de Ares és filho!
Tu que tens o mal que a vida abrevia,
serás vencido pela força do brilho
do amor que encerra minha poesia.”

AMANHÃ SEGUNDA EDIÇÃO DA CESTA CULTURAL COM A SPVA/RN

Programação:

19:00h - Abertura com Deth Haak
19:30h - Poeta Xico Seridó
20:00h - Poeta Antonio Francisco
20:30 - Sarau coordenado por Tião Bezerra

A EXPRESSÃO POÉTICA DE CIRO JOSÉ TAVARES

Ciro José Tavares uma doce pessoa, uma pessoa doce, um brilhante ser um ser brilhante, um poeta, escritor nato, hoje seu aniversário, quero deixar aqui o meu registro de carinho e amizade. PARABÉNS!

Ciro José Tavares

“Somente através do tempo é o tempo conquistado”.

T. S. Eliot, in Burnt Norton

Não é sonho, estou ouvindo: Sou apenas uma lágrima.

Ruas sombrias da Ribeira mergulhadas nas saudades,

portas fechadas não respondem ao meu chamado

porque abandono toma conta e não tem voz.

Não é miragem ver conversa de silêncios nas esquinas,

Contando dos antigos que não regressarão.

Hoje, manhãs e tardes chegam anoitecidas,

a Ribeira sangra e quieta chora consolada

pelas preces na Igreja do Bom Jesus das Dores.

Não é sonho, ouço os lamentos da Ribeira:

Minha vida o rio Potengi entregou ao oceano

e apenas uma lágrima foi o que restou.

HOJE 25 ANOS SEM A PRESENÇA DO MEU PAI, POETA, CORDELISTA E SINDICALISTA JOSÉ MILANEZ.

PARECE QUE FOI ONTEM
E ENTRETANTO NÃO FOI
JÁ FAZ MAIS DE VINTE ANOS
QUE FIQUEI SEM SUA PRESENÇA PAPAI.

VINTE E CINCO ANOS UE FIQUEI
SEM ACALANTO, CURTINDO MUITA TRISTEZA
SOFRENDO MUITO ESSA ORFANDADE
NUNC PENSEI QUE SENTIRIA TANTA DOR.

MAS HOJE, ANIVERSÁRIO DE SUA MORTE
EU FICO AINDA MAIS SOFRIDA
E AS LEMBRANÇAS MAIS DOLORIDAS.

POIS ERAS UM PAI PRESENTE
QUE EM MUITO NOS ENSINOU, MUITO NOS AJUDOU
POR ISSO AINDA CHORO DE SAUDADES E DOR.

GENI MILANEZ: 25 ANOS SEM ZÉ MILANEZ /CORDEL

25 ANOS DAQUELE FÁTIDICO DIA.

Geni Milanez

Hoje amanheci triste
Meu espírito indisposto
Cheguei à repartição
Era um clima de sol posto
Uma grande dor senti
Ao marcar o “ponto” vi
Vinte e cinco de agosto.

Então eu compreendi
A razão do meu pesar
Respirei fundo e ali
Comecei a trabalhar
Mas um calor dentro em mim
Angustiando-me, sim!
Começou a aflorar.

Como nas cenas de um filme
Pus-me então a relembrar
Aquele terrível dia
Em que tive de amargar
Um ato desnaturado
Meu pai ser assassinado
Pelas mãos de um “caparrar”.

Faz vinte e cinco anos
Mas dele eu não esqueço
Seu exemplo me anima
Por isso tem alto preço
E ainda que me pisem
Orgulho-me quando dizem
Que com ele me pareço.

Currais Novos, Currais Novos
O teu solo ainda geme
O sangue de Milanez
Na profundeza inda freme
Pra isso não tem limite
Sei que ninguém admite
Mas a tua seiva treme.

Justiça Divina invoco
Com toda força do ser
Do meu pai eu sinto falta
E não quero nem saber
Do patife néscio e pífio
Intolerante estrupício
Que o empatou de viver.

A cultura sertaneja
Sente falta, está silente
A poesia também!
Ficou órfã. Anda doente...
Vítima deste canastrão,
Sem Milanez o sertão
Ficou feio e diferente.

Sua viola querida
Continua bem guardada
Desde que ele se foi
Por ninguém mais foi tocada
Sentindo a barbaridade
Com tristeza, com saudade,
Vive assim, desafinada!

Os seus filhos e seus netos
Inda sentem a mesma dor
Daquele fatídico dia
Que foi de mágoa e horror
Que sofrimento atroz!
Porque calaram a voz
E a lira do cantador.

O cantador do sertão
Que alegrava sua gente
Com as suas poesias
Sua música, seu repente
Com seu estro sem labéu
Hoje canta lá no céu
Mas pra nós está presente.

Foi mais um sindicalista
Que pelo povo falava
Reivindicando direitos
Pela classe ele lutava
Com desvelo sem igual
Ao trabalhador rural
Sua vida dedicava.

Mas com isso muita gente
Sentia-se incomodada
Num país capitalista
Defender pobre é piada
E nisso todos apostam
Pois patrões disto não gostam
Acham que é palhaçada.

Por isso era mal visto
Pelos “barões” do lugar
Que queriam a todo custo
À liderança afastar
E como não conseguiram
No ódio assim persistiram
E fizeram-no então calar.

Só fazia o bem a todos
À frente do Sindicato
Sofreu constante ameaça
E tolerou desacato
Mas nunca perdeu a calma
Ao “entregar” sua alma
Não deixou de ser pacato.

Num comum desiderato
Unia os trabalhadores
Alguns se enfureciam
E tornavam-se agressores
Num destempero infindo
Caluniavam e mentindo
Causavam-lhe muitas dores.

Viviam todos de “olho”
Nas ações do sindicato
Temiam não sei o que
Ou era ódio de fato
Queriam privar o pobre
Não de ouro nem de cobre
Mas do Conhecer exato.

O seu programa de rádio
Era bastante ouvido
Conscientizando a todos
Do que era garantido
No Estatuto da Terra
Sua bandeira de guerra
Por isso era perseguido.

O medo era muito grande
Milanez não se calava
Na defesa dos seus pares
No Sindicato lutava
Com denodo e ações
E contrariando os patrões
Que a eles explorava.

Nunca entendi o porquê
De tanta perseguição
Depois que o assassinaram
Acabou-se a dissensão
O Sindicato ‘inda existe
Creio que nunca desiste
Mas ninguém presta atenção.

Desde então o Sindicato
Encontra-se bem mudado
Descaracterizou-se
Anda desvalorizado
E a ninguém mais assombra
Dizem que nem é a sombra
Do que já foi no passado.

Milanez antes da hora
Teve que embarcar no “porto”
Foram só catorze anos
Enfim livrou-se do Horto
Motivo do triste fato
O temido Sindicato
Dizem que parece morto.

Hoje, o tímido Sindicato
Por ninguém mais é lembrado
Parece que nem existe
Foi por “eles” olvidado
Parecendo um quiasma
Dizem que agora é fantasma
Do que era no passado.

A sanha do assassino
Hoje deve estar contida
Pois a voz de Milanez
Por ninguém mais foi ouvida
Com tamanha intrepidez
Defendia o camponês
A razão da sua vida.

Esse inimigo gratuito
Deve estar satisfeito
Pois quando ouvia a voz dele
Enchia-se de despeito
Em verborréia falaz
Tinha uma inveja voraz
E planejava dar jeito.

E deu! De modo cruel
Com o seu ato covarde
Quatro tiros ‘inda ecoam
Ainda fazem alarde
No peito de todos nós
Numa retumbância atroz
Com veemência ‘inda arde.

Mas, Deus o Grande Juiz,
Tomará a providência
Cabível para este insano
Não usará de clemência
Pois é o Deus da Justiça
De verdade, essa premissa
Não muda na sua essência.

Assim nós acreditamos
Vamos esperar pra ver
Justiça divina – sim!
Terá de acontecer
Isso faz parte da lavra
Não matar, diz a Palavra
Na qual a prendi a crer.

Tinha que morrer um dia
Este é o nosso destino
Porém não daquele jeito
Pelas mãos de um cretino
Que para matar foi lesto
É por isso que detesto
Esse pérfido assassino.

Temos que nos conformar
Visto que somos mortais
Com tudo o que aconteceu
Nós já sofremos demais
Mesmo sendo inconformada
Adianta fazer nada?
Milanez não volta mais.

Não volta, mas seu exemplo
Pra mim continua vivo
Perpetuar sua história
Estou dando o incentivo
Sem canseira, sem dilemas
Seus discursos e poemas
Guardo-os num belo arquivo.

Sensível, minha saudade
O tempo nunca soterra
Mas os conhecidos dizem,
Certeza de quem não erra,
Com um jeito meio altivo:
“Tu és o retrato vivo
Que teu pai deixou na terra”.

Com isso fico feliz
Sinto-me até orgulhosa
E estou falando sério
Pois eu não gosto de prosa
Não são palavras a esmo
Para mim isso é o mesmo
Que uma menção honrosa.

Por estar lendo meus versos
Eu agradeço a vocês
Desculpem minha franqueza
Por dizer com altivez
Ele tem as mãos manchadas
De certo modo encharcadas
Do sangue de Milanez.

Um dia vai responder
Pela terra que encharcou
Com as suas mãos ferinas
E o sangue que derramou
Sem ter quem segure as pontas
Ele vai ter que dar contas
Pela vida que tirou.

Só Deus tem esse direito
Pois da vida é o Senhor
Quem tira a vida do outro
Não passa de usurpador
Dado o Direito Divino
Perfeito e genuíno
Do sangue é devedor.

Eis aí caro leitor
Toda essa conseqüência
Que um ato insano geral
Que dura experiência
Tive que passar na vida
Nunca será esquecida
Toda essa vil procedência.

Mas dei a volta por cima
E não vou deixar morrer
A história do meu pai
Já estou a escrever
E o assassino que se dane
Não tenha de sofrer pane
Para não se esquecer.

A sentença desejada
Ninguém pode embargar
É fiel e verdadeira
Isso não podem negar
Se é esta minha sina
Pela Justiça Divina
Faço questão de esperar.

Essa é precisa e não falha
Chegará no tempo certo
Dói em quem tem de doer
E isso é muito correto
É o que pensamos nós
Creio que não sou a voz
Da que clama no deserto.

A justiça humana é falha
A de Deus é verdadeira
Chega na hora exata
E por isso é de primeira
A justiça humana erra
E em cima desta terra
Muitas vezes faz besteira.

Dado o meu sentimento
Com ênfase eu repito
Este meu jargão de fé
É nele que acredito
Pedindo Justiça a Deus
Juntamente com os meus
Daqui eu mando meu grito.

Grito com fé no Divino
Ele vai fazer Justiça
Neste gesto genuíno
Insisto, invisto na liça.

Manejo o fogo do ódio
Investindo no perdão
Lamento. Pois não consigo
A dor vem do coração
Não é fácil esquecer
Eu não posso pretender
Zerar essa condição.
Geni Milanez,Cerrocoraense,
Funcionária Pública Federal,
Professora da Rede Pública Municipal,
Pós-graduada em Letras pela UFRN,
Poetisa, Cordelista, Sonetista, Contista,
Escritora.