quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
A CRÔNICA DE JOSÉ EDUARDO VILAR CUNHA - NATAL/RN
Urinol etílico
José Eduardo Vilar Cunha. (*)
Normalmente as quartas feiras se
reúnem no Iate clube do Natal para o almoço de confraternização, os
afiliados da Ágape, uma entidade recreativa sem fins lucrativos. Numa
quarta feira do encontro costumeiro, se assentavam lado a lado na mesa
posta para o almoço, muitos dos seus adeptos, quando de repente surgem
pela a porta principal, Affonsinho e Marcelo Morais que pareciam mais
com a dupla dinâmica Robin e Batman.
A conversa é o ponto alto do encontro e, diante de mim, estava num
animado papo, Affonsinho, que dizia que, na sua família havia nomes
muito estrambólicos e, começou citando: Minha avó se chamava Occidentina
e suas irmãs; Orientina, Ocasina, Poentina, Astrolina, Luina Marina e
Orizontina. Da mesma maneira com nomes estranhos eram denominados os
seus irmãos: Eraldim, Podalírio, Waldencolk e Trasíbolo. Entretanto,
todos eram designados por apelidos, o de minha avó Occidentina era
Picucha.
Durante o rango, Affonsinho relata acontecimentos que sucederam na sua
vida na década de 1950 e, com desembaraço foi narrando; primeiramente
que a sua avó Picucha tinha um belo sitio no Município de Caxias, RJ.
Durante o relato ele conta que, num certo dia, Picucha e seu irmão
Eraldim, apelidado de Peri, que era um exímio tocador de bandolim, os
dois, resolveram organizar uma feijoada para homenagear os músicos da
Velha Guarda, e dentre eles estavam: Pixinguinha, Donga, Nelson
Cavaquinho, João da Bahiana e Jacó do Bandolim. Todavia, para animar
mais a festa a avó de Affonsinho o convida e estende a invitacão aos
seus amigos e amigas, já que a feijoada era abundante.
A questão estava como ir para Caxias, contava Affonsinho, dado a
distância, mas, seu amigo Luciano Toscano “O Lucky” se prontificou de
conseguir um caminhão da firma João Fortes Engenharia, onde trabalhava.
Estava tudo combinado para o dia da festa, o caminhão deveria passar bem
cedo, em frente a sua residência no posto 6, bairro de Copacabana.
A
ansiedade tomava conta da turma de Copacabana, que nesse dia compunham a
algazarra os amigos: Hélio Nelson, Afraninho Guerreiro, Ezequiel
Ferreira, Abdiel Karin, Carlos Alberto, que tinha o apelido de Cabelo
Bom, Breno Capistrano, Edmundo Miranda e algumas namoradas. O alvoroço
aumenta quando surge o caminhão na esquina da rua, a euforia foi total e
no momento que o veículo para, a procura por um bom lugar foi acirrada,
na boléia, continuava lucky e na carroceria todo grupo se aboletava.
Durante o trajeto para Caxias o grupo cantava e brincava, todos estavam
animadíssimos com aquele acontecimento e, com a perspectiva de uma boa
farra, pois haveria um confronto entre a Velha Guarda que era composta
pelos músicos e Nova Guarda, o intuito era para ver quem bebia mais e
aguentava o tranco.
Ao chegar ao sitio, a rapaziada desembarca do caminhão ávida para
iniciar os trabalhos e partem logo para a coleta dos limões que foram
retirados do pé.
Com os limões já colhidos e com toda pressa, correm
para a cozinha, com as cachaças, o açúcar e gelo para confeccionar a
batida que, na época, não era conhecida como caipirinha. Todavia,
faltava um elemento, a jarra, foi então que Affonsinho pediu a sua
avó um recipiente para fazer a mistura. Ela então lhe disse que não
tinha mais nenhum recipiente, além dos que tinha utilizado na colocação
do feijão, das carnes, da farofa, linguiça, couve, arroz e que também
não possuía mais nenhuma panela disponível.
Eu aloprei, contou
Affonsinho, pois como é que iríamos enfrentar a batalha sem munição. Foi
então que a avó Picucha, disse: ”Peraí, tem em um penico”. Muito bem,
pensei, como ela era uma senhora de formas avantajadas achei que a peça
oferecida serviria para a finalidade a que se propunha. Tá legal vovó,
traz o penico. Realmente o urinol era grande o suficiente, e desta
maneira foi dado o início da confecção do precioso líquido.
Após
realização de diversas misturas e provas com os participantes, surge uma
dúvida que foi indagada: ”Vovó este penico é novo”? E ela respondeu:
Novinho, só usei uma vez, e está bem limpo. Naquela altura da bebedeira
não tinha mais jeito de parar, continuamos a usá-lo, com o maior gosto e
alegria.
No final da disputa etílica, entre a Nova e a Velha Guarda, conta
Affonsinho, o confronto terminou empatado, arriou um dos nossos, o
Edmundo e um deles o Nelson Cava-
quinho.
(*) Prof. Doutor em Engenharia, Jornalista escritor. Membro do IHGRN / UBE
veja mais em: www.ubern.blogspot.com
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
ENSAIO DO EDUARDO GOSSON - NATAL/RN
O
SENTIDO DA VIDA HUMANA
Qual
é o sentido da vida?
Pelo menos uma vez na vida você já fez essa pergunta. Para o filósofo romeno
Cioran não há sentido algum.... uma luta feroz para terminar em nada; voltar ao
não-ser através de um transporte de terceira classe: Um caixão quente, sem ar
condicionado, muita terra no rosto...
Por
esses e outras motivos é que há dois mil e quatorze anos surgiu JESUS de Nazaré, o maior de todos, trazendo uma boa-nova: a
Esperança. Foi, é e será um Pai bondoso que
com suavidade lhe diz o essencial da vida e, como todo pai, preocupa-se
com a sua prole :”De que adianta o homem ganhar todo o tesoura na terra e
perder a sua salvação?”
Você,
amigo
(a) com certeza ainda não pensou nesta questão?
Já notou que a nossa
viagem de volta é mais solitária de todas?
E mais: não levamos nada.
ENSAIO DO JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ - NATAL/RN
CIVILIZAÇÃO ENJAULADA
Certas
imagens – embora aparentemente sem importância – deveriam marcar a
paisagem profundamente. Mas não conseguem. A rotina diária, impregnada
de violência acontecente a todo momento, faz com que certos fatos
ocorram e sumam na poeira do tempo sem deixar rastro, sem nenhum
registro. Esse contexto, por sinal, se insere na luta da grande mídia em
selecionar o que acontece nos mais variados recantos para trazê-lo à
presença do expectador. E, apesar das modernas tecnologias à sua
disposição, e do batalhão de profissionais que emprega, inúmeros
episódios fogem ao foco da grande mídia. Frise-se, porém, que tais
fatos, embora não sofrendo registro, permanecem importantes,
impactantes, e cumprem o papel de expressar, de expor, para quem os
presencia, o modus vivendi das gerações de hoje. Em suma, coisas acontecem, muitos não tomam conhecimento – mas elas estão aí. Acontecem.
Essa introdução serve para trazer à tona o registro de um fato e de
como ele expressa o paradoxo de fazermos parte de uma nação dita
civilizada e que, ao mesmo tempo, produz episódios de pura selvageria,
coisa de deixar de queixo caído bárbaros de épocas pré-históricas. Para
demonstrar essa realidade, não precisamos nem nos apegar à espantosa
roubalheira que toma conta dos altos escalões da administração pública
em todas as instâncias. Basta, apenas, nos fixarmos no futebol. Por
sinal, em termos de imagem impactante, o futebol é cenário farto e rico.
E é uma imagem de um jogo de futebol – ou melhor, de seu final, que nos
deixa a refletir sobre o impacto que certas cenas deveriam causar e
como somem na fumaça da rotina e do anonimato. E, afinal, o que se viu?
Teve tiros, mortes, cenas em delegacias de polícia ou em emergências de
hospital? Não. Foi pacífico, então, o que se viu? Foi.
Então, onde está a estupefação, o queixo caído, os olhos arregalados?
Era fim de um jogo entre os times do ABC e do América, noite de uma
quarta-feira qualquer. De fora do estádio, dava para se ver o cortejo de
torcedores americanos em direção ao estacionamento e às paradas de
ônibus. E aí, o que chamou a atenção? Só havia ali, naquele momento,
torcedores de um time só. E os da outra agremiação, do ABC, onde
estavam? Enjaulados. Enjaulados? Isso mesmo. De fora do estádio, via-se o
frenesi dos que tratavam de ir pra casa, enquanto a outra torcida
permanecia trancafiada no interior do estádio. Alguns agarravam-se às
grades dos portões, como querendo apressar a saída, dando a nítida
impressão, a quem olhava de fora, de que algo de grave acontecera e que
fora necessária a retenção de alguns para o restabelecimento e a
manutenção da ordem. Engano. Nada de grave acontecera.
Explicação: aqueles torcedores não estavam presos, retidos. Porém, a
polícia e os administradores do estádio não se arriscavam a permitir que
as duas torcidas saíssem ao mesmo tempo. Elas não poderiam se
encontrar. Uau! Seria, digamos, uma medida de prevenção. Certamente,
baseada em fato anterior que levou as autoridades a adotar a cautela.
Que cena! Ali, presos – à espera de que os outros torcedores tomassem
seus destinos – estariam homens simples do povo, mas também, e com
certeza, magistrados, políticos, altos funcionários públicos,
jornalistas, médicos, advogados, professores, empresários... Gente de
poder, responsável, em grade parte, pelos destinos da cidade. Estranha
civilização essa em que tais pessoas, em função de uma paixão, se veem
na condição de bárbaros, de incivilizados, de irracionais – por não
poderem conviver com outros que nutrem paixão diferente. Enjaulados.
Uau...
A VOZ POÉTICA DO CIRO JOSÉ TAVARES - BRASILIA/DF
DO
AMOR
Ciro José Tavares.
Amo-te infatigável e
indefinidamente.
Amo cada fragmento do teu
corpo desolado.
Amo-te como amei
inesquecíveis putas brancas,
acolhido no calor do leito
de lençóis macios.
Amo-te como rios que beijam
margens e sem dizer adeus
passam sôfregos numa fuga
inconsolável,
ou como ventos outonais agitando árvores
e que veem nas ruas
sonolentas o esvoaçar das folhas secas.
Amo-te como amei dias
venturosos num tempo de loucuras.
Amo-te degradada, infeliz,
cristã, vazia sem ninguém.
Amo-te na pobreza e silêncio
inquietantes porque és pura e meu amor.
O POEMA DE EDUARDO GOSSON - NATAL/RN
DUBLIM E JAMES JOYCE
Para Conceição Flores
Dublim é muito longe
mas o amor de avó é maior do que as distâncias geográficas.
Dublim tem Michael
Joyce e Nora
a camareira que tornou-se sua esposa
Em Dublim não tem a luminosidade nordestina mas tem ULISSES.
mas o amor de avó é maior do que as distâncias geográficas.
Dublim tem Michael
Joyce e Nora
a camareira que tornou-se sua esposa
Em Dublim não tem a luminosidade nordestina mas tem ULISSES.
(Eduardo Gosson).
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