sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
AS MENSAGENS POÉTICAS DO ADEMAR MACEDO - NATAL/RN
<<< Uma Trova de Ademar
>>>
Para
alcançar o perdão,
não há fronteira ou entrave:
a porta do coração
não tem ferrolho nem chave.
–Ademar Macedo/RN–
não há fronteira ou entrave:
a porta do coração
não tem ferrolho nem chave.
–Ademar Macedo/RN–
<<< Uma Trova Nacional >>>
Neste sonhar em que vivo
da poesia cultor,
o teu desvelo é motivo
dos meus motivos de amor.
–Gilvan Carneiro da
Silva/RJ–
<<< Uma Trova Potiguar
>>>
Destilando hipocrisia
segue a tola humanidade
queimando a vã fantasia
nas fogueiras da vaidade!
–Ubiratan Queiroz/RN–
<<< Uma Trova Premiada
>>>
2003 > Amparo/SP
Tema > PEDRA > 3º Lugar
Ferem-me as pedras... Mas sigo
sem me curvar ao revés;
pois quando um sonho persigo,
nem sinto as chagas dos pés!...
–José Tavares de Lima/MG–
sem me curvar ao revés;
pois quando um sonho persigo,
nem sinto as chagas dos pés!...
–José Tavares de Lima/MG–
<<< ...E Suas Trovas Ficaram >>>
Partiste e chovia tanto!...
mas entendi na saudade
que a leve gota de um pranto
molha
mais que tempestade.
–Hegel Pontes/MG–
–Hegel Pontes/MG–
<<< U m a
P o e s i a >>>
Luzes
verdes e vermelhas
numa aurora boreal.
De manhã sai do curral
um rebanho de ovelhas,
fumaça por entre as telhas
numa aurora boreal.
De manhã sai do curral
um rebanho de ovelhas,
fumaça por entre as telhas
da
chaminé se levanta,
é mãe cozinhando a janta
depois que o dia anoitece
a natureza oferece
tudo quanto a gente canta.
–Júnior Adelino/PB–
é mãe cozinhando a janta
depois que o dia anoitece
a natureza oferece
tudo quanto a gente canta.
–Júnior Adelino/PB–
<<< Soneto do Dia
>>>
CRENÇA.
–Pedro
Ornellas/SP–
Eu creio em Deus, que tudo fez do nada,
Deus poderoso, sem princípio e fim;
Deus invisível, mas que, ainda assim,
tem existência certa e comprovada!
Eu creio nesse Deus, eu creio sim!
Sinto a presença Dele em minha estrada!
Creio em seu Livro, a diretriz sagrada
que vida eterna põe diante de mim!
E, crendo em Deus, autor da profecia,
creio em Jesus, que a minha crença guia
e que a maldade odeia e deixa exposta.
Sem essa crença, tenho refletido,
torna-se a vida um fato sem sentido,
uma pergunta que não tem resposta!
REESTRUTURAÇÃO NO PLANO DE CARREIRA DO MAGISTÉRIO FEDERAL FOI APROVADO PELO SENADO
O
Plenário do Senado Federal aprovou na última quarta-feira, 19, de forma
terminativa, o Projeto de Lei da Câmara nº 121/2012, que reestrutura o
plano de carreira e cargos do magistério federal, estabelecendo novas
regras de ingresso, requisitos para desenvolvimento e remuneração.
São beneficiados pela proposta os profissionais da educação básica, superior, profissionalizante e tecnológica da rede federal de ensino. A matéria segue agora para sanção presidencial.
Pelo projeto, os professores das entidades federais contarão com reajuste de salários variando de 25% a 40% em relação a março deste ano. Os reajustes ocorrerão em três parcelas, sendo 40% em 2013, 30% em 2014 e 30% em 2015. O texto antecipa de julho para março de cada ano a vigência dos reajustes.
O maior aumento previsto - de 40% - irá para o professor universitário titular com dedicação exclusiva, o que eleva o atual vencimento de R$ 12,2 mil para R$ 17 mil. Já um professor com doutorado recém-ingressado na carreira passa a receber R$ 8,4 mil durante o estágio probatório e, após três anos, R$ 10 mil.
Nesta proposta estão reunidas em um único plano, as carreiras de magistério superior e magistério do ensino básico, técnico e tecnológico. Atualmente, elas pertencem a dois planos distintos.
Os cargos isolados das carreiras do magistério, de nível superior, também serão dois: de professor titular-livre do magistério superior e de professor titular-livre do ensino básico, técnico e tecnológico. O projeto cria 1,2 mil vagas para o primeiro cargo e 526 para o segundo. No caso do ensino básico, técnico e tecnológico, o total de cargos criados será composto também por 354 cargos vagos hoje existentes.
Esses profissionais executarão atividades de ensino, pesquisa e extensão e ainda as de direção, assessoramento, chefia, coordenação e assistência na própria instituição. O ingresso nas carreiras de magistério ocorrerá sempre no nível e nas classes iniciais. O projeto, no entanto, prevê a possibilidade de promoção acelerada, após o estágio probatório e até determinadas classes, mediante a apresentação de títulos acadêmicos.
No caso dos cargos isolados de professor titular-livre, o ingresso se dará em classe e nível únicos, com equivalência remuneratória ao último nível das carreiras. O requisito de ingresso será a aprovação em concurso público de provas e títulos, no qual será exigido o título de doutor e 20 anos de experiência ou de obtenção do título de doutor, na área de conhecimento exigida no concurso.
Os servidores integrantes do novo plano terão como regra geral, cargas semanais de trabalho de 20 horas e 40 horas com dedicação exclusiva. A remuneração será composta de vencimento básico e retribuição por titulação, esta última variando conforme o nível de titulação ou de reconhecimento de saberes e competências (com informações do MEC/Senado Federal).
São beneficiados pela proposta os profissionais da educação básica, superior, profissionalizante e tecnológica da rede federal de ensino. A matéria segue agora para sanção presidencial.
Pelo projeto, os professores das entidades federais contarão com reajuste de salários variando de 25% a 40% em relação a março deste ano. Os reajustes ocorrerão em três parcelas, sendo 40% em 2013, 30% em 2014 e 30% em 2015. O texto antecipa de julho para março de cada ano a vigência dos reajustes.
O maior aumento previsto - de 40% - irá para o professor universitário titular com dedicação exclusiva, o que eleva o atual vencimento de R$ 12,2 mil para R$ 17 mil. Já um professor com doutorado recém-ingressado na carreira passa a receber R$ 8,4 mil durante o estágio probatório e, após três anos, R$ 10 mil.
Nesta proposta estão reunidas em um único plano, as carreiras de magistério superior e magistério do ensino básico, técnico e tecnológico. Atualmente, elas pertencem a dois planos distintos.
Os cargos isolados das carreiras do magistério, de nível superior, também serão dois: de professor titular-livre do magistério superior e de professor titular-livre do ensino básico, técnico e tecnológico. O projeto cria 1,2 mil vagas para o primeiro cargo e 526 para o segundo. No caso do ensino básico, técnico e tecnológico, o total de cargos criados será composto também por 354 cargos vagos hoje existentes.
Esses profissionais executarão atividades de ensino, pesquisa e extensão e ainda as de direção, assessoramento, chefia, coordenação e assistência na própria instituição. O ingresso nas carreiras de magistério ocorrerá sempre no nível e nas classes iniciais. O projeto, no entanto, prevê a possibilidade de promoção acelerada, após o estágio probatório e até determinadas classes, mediante a apresentação de títulos acadêmicos.
No caso dos cargos isolados de professor titular-livre, o ingresso se dará em classe e nível únicos, com equivalência remuneratória ao último nível das carreiras. O requisito de ingresso será a aprovação em concurso público de provas e títulos, no qual será exigido o título de doutor e 20 anos de experiência ou de obtenção do título de doutor, na área de conhecimento exigida no concurso.
Os servidores integrantes do novo plano terão como regra geral, cargas semanais de trabalho de 20 horas e 40 horas com dedicação exclusiva. A remuneração será composta de vencimento básico e retribuição por titulação, esta última variando conforme o nível de titulação ou de reconhecimento de saberes e competências (com informações do MEC/Senado Federal).
fonte: agecom /ufrn- por e-mail
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
A VOZ POÉTICA DO ESCRITOR CIRO JOSÉ TAVARES - BRASILIA/DF
PATRÍCIOS e PLEBEUS
As cores da saudade estão fixadas num instante crepuscular sobre o rio Potengi, o eclipse das estrias vermelhas que se espreguiçam horizontais engolindo a terra que mergulha no começo da noite. Aqui prefiro lembrar as estivais tardes de domingos no esquecido estádio Juvenal Lamartine.
Nós, os abecedistas mais favorecidos e
As cores da saudade estão fixadas num instante crepuscular sobre o rio Potengi, o eclipse das estrias vermelhas que se espreguiçam horizontais engolindo a terra que mergulha no começo da noite. Aqui prefiro lembrar as estivais tardes de domingos no esquecido estádio Juvenal Lamartine.
Nós, os abecedistas mais favorecidos e
marcados pelas nossas raízes canguleiras, ficávamos na ala oeste da
arquibancada de madeira. Modestíssima Tribuna de Honra e a parafernália
radiofônica de Aluisio Menezes e João Neto nos separavam dos americanos,
com seus pavilhões e indumentárias cor de sangue, à direita. Quando o
vento vencia a duna coberta de verdes sentíamos o cheiro dos xarias
misturado aos gritos.
Na parte contrária à nossa, as gerais concentravam o coração alvinegro, a legião dos humildes, vinda do Canto do Mangue, Areal, Rocas e outros bairros, a pé, pendurados nos estribos dos bondes, morcegando caminhonetes, carroças ou na carona de amigos como Antonio Farache, capaz de duplicar a lotação do seu fordeco 1929 para vê-los vibrando com Albano, Tidão, Tico, Nei Andrade, Badidiu, Gonzaga comandados pelo “professor” Jorge Tavares, o “Jorginho”, sem dúvida o maior jogador da história do clube.
Acostados à mureta que demarcava o limite do gramado, esperavam pacientemente “esfriando o sol”, mal protegidos por chapéus de palhas, bonés encardidos, folhas de jornais, guarda-chuvas derrotados pelo tempo. Multidão sem nome, sofrida, apaixonada e que, por ironia do destino, acabou sendo exaltada, ao receber glorioso epíteto pela voz espalhafatosa e arrogante do fanatismo americano.
A cena é inesquecível. Para alcançar seu lugar na ala leste da arquibancada, “Chico” Lamas fazia o trajeto da provocação e Geraldo, o bilheteiro, não conseguia impedi-lo. Era grande, forte, caminhar bamboleante resultante das cervejas ingeridas. Nas imediações da Tribuna de Honra, olhando o outro lado, acenava e gritava: “Fala frasqueira da geral”. As respostas imediatas eram dedos médios estirados e palavrões quase inaudíveis. E o certo é que a frase repetida muitas vezes acabou, orgulhosamente, guardada nos nossos espíritos.
Recentemente o ABC deu grandioso passo na direção do futuro e ninguém merece mais esse estádio de Ponta Negra do que os indomáveis e resistentes integrantes da amada frasqueira. No moderno complexo esportivo inaugurado estão gravados sonhos atravessando nossa história, desde Vicente Farache, Enéas Reis, Salviano Gurgel, Gentil e João Ferreira de Souza, Felizardo Moura, Pedro Batalha, José Prudêncio, Aluízio Bezerra, José Gobat, José Petronilo, José Ferreira de Souza Sobrinho, Francisco Souza Silva e todos aqueles que não puderam assistir a manhã dessa realidade.
As campanhas dos adversários, enxovalhando homens e nomes, de nada adiantaram. Anos a fio, com o apoio sórdido e histérico da mídia vassala, tentaram humilhar nossa gente, vilipendiar diretores, definitivamente lançar o clube num abismo sem volta. E para surpresa e decepção dos inimigos, quebrados e cobertos de vergonha, estamos bem vivos.Continuamos a exalar pelos poros o indescritível cheiro dos chama-marés, recolhidos pelos nossos antepassados meninos nas margens do rio que nos viu o nascimento e hoje é a primeira lembrança da terra distante e a grande saudade que não me abandona.
Na parte contrária à nossa, as gerais concentravam o coração alvinegro, a legião dos humildes, vinda do Canto do Mangue, Areal, Rocas e outros bairros, a pé, pendurados nos estribos dos bondes, morcegando caminhonetes, carroças ou na carona de amigos como Antonio Farache, capaz de duplicar a lotação do seu fordeco 1929 para vê-los vibrando com Albano, Tidão, Tico, Nei Andrade, Badidiu, Gonzaga comandados pelo “professor” Jorge Tavares, o “Jorginho”, sem dúvida o maior jogador da história do clube.
Acostados à mureta que demarcava o limite do gramado, esperavam pacientemente “esfriando o sol”, mal protegidos por chapéus de palhas, bonés encardidos, folhas de jornais, guarda-chuvas derrotados pelo tempo. Multidão sem nome, sofrida, apaixonada e que, por ironia do destino, acabou sendo exaltada, ao receber glorioso epíteto pela voz espalhafatosa e arrogante do fanatismo americano.
A cena é inesquecível. Para alcançar seu lugar na ala leste da arquibancada, “Chico” Lamas fazia o trajeto da provocação e Geraldo, o bilheteiro, não conseguia impedi-lo. Era grande, forte, caminhar bamboleante resultante das cervejas ingeridas. Nas imediações da Tribuna de Honra, olhando o outro lado, acenava e gritava: “Fala frasqueira da geral”. As respostas imediatas eram dedos médios estirados e palavrões quase inaudíveis. E o certo é que a frase repetida muitas vezes acabou, orgulhosamente, guardada nos nossos espíritos.
Recentemente o ABC deu grandioso passo na direção do futuro e ninguém merece mais esse estádio de Ponta Negra do que os indomáveis e resistentes integrantes da amada frasqueira. No moderno complexo esportivo inaugurado estão gravados sonhos atravessando nossa história, desde Vicente Farache, Enéas Reis, Salviano Gurgel, Gentil e João Ferreira de Souza, Felizardo Moura, Pedro Batalha, José Prudêncio, Aluízio Bezerra, José Gobat, José Petronilo, José Ferreira de Souza Sobrinho, Francisco Souza Silva e todos aqueles que não puderam assistir a manhã dessa realidade.
As campanhas dos adversários, enxovalhando homens e nomes, de nada adiantaram. Anos a fio, com o apoio sórdido e histérico da mídia vassala, tentaram humilhar nossa gente, vilipendiar diretores, definitivamente lançar o clube num abismo sem volta. E para surpresa e decepção dos inimigos, quebrados e cobertos de vergonha, estamos bem vivos.Continuamos a exalar pelos poros o indescritível cheiro dos chama-marés, recolhidos pelos nossos antepassados meninos nas margens do rio que nos viu o nascimento e hoje é a primeira lembrança da terra distante e a grande saudade que não me abandona.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL TEM NOVA ACADEMIA DE CORDEL
Poetas e cordelistas da Grande Natal realizaram o 1º Encontro
Metropolitano de Cordel, sexta-feira, dia 14 de dezembro de
2012, no auditório do IFRN, Campus da Cidade Alta/Natal-RN.
Na ocasião
do Encontro, fundaram a Academia Metropolitana de Cordel,
e uma Diretoria provisória, ficando o poeta Zé Martins
como seu (Diretor Presidente), e os Cordelistas Abaeté, Hegos, Wilson Palá e Rousiene Gonçalves, membros fundadores também na diretoria.
Como Representantes dos municípios da Região Metropolitana, ficaram os
poetas Isaías Gomes, Cláudia Borges, Vera Lúcia, Tião Silvestre e Jadson
Lima.
Para os fundadores da referida
Academia, a cultura cordelista precisava de uma entidade de luta, que
defendesse os interesses do cordel, que hoje constitui um potencial para
o desenvolvimento turístico e cultural do Estado, e em especial, da
Grande Natal. O cordel carece de oportunidades e de atenção
institucional na formulação de políticas públicas.
Com a Academia, os
poetas passarão a ser representados junto aos órgãos públicos e às
empresas promotoras de culturas, para que possam usufruir de projetos
que virão beneficiar a categoria e a cultura popular.
O esboço organizacional da Entidade
recém-criada se configura de forma diferente das demais academias. A
começar pelos patronos que só passarão a existir, na medida em que os atuais
acadêmicos forem morrendo. Além disso, a Academia Metropolitana não
terá limite para ingresso de novos acadêmicos. Terá como uma das
instâncias deliberativas, o Conselho de Representantes, constituído por
10 poetas que representarão os respectivos municípios em que residem.
São 10 municípios que compõem a Região Metropolitana: Natal, Ceará-Mirim,
Extremoz, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Vera Cruz, Parnamirim, São
José do Mipibu, Monte Alegre e Nísia Floresta.
fonte: por e-mail
EMIR SADER: SOB O PODER DE TRÊS DITADURAS...
Pedro Carrano, no Brasil de Fato, sugestão do assalariado (http://www.brasildefato.com.br/node/11219)
“A luta essencial é entre mercado e direitos. A gente quer tirar do
mercado e colocar na esfera dos direitos e eles querem mercantilizar. A
linha demarcatória é entre neoliberalismo e antineoliberalismo”, define o
sociólogo Emir Sader, quando questionado sobre o que é ser de esquerda
nos dias de hoje.
Sader esteve em Curitiba para o lançamento de seu livro As Armas da
Crítica – Antologia do Pensamento de Esquerda (Editora Boitempo, ao lado
de Ivana Jinkings). Em coletiva cedida à imprensa sindical e de
esquerda, organizada pelo sindicato de professores estaduais
(APP-Sindicato), o que era para ser uma conversa pontual sobre um
lançamento tornou-se uma reflexão sobre a crise econômica e a disputa em
torno da manutenção do modelo neoliberal, por um lado, e as tentativas
populares de romper essa hegemonia; o que passa, de acordo com Sader,
pela questão de os movimentos sociais retornarem à disputa na esfera
política.
Brasil de Fato – Qual caracterização o senhor faz do atual momento da crise mundial?
Emir Sader – É inerente ao capitalismo a crise. Como
Marx reconheceu no próprio Manifesto Comunista, o capitalismo tem uma
extraordinária capacidade de transformação da realidade, mas não
distribui renda para consumir o que produz. Então, periodicamente o
Capital tem crises, que alguns chamam de superprodução e outros
subconsumo. A produção cresce e falta consumo, então o paradoxo é que
sobram mercadorias nas estantes. Ao invés de distribuir renda para
consumir, a crise manda embora trabalhadores e aumenta-se mais ainda a
crise. Só que o capitalismo achava que o mercado recompõe isso. Na
crise, as empresas que eles consideram fragilizadas, digamos, quebram e o
capitalismo retoma seu ciclo de crescimento, num patamar mais baixo,
mas mais saudável. Desta vez, não está acontecendo isso. Porque na fase
neoliberal do capitalismo, o que é hegemônico é a especulação e não a
produção.
Como se dá este embate no campo da política? A impressão é
que, na opinião pública, se polariza entre alternativas neoliberais e o
resgate do keynesianismo.
O grande diagnóstico dos dirigentes capitalistas quando terminou o
ciclo expansivo econômico anterior foi o de que a economia deixou de
crescer porque havia muita regulamentação e ‘muito Estado’. Então, é
preciso liberar a livre circulação do Capital, tirar as travas para que
circule. A grande norma passa a ser a desregulamentação, o
livre-comércio. Ao fazer isso, não vem um ciclo produtivo e expansivo.
Porque o Capital não é feito para produzir, mas para acumular, se ele
consegue isso na acumulação é para lá que ele vai. Então, em escala
mundial, há uma brutal transferência de capitais do setor produtivo para
o especulativo. Hoje, mais de 90% das trocas econômicas no mundo não
são compra e venda de bens, são basicamente compra e venda de papéis.
Ele [sistema capitalista] está numa fase particular, diferenciada. O
neoliberalismo não teve um ciclo produtivo porque na verdade canalizou
recursos para a especulação. A crise explode diretamente no sistema
financeiro, bancário. E a hegemonia de ideias é neoliberal. Estão dando
soluções neoliberais para a crise na Europa, estão jogando álcool no
fogo. Tanto que a Dilma jogou isso na cara da Angela Merkel: cortando
[direitos trabalhistas, previdenciários] só se leva a mais recessão e
desemprego. Essa é a interpretação dominante.
A outra [solução] é a da reativação keneysiana, um pouco o que a
América do Sul está fazendo. Algo óbvio. Na crise se investe mais em
políticas sociais, distribui a renda para aumentar a demanda. Como
fizemos em 2008. O que tem uma solução, do ponto de vista imediato,
anticíclica, funciona relativamente. Tanto que a América do Sul é um
polo de desenvolvimento ainda. Falta-nos a demanda deles, mas em outra
circunstâncias a crise seria avassaladora. Já existe uma multipolaridade
econômica mundial, pela integração regional, pela relação com a China, e
também pelo mercado interno de consumo. A visão crítica disso é que é
uma solução defensiva em relação à crise.
Se você não muda estruturas econômicas de poder, isso tem limites.
Nosso continente foi vítima das transformações mundiais negativas, como a
crise da dívida, ditaduras militares, governos neoliberais, e que
desarticularam a estrutura industrial, abriram aceleradamente a
economia, enfraqueceram o Estado. Então temos coisas paradoxais: os
produtos primários agrícolas e energéticos são prioridade na exportação
do comércio exterior, então exportamos soja e fazemos política social.
Melhor assim, mas de qualquer maneira é uma soja ligada ao agronegócio.
Então, temos limitações estruturais, porque a estrutura mundial ainda é
hegemonizada pelo neoliberalismo. Só tem saída com a integração
regional.
Houve o crescimento de renda nos governos Lula e Dilma, mas
isso não parece interferir na consciência de classe. O senhor poderia
comentar esse processo?
Essa é a maior disputa no mundo hoje. Os EUA são decadentes como
potência militar, política e econômica, mas a maior força deles é a
força ideológica. O modo de vida estadunidense é a mercadoria mais forte
que eles têm, que penetra na China, penetra na periferia dos pobres,
são valores determinantes, que ninguém compete com eles. No Brasil, não
se está gerando uma nova forma de sociabilidade, correspondente à
democratização econômica e social. Isso não está sendo acompanhado de
valores. Hoje o risco não é tanto o consumismo, mas quem é que
influencia os processos mesmo eleitorais? É a mídia e são as igrejas
evangélicas. O movimento popular está muito fragilizado no seu processo
de mobilização e também de difusão de ideias. São Paulo foi pega
desprevenida neste sentido. Vivemos três ditaduras que são os obstáculos
maiores: a ditadura do dinheiro, que é o capital financeiro, ditadura
da terra, que é o agronegócio, e a ditadura da palavra, que é o
monopólio da mídia, o que dificulta essa criação de consciência nova.
E qual o papel dos sindicatos, cuja atuação parece muito restrita aos
seus interesses econômicos? Difícil porque, nas grandes transformações
do mundo, os trabalhadores foram vítimas especiais, não só na esfera
produtiva, nas políticas de flexibilização laboral, que enfraquece a
base dos sindicatos, mas o próprio mundo do trabalho ficou
invisibilizado – parece que ninguém mais trabalha. A jornada hoje não é
de oito, mas de doze horas. Esse é o cotidiano das pessoas, que não está
em lugar nenhum. Não tivemos muitas gerações de trabalhadores a ponto
de gerar uma cultura operária no país, nem sequer na base, tampouco na
literatura. São poucas coisas. No mundo rural sim. Então, nas novelas da
Globo, que criam o imaginário nacional, o trabalhador não existe.
Então, o que ocupa as pessoas o tempo todo, que é o trabalho alienado,
não aparece, não está em lugar nenhum. Não está em editoria de jornal.
Quais são os espaços para essa disputa ideológica?
Mesmo sem financiamento público de campanha, o movimento popular
deveria eleger sua bancada no Congresso. Sei que não é fácil. Olhamos o
Congresso, há retrocessos ou se bloqueia avanços. O agronegócio tem uma
bancada fenomenal, e apenas dois representantes de trabalhadores rurais.
Quantos representantes os educadores têm no Congresso? Se tem, nem
sequer atuam como bancada. Já de donos de escolas privadas está cheio.
Hoje, uma estratégia insurrecional não é viável. A correlação de
forças mundial mudou, basta ver a situação de impasse na Colômbia, a
América Central se reciclou. Se os zapatistas e o MST militarizassem sua
luta seriam massacrados. Então, [a luta] é pela democratização do
Estado. É preciso penetrar no Estado, não de qualquer modo. O parlamento
é um lugar não só para ter líderes políticos e sindicais. Reclamamos,
com razão, que o governo nem colocou a lei de regulamentação da mídia em
votação, mas você acha que neste Congresso, formado por donos de meios
de comunicação, isso vai passar?
Como o senhor define o campo da esquerda hoje?
O capitalismo assumiu a roupa neoliberal. Veio de um modelo
keynesiano, de bem-estar social, para um modelo liberal de mercado. Essa
é a linha divisória. Ser de esquerda hoje, moderadamente ou
radicalmente, é ser antineoliberal. A luta essencial é entre mercado e
direitos. A gente quer tirar do mercado e colocar na esfera do direito e
eles querem mercantilizar. A linha demarcatória é neoliberalismo e
antineoliberalismo. Há movimentos que são gritos desesperados que não
encontram espaço na esfera política. Agora, diferente é o movimento dos
estudantes no Chile, que tem organicidade com os sindicatos, fazem greve
geral e levaram à quebra de legitimidade do governo Piñera.
Seria possível estratégias combinadas entre movimentos, partidos e governos?
A América Latina teve governos neoliberais na sua versão mais
radical. Na década de 1990 tivemos um período de resistência contra essa
hegemonia que era tão forte. Os movimentos sociais foram determinantes
nessa época. Depois, surgiram governos alternativos. Era a hora de
passar da resistência à disputa de hegemonia. Na época, a hegemonia
dominante no Fórum Social Mundial era a das ONGs, tanto assim que se
teorizou e os movimentos sociais entraram nessa sobre a ‘autonomia dos
movimentos sociais’.
Autonomia em relação a quê? A gente falava antes de maneira ampla em
autonomia em relação à burguesia e etc… Agora, autonomia em relação à
política? A ONG sim, nasceu como sociedade civil conquistada. Os
movimentos sociais entrarem nessa foi uma loucura. O movimento piquetero
acabou na Argentina. Os zapatistas buscaram emancipar Chiapas,
independente da luta política no México, são contra até o PRD e as
soluções moderadas, em nome da ‘autonomia dos movimentos sociais’. Isso é
algo pré-gramsciano. É não disputar a hegemonia. Então, foi fundamental
os movimentos bolivianos se reunirem. Derrubaram cinco governos na
Bolívia, criaram um partido para disputar a presidência, dando um salto
de qualidade. Quem está, mal ou bem, construindo um outro mundo possível
são os governos latino-americanos. O FSM devia ser o lugar onde os
governos com os movimentos sociais sejam os pontos centrais dessa
alternativa.
FONTE: Blog Vi o Mundo e www.janeayresouto.com,br
domingo, 16 de dezembro de 2012
FM UNIVERSITÁRIA: JORNALISTA GANHA PRÊMIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RN
O
jornalista Ednaldo Martins, da Universitária FM (UFM), ficou em
primeiro lugar na categoria radiojornalismo do Prêmio de Jornalismo do
Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte.
Com uma matéria especial sobre qual o papel do Ministério Público para a sociedade, Ednaldo buscou exemplificar as ações, atribuições e resultados do trabalho do órgão público entrevistando o procurador geral de justiça do RN, Manoel Onofre.
O Prêmio de Jornalismo do Ministério Público foi criado em 2011 e tem como objetivo estimular e prestigiar matérias veiculadas na imprensa que melhor apresentem para a sociedade o papel da instituição.
Na segunda edição, o Prêmio reuniu trabalhos de profissionais que atuam em Natal e no interior, nas categorias jornalismo impresso, telejornalismo, radiojornalismo e webjornalismo.
A comissão julgadora foi formada por integrantes do MP e jornalistas. Eles avaliaram a qualidade e a função social de cada trabalho, e, além dos trabalhos vencedores, a comissão concedeu menções honrosas a diversos profissionais da comunicação do Estado.
Com uma matéria especial sobre qual o papel do Ministério Público para a sociedade, Ednaldo buscou exemplificar as ações, atribuições e resultados do trabalho do órgão público entrevistando o procurador geral de justiça do RN, Manoel Onofre.
O Prêmio de Jornalismo do Ministério Público foi criado em 2011 e tem como objetivo estimular e prestigiar matérias veiculadas na imprensa que melhor apresentem para a sociedade o papel da instituição.
Na segunda edição, o Prêmio reuniu trabalhos de profissionais que atuam em Natal e no interior, nas categorias jornalismo impresso, telejornalismo, radiojornalismo e webjornalismo.
A comissão julgadora foi formada por integrantes do MP e jornalistas. Eles avaliaram a qualidade e a função social de cada trabalho, e, além dos trabalhos vencedores, a comissão concedeu menções honrosas a diversos profissionais da comunicação do Estado.
fonte: agecom/ufrn - por e-mail
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