A VOZ POÉTICA DE GENI MILANEZ
CORDELISTA MEMBRO DA ACADEMIA
DE LITERATURA DE CORDEL DO RN.
Caía
uma chuva fina
Estava
tudo alagado
E o
trânsito engarrafado
Numa
infindável rotina
O
transtorno da neblina
Aumentando
o lamaçal
Que
já é coisa normal
Nas
ruas que só tem barro
Quase
que perdia o carro
Num
buraco de Natal.
Tempos
atrás na cidade
Era
tudo organizado
Canteiro
arborizado
Tudo
limpo e bem tratado
Mas
isso agora é passado
O
descaso é total
Sujeira
agora é banal
Lixo
tem em todo canto
Nunca
se tropeçou tanto
Nos
buracos de Natal.
Onde
está a providência
Para
esta inoperância?
Ou
existe concordância
Que
tenham a consciência
Que
votaram muito mal
Eu
nunca vi coisa igual
Desde
que aqui cheguei
Dez
vezes já me atolei
Nos
buracos de Natal.
Onde
estão os Edís
Pra
defender o povão?
Ludibriado,
enganado
Desde
a última eleição
Mas,
cadê a punição,
Pra
esse ato ilegal,
Digo
até imoral
De
fazer corrupção?
Deve
estar no fundão
Dos
buracos de Natal.
A
população doente
Vai
ao Posto de Saúde
Mas
logo se desilude
O
fracasso é evidente
Não
tem um médico presente
E se
tem atende mal
Não
pode atender legal
Pois
falta tudo no Posto
Então
se guarda o desgosto
Nos
buracos de Natal.
Tudo
em Natal funciona
Aos
trancos e barrancos
Tem
aqueles que são francos
Metem-se
na intentona
Defendem
a bonitona
Acham
tudo natural
Neste
caos fenomenal
Estão
se acostumando
E a
moral se enterrando
Nos
buracos de Natal.
A
borboleta risonha
Devia
estar no casulo
A
ela eu não adulo
Eu
sinto até vergonha
Acho
uma coisa bisonha
Bastante
desnatural
Querer
ser “pilar” e tal
Aqui
nesta terra mostra
A TV
dela não mostra
Os
buracos de Natal.
A
Ponta Negra no estio
Diariamente
mostrava
Areia
que acumulava
Ao
longo do meio fio
E
num discurso vazio
Do
outro falava mal
A
vigilância era tal
Naquela
administração
Porém
ninguém via, então
Tanto
buraco em Natal.
Os
buracos da tatua
Incomodam
o motorista
Mas
eu aqui dou a pista
Para
salvar nossa rua
Fique
cada um na sua
E na
eleição legal
Libertem
a Capital
Deste
fiasco sem par
Não
podem continuar
Os
buracos de Natal.
Isso
não é brincadeira
Isso
é coisa do capeta
No
meio da buraqueira
Motorista
faz careta
Mesmo
se for de carreta
Faz
manobra ilegal
Porém
aí se dar mal
Com
o apito do Guarda
Porém
ele se resguarda
Dos
buracos de Natal.
Natal,
Cidade do Sol
Está
é desgovernada
Que
está abandonada
Nota-se
até no Tirol
Esse
bairro do escol
Dizem,
não é mais o tal
Assalto
lá é normal
Não
se sabe até quando
Existe
gente ficando
Nos
buracos de Natal.
A
nossa jovem prefeita
É
bastante inteligente
Logo
ela fica doente
Quando
a coisa não se ajeita
Cria-se
uma suspeita
De
que está muito mal
E
notícias no jornal
É
constante aparecer
Mas,
não param de crescer
Os
buracos de Natal.
Desconto
meu prejuízo
Desabafando
assim
Todos
desculpem a mim
Por
fazer este juízo
Acontece
que é preciso
Inda
é pouco o arsenal
Pois
a Câmara Belial
Não
atendeu ao povão
Não
votou a cassação
Da
prefeita de Natal.
Isso
é democracia?
Respondam
vereadores
Pergunto
aqui aos senhores
Pra
que sua serventia?
Ouvir
o povo devia
Na
Câmara Municipal
Ali
não tinha rival
Queríamos
só ter direito
De
botar outro prefeito
Para
restaurar Natal.
Quero
indenização
Pra
esse meu prejuízo
Quero
que chegue conciso
O
dia da eleição
Com
a força da minha mão
Naquela
máquina legal
Mandarei
para o Nepal
Uma
corça sem ventura
Que
pula na prefeitura
Da
Cidade do Natal.