quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A EXPRESSÃO POÉTICA DE LEILTON LIMA

PHOBOS E A FLAUTA
Por Leilton Lima

Ouvi uma vez um som de flauta doce.
Música sensível, suave, distante...
Mas assim como veio, a música calou-se.
Deixou-me cativo daquele instante.

Os tempos passaram em idas e vindas.
E a vida me trouxe sorrisos e dores.
Semeei em meus sonhos as flores mais lindas.
Naveguei nas tormentas de muitos amores.

Coração sozinho sem rumo vagando.
No meio do nada voltei a escutar,
um som de magia se aproximando.
A flauta que outrora logrou me encantar.

Coração em festa, corri ao encontro
da melodia de luz que jamais esquecera.
Uns passos depois, me detive de pronto
diante daquela que minh’alma aquecera.

Sua pele luzia da lótus a brancura.
Sua boca inspirava o beijo mais puro.
Seus olhos espelhavam a perfeita doçura.
O amor do meu peito rompeu o escuro.

Mas não era livre minha doce amada.
Enquanto seus olhos me olhavam em segredo,
por pálido guerreiro ela era guardada.
Expunha na face o silêncio do medo.

Naquele instante eu tive a clareza
Que ali ia a flor que a dor despetala
Com todas as forças, com toda a certeza,
eu tudo faria para enfim liberta-la.

Assim vivo eu, nas noites insone,
em luta feroz contra o deus do temor.
A saudade angustia, o desejo consome,
quando estou distante da música do amor.

Mas quando me permite as forças da vida,
viver, vez em quando, a flauta que toca,
a certeza rebrota sorrindo, florida
e recito a promessa que o medo sufoca:

“Oh Phobos, que de Ares és filho!
Tu que tens o mal que a vida abrevia,
serás vencido pela força do brilho
do amor que encerra minha poesia.”

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