sábado, 25 de junho de 2011

Geraldo Amancio e Sebastião da Silva-mourao perguntado.

Xangai - Galope à Beira Mar Soletrado

ANTOLOGIA NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO JORNALISTAS ESCRITORAS DO BRASIL/AJEB

DRA HILDA AGNES HÜBNER FLORES COMEÇA A SE ARTICULAR PARA EDITORAÇÃO DA ANTOLOGIA NACIONAL DA AJEB.

DRA. HILDA AGNES HÜBNER FLORES

A Dra. Hilda Agnes Hübner Flores é professora da PUCRS, aposentada, historiadora, 16 livros editados. Pesquisadora temática de gênero. Em 1999 lançou o Dicionário de Mulheres, com 3.300 verbetes de autoras do Brasil , obra premiada, referencial da produção feminina no país.

A 2a edição do Dicionário de Mulheres foi autografado, com absoluto sucesso, no dia 02 de maio do corrente, no Teatro Alberto Maranhão, com inúmeras figuras brasileiras e do Rio Grande do Norte.

A mais recente obra autografada pela Dra. Hilda Flores, foi em Porto Alegre/RS: "Mulheres na Guerra do Paraguai", com absoluto êxito.

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QUAISQUER INFORMAÇÕES, ESCREVER PARA A DRA. HILDA FLORES O QUANTO ANTES:

HILDA FLORES- hildahflores@gmail.com
fonte: www.letrasecanaviais.blogspot.com

sexta-feira, 24 de junho de 2011

TRIBUTO A JOSÉ MILANEZ - MEU PAI

Há 24 anos assassinaram um repentista
Pela maldade que ainda reina entre os povos
O
Seridó e também toda Currais Novos
Choraram a morte do seu maior sindicalista
Saiu nas rádios, nos jornais e nas
tevês
Que uma bala emudeceu Zé
Milanez
Calando a voz, suas lutas e os seus
brilhos
Hoje ele canta lá do céu para seus filhos
e
Pra Nenzinha, na sua eterna viuvez.
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Poeta Ademar Macedo/RN

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José
Milanez...Símbolo de honestidade, humildade, resignação.
Foi feliz! Fez história... linda a sua
trajetória, sua maneira de ser.
Sua luta não foi em vão. Despertou consciências ajudou o irmão,
foi amado, admirado, invejado... provocou emoção! Deu poesias
e amor. Seu sonho: Um mundo mais justo para o trabalhador.
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Poetisa Darci Macedo/RN

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Meu pai, meu exemplo, meu
herói.
Autor da minha vida.
Inspiração de toda uma geração,
Poeta... mestre no repente,
na cantoria embalava sonhos,
alimentava corações!
No sindicalismo, homem de força,
garra, coragem.
Enfrentava tudo e todos em prol
do homem do campo
o trabalhador rural,
objeto de sua luta!
Meu pai, ceifaram a sua vida,
mais suas
ideias ficaram,
seus ensinamentos perpetuaram-se,
fez escola, fez
discípulos e fez memória.
Eu sou a sua
trajetória,
trago muito de ti.
.

Geralda Efigênia

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JOSÉ MILANEZ permanece vivo, pelo reconhecimento de seu trabalho, pela sua luta em prol
do Trabalhador Rural.

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ALGUMAS HOMENAGENS PRESTADAS.
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nome de Rua em Currais Novos/RN - Decreto nº 576 de 11/08/1987.
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nome de Rua em Cerró Corá/RN - Projeto de nº 03/88 de 23/03/1988 - autora Vereadora Ana Maria.
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nome de turma do Curso de Ciências Sociais da UFRN - 1988.
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nome do Projeto Editorial da Associação dos Anistiados Politicos do RN - 2004
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nome de troféu - embolada de cantadores - 1987
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nome de concurso da Associação Estadual de Poetas Repentista/RN - 2009

Tema de poema coletivo, no facebook - José Milanez: poeta da minha terra
autores: José Ivan Pinheiro, Francisco Cândido de Souza

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Muitas Homenagens, em prosa e verso.
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Cronica do Saudoso Monsenhor Auzonio de Araújo " intitulada: José Milanez, ontem levaram-no da vida"
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Folhetos (Literatura de Cordel)

Tico Teixeira
José Omar Ribeiro
Luiz Rodrigues de Souza
Salomão Martiniano Gomes - Salim Gomes
José Saldanha de Menezes
José Antonio de Melo
Expedito Jorge de Medeiros
Alice Eunice Dantas.
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Sarau Literário - Tributo a José Milanez pela Sociedade dos Poetas Vivos e Afins/SPVA-RN
2005

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POETA NÃO MORRE,
é um sol que se põe. A voracidade sangrenta do verme não te destruiu.
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Geni Milanez

TRIBUTO AO ESCRITOR BARTOLOMEU CORREIA DE MELO

TRIBUTO AO AMIGO BARTOLOMEU - POR ORMUZ BARBALHO SIMONETTI - PRESIDENTE DO INSTITUTO DE GENEALOGIA DO RN.

BARTOLOMEU CORREIA DE MELO
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI

TRIBUTO AO AMIGO BARTOLOMEU
Ormuz Barbalho Simonetti (*)



Nos últimos dias tenho lido e ouvido muitas histórias sobre o escritor, o pai de família, o poeta, o contista, o professor, o lutador obstinado, enfim o meu amigo Bartolomeu Carreia de Melo, o meu amigo Bartola. Por minha vez, quero deixar registrado apenas a história de nossa amizade, que teve seu começo num dia de carnaval.

Corria o ano de 1962 e ao entardecer do dia 7 de março, a Av. Deodoro se enchia de alegria. Apinhada de foliões, vestidos de rei, piratas ou de jardineira. Desfilavam, também, os tradicionais pierrôs, colombinas e arlequins, além dos conhecidos papangus, cobertos com trapos coloridos. Esses personagens perambulavam pelas ruas de então, num frenético vai e vem, alegrando e divertindo os espectadores que tomavam as calçadas ao longo de toda a avenida. Grandes máscaras com motivo carnavalesco pendiam presas aos postes de ferro que iluminavam a cidade daquela época, enfeitando o corredor da folia. Os pés de ficus benjamim, iluminados com lâmpadas coloridas e cobertos por serpentinas de todas as cores, davam uma visão lúdica aquele ambiente que se preparava para mais uma noite de folia.

Foi nesse ocasião que voltei minha atenção para um dos foliões que por ali passava. Aquela figura me chamou a atenção “pelo conjunto da obra”. Alto, magro, óculos fundo de garrafa, calças faroeste e camisa bem colorida, típica da ocasião. Com passos miúdos e arrastados, acompanhava no andar, a cadência que vinha das troças e bandinhas de frevo que passavam na ocasião. Usava um chapéu de abas curtas e no canto da boca pendia um cachimbo à moda Sherlock Holmes, de onde retirava, a todo instante, grandes baforadas de fumaça que enchiam o ar com o cheiro característico do fumo Bulldog, coisa muito chique para os padrões da época. Aquela figura era o amigo Bartola, que misturado a multidão acompanhava as inúmeras “troças” que enchiam a avenida. Não sei por que, mas nunca me esqueci daquela cena. Aquele dia ficou gravado para sempre em minha memória. Certa vez tive oportunidade de lhe falar sobre esse dia e demos boas risadas. Ele, naturalmente, não se lembrou da ocasião.

Daí por diante, passei a encontrá-lo com mais freqüência. Naquela época, nossa aldeia ainda muito pequena, as pessoas tinham mais facilidade de se conhecerem. Mesmo que não se cumprimentassem, sabiam de quem se tratava. Não obstante ser ele um conhecido professor, profissão que amou durante toda sua existência, logo fizemos os primeiros contatos. Por ser cinco anos mais velho que eu, via-o com certa reserva, pois quando se é jovem, esses anos significam uma considerável distância, principalmente no trato intelectual. Com o passar dos anos, essa diferença tende e se extinguir. Daí por diante passamos a nos encontrar pelas ruas da cidade, bares, sorveterias, cinemas e outros pontos, para onde convergiam os jovens daquela época.

Após sua formatura na UFRN, mudou-se para São Paulo onde fez mestrado em química, disciplina que elegeu para sua carreira profissional, só retornando a Natal, alguns anos depois. Como um abnegado e apaixonado pelo que fazia, passou anos a fio repassando seus conhecimentos a várias gerações de estudantes em nossa cidade. É difícil encontrar um colegial daquela época que não tenha tido o privilégio de um dia ter sido aluno do professor Bartola.

Na década de 80, voltamos a nos encontrar. Dessa vez, em virtude da amizade do casal Bartola eVerônica, com minha cunhada Glicia Galvão Damasceno, que também fazia parte do departamento de Química da UFRN. Desde esse dia, cresceu e se afirmou entre nós, o mais puro sentimento de amizade fraternal. Tive oportunidade de passar momentos em agradáveis conversas, onde a tônica era o humor. Nunca conseguimos conversas por mais de meia hora sem que surgisse uma piada ou uma história pitoresca que tivesse acontecido com alguém.

Na praia da Pipa, onde nos visitou por muitas vezes, passávamos horas escutando suas piadas. Quando se tratava dessa arte, era imbatível. Tinha na ponta da língua, uma anedota para cada situação que alguém abordasse. Se não as tinha, criava na hora, pois sendo inteligente e espirituoso, nunca perdia a oportunidade de dar boas risadas.

Certa vez, me deslocava pela Rua João Pessoa e ao passar na calçada do Centro Cearense, vi que Bartola caminhava bem à minha frente. Com passos largos e braços em franco movimento como se quisesse voar, andava com a cadência de um dobrado militar. Na sua frente, nessa mesma passada, também caminhava uma jovem senhora de quadris avantajado que balançava feito um pudim, ao sabor de suas firmes e elegantes passadas. Vendo aquela cena, não resisti. Apressei o passo e perguntei: “Bartola, prá onde você está indo??” E ele com aquele sorriso maroto respondeu de chofre: “eu vou aqui no vácuo dessa jamanta, até onde, não sei!”. Dito isso foi uma risada só, tanto dele como a minha e dos passantes que ouviram o diálogo entre nós. Assim era ele, espirituoso ao extremo e sempre pronto a provocar risos com suas tiradas maravilhosas.

De outra feita, quando ele estava internado na UTI do Hospital do Coração, onde convalescia de mais uma de suas constantes crises respiratória, tivemos o seguinte diálogo. Ao me aproximar do seu leito, ele olhou pra mim e com visível dificuldade na voz perguntou: Ormuz, você pensa quando vai respirar? Eu ainda surpreso pela pergunta respondi: Não! Ninguém pensa! Então ele me disse: pois eu penso. A todo instante eu penso se vou conseguir respirar mais uma vez. Foi aí que me dei conta de sua pergunta e entendi o sofrimento pelo qual ele estava passando.

Vendo meu constrangimento, deu mais uma prova de sua grandeza e de humor apurado, virtudes que manteve até o fim de seus dias, e relatou um acontecimento hilário. Contou-me que no dia anterior, a enfermeira cumprindo sua rotina de trabalho, chegou para medir sua pressão. E manteve o seguinte diálogo. - Bom dia seu Bartolomeu!. - Bom dia, essa menina. - O senhor dormiu bem? - Assim, assim! Após os movimentos característicos do tensiômetro, a moçinha, olha pra mim com ar de preocupação, e disse: seu Bartolomeu sua pressão esta muito alta!! E ele pra não perder a oportunidade, saiu-se com essa: também essa menina! Você fica o tempo todo alisando meu braço, e ainda não quer ela suba? Talvez esse diálogo na realidade nunca tenha acontecido, mas foi a maneira gentil que encontrou de me deixar mais à vontade e tornar mais alegre aquele ambiente de sofrimento.

Recentemente quando fundamos a ACLA – Academia Cearamirinense de Letras e Artes, fui convidá-lo para participar da Instituição, pois dela faziam parte grandes amigos de sua época de adolescente em Ceará-Mirim, todos ligados a arte e a literatura. Esses amigos se propunham a iniciar um grande movimento em prol da cultura daquela cidade. Novamente ele fez uso de seu humor, dizendo: “Ormuz, eu estou muito mais para patrono”- risos.

Era imbatível, mesmo nas piores situações que enfrentou durante todos os anos que lutou contra a doença devastadora que aos poucos lhe tirava as forças, mas não conseguia lhe tirar o humor, nem a vontade de viver. Sempre esteve pronto a transformar a dor e o sofrimento em esperança e alegria. Nesses últimos anos que lutou bravamente contra sua enfermidade, nunca vi em seus olhos o menor sinal de medo ou desespero. Pelo contrário, sempre o encontrei com um semblante sereno e pronto pra dar uma gostosa risada ao menor sinal de uma boa piada.

Por natureza, sempre foi um vencedor. Amigo de todas as horas nunca se furtou a ajudar aos que lhe procuravam. Quando me iniciei na literatura, já cinqüentão, como foi o seu caso, encontrei nele a força necessária de um grande colaborador sempre disposto a me ajudar, orientando-me para melhorar, cada vez mais, aquilo que me propunha escrever.

Quase que diariamente nos falávamos por telefone e com freqüência eu lhe visitava em sua casa. Durante esse período, jamais deixou transparecer qualquer sentimento de revolta em virtude de sua precária saúde ou o mais tênue sinal de medo do que estava por vir, pois sendo católico fervoroso sabia que o amanhã pertence ao Criador.

Perdi um grande amigo, e o país perdeu um excelente contista que fez história, pois conseguiu recuperar para sempre, grafada em suas obras, como: Lugar de Estórias, e Estórias Quase Cruas, com linguagem característica do caboclo do nordeste do Brasil, principalmente da regido canavieira do século passado.

Todos sabem que sua ausência será muito sentida. Entretanto, ficam presentes as boas lembranças guardadas no lado esquerdo do peito, como diz a canção.

Pipa, madrugada de 23 de junho de 2011.

__________________________________________________
(*) Escritor, membro da ACLA e Presidente do Instituto de Genealogia do RN.

www.ormuzsimonetti.blogspot.com



N O T A
Hoje completam 7 dias da partida do amigo Bartolomeu Correia de Melo. As missas serão realizadas em Ceará-Mirim as 9:00H na Igreja Matriz e em Natal na Igreja N.S. do Líbano à 18:00H.
www.letrasecanaviais.blogspot.com

quinta-feira, 23 de junho de 2011

DIAS CAMPOS - CONTO

NUNCA DESÂNIMO...

- Estamos aqui reunidos para tratar de um assunto de extrema importância e
máxima urgência! Um verdadeiro escolho aos nossos legítimos interesses. – Havia
apenas mais três integrantes nessa reunião. Por isso, a altiloquência da mediadora era
um tanto desnecessária.
- Eu detesto quando ela começa com essa “ladainha ufanista”. – Comentava
Marte com o parceiro da direita e a baixa voz.
- Ora, ora... Desde o último embate entre vocês, lá em Tróia, que você detesta
tudo o que diga respeito a Minerva. – Respondia Ares, o seu equipotente grego, no
mesmo tom e com picardia, relembrando ao deus da guerra sangrenta a derrota dos seus
protegidos, face à epopeica vitória dos exércitos resguardados pela deusa da guerra
justa.
- Quietos! A hora é de somarmos forças e não de nos dividirmos. – Cariocecus, o
deus lusitano da guerra, interveio e pôs fim à quase celeuma. Minerva continuou:
- A humanidade cada vez mais se une em torno do pacifismo... E isso tem que
ser revertido. Onde, o nosso proveito? Onde, o nosso prazer? – E a camarilha
concordava em uníssono.
- É notório que os movimentos a favor da paz estão se organizando dia a dia e
por toda a Terra. E, o que é pior, ampliam os seus tentáculos por meio das mais variadas
formas, indo de discursos empolgantes, passando pelas passeatas e chegando à solta de
balões brancos. – Prosseguia Minerva, em seu introito.
- Ora, não sei por que tanto alarido – desdenhava a divindade lusitânica. Quero
recordá-la de que nunca abandonamos os nossos postos. Aliás, lembra de Heráclito?
Pois não foi você, Ares, que bem soube deturpar a Luta dos Contrários, levando os
contemporâneos do filósofo e os que se lhes seguiram a justificarem a guerra, pois dela
resultariam a harmonia e a justiça?
- E olha que nem precisei de sacrifícios humanos para me estimular. – E os três
riram a breve tempo, lembrando os prisioneiros que, volta e meia, eram ofertados a
Cariocecus.
- Não questiono, aqui, os nossos feitos pretéritos – intervinha Minerva –, mas
coloco à prova o nosso futuro, a nossa sobrevivência! – De repente, o silêncio se
sobrepôs aos gracejos... e a circunspecção tomava conta das mentes beligerantes.
Passados alguns segundos, Marte questionou:
- E o que mais poderíamos fazer para atacar essa onda pacifista? O que sugere?
- “Uma grande parte dos males que atormentam o mundo deriva das palavras”,
disse Burke certa vez. Ora, lembrando que, na atualidade, praticamente não há mais
fronteiras para a literatura, já pensaram no malefício que faríamos se conseguíssemos
minar os espíritos de quantos tentam usar a palavra escrita em prol da paz? Ataquemos
os escritores, e o estrago se multiplicará.
- E por acaso essa ideia é original? Também quero lembrá-la, oh querida irmã,
de que jamais negligenciamos essa área do pensamento humano; tanto que bem
soubemos inspirar muitos autores. Aliás, já que hoje estamos para as citações, recordo o
americano Oliver Wendell Holmes: “A guerra é a cirurgia do crime. Por má que ela
seja, significa sempre a extirpação de qualquer coisa pior.” – Marte não perdia nenhuma
oportunidade de alfinetar a rival.
- E eu, o brasileiro Tobias Barreto: “Cada guerreiro que por nós combate é a ira
de Deus que se faz homem.” – complementou Ares, aderindo à zombaria.
- Sempre a impulsividade sobrepondo-se à racionalidade... Não quis fazer alusão
a esse ou àquele escritor, propriamente dito. Referia-me ao Concurso Mundial de
Cuento y Poesía Pacifista, e que, pelo que fui informada, ganha adesões a cada minuto.
- Esclareça melhor o seu plano, Minerva. O que você pretende realmente? –
Carioceus falava por todos.
- Eu explico: é notório que as palavras, sobretudo as escritas, sempre foram mais
fortes do que as espadas ou canhões. Chegam a milhões e se perpetuam na história. Ora,
indaguei a mim mesma, como contra-atacar os nossos inimigos e conseguir com que
sejam derrotados?
- Como?! – Perguntaram, a uma só voz, os três armipotentes.
- O segredo está em convencer-lhes os espíritos de que são incapazes de mudar o
ser humano. De que seus esforços, suas palavras serão sempre inúteis; uma luta em vão,
uma tola utopia. – Um leve sorriso, misto de maquiavelismo e prazer, formava-se
espontâneo nas fácies bestiais.
- Agora entendo aonde quer chegar, Minerva. Tratemos de convencer os
participantes de que são impotentes diante da beligerância inata dos mortais e esse
concurso será o maior fiasco de todos os tempos! – Era a primeira vez que Marte
concordava com a parenta.
- É claro!... Com isso, toda a Terra reconhecerá que, se até seus poetas e
prosadores deixaram-se levar pelo desânimo, do que valeria ao povo que os toma como
exemplos perseverar no ideal pacifista? – Ares somava-se em entusiasmo.
- Brilhante, oh deusa da guerra diplomática! É como eu sempre digo: as boas
ideias se revelam simples e eficazes. Sendo assim, proponho um brinde – e a potestade
lusitana levantava a taça –: ao malogro desse concurso!
- Ao malogro! – E beberam, e riram, e celebraram por toda a noite.
Era preciso agir rápido. Cada divindade ficou encarregada de atuar em uma parte
do globo. Marte, por exemplo, não abriu mão das Américas; Cariocecus, de toda a
Europa... Minerva e Ares não se opuseram e dividiram o restante de comum acordo.
No dia seguinte ao refestelo, e mesmo sob a viva lembrança de Baco que bem
lhes pesava ao raciocínio, os potentados partiram com seus exércitos rumo às casas dos
concursandos. E o cerco teve início, implacável, impiedoso...
- Ah, como é nobre a sua intenção. E quão bela a sua veia artística! – Comentava
Ares, consigo, junto a uma promissora poetisa. – Pena que tudo farei para tolher-lhe o
ânimo. Que tal...? as últimas investidas da Coréia do Norte? Lançam uns mísseis aqui,
outros ali... e a boa e velha Guerra Fria está mais viva do que nunca.
- Vejo que seu conto está prestes a acabar, pretenso aprendiz de best-seller. –
Sussurrou Marte, em tom desdenhoso, a um romancista consagrado. – Quem sabe eu
possa desencorajá-lo, enfatizando que o homem continuará a não dar ouvidos à história,
pois os campos de concentração, que pensavam estar para sempre enterrados, ainda
ardem nos corações bósnios, face ao extermínio perpetrado em Srebrenica?
- Nada como reinar aquém da Taprobana... – Cariocecus deleitava-se ao
regressar a Lisboa. Nunca se desapegara do seu antigo Condado Portucalense... –
Percebo vigor e idealismo neste jovem ensaísta. Seu currículo só tende a florescer.
Bem... que tal se eu o lembrar do comércio escravagista que os nossos patrícios
desenvolveram? Ou então... Dos arbítrios que seu avô salazarista cometeu? Certamente
essa breve retrospectiva o envergonhará e o desalentará, pois o levará a crer que os
mortais continuarão a se chafurdar no erro, século após século, mesmo que admitam a
história como uma espiral ascensional.
- Que otimismo na terceira idade! Não pensei que chegando aos oitenta e dois
anos ainda houvesse esperança dentro desse coração velho e cansado. Quer dizer que a
literatura infantil é o seu passatempo? Curiosa coincidência... pois o meu é, justamente,
desvirtuar a juventude! – Nunca viram Minerva tão pérfida! – Vejamos... Idade
provecta, vida sofrida... Pois eu pergunto, senhora, se tem tão pouco tempo de vida; se
viu guerras e até viveu comoções intestinas... será que ainda há tempo para ensinar algo
de bom aos pequeninos, pois, mais cedo ou mais tarde, engrossarão as fileiras de
soldados, revolucionários ou terroristas?
E os meses foram passando... A cada dia, os comandantes divinais eram
informados por seus generais sobre as investidas aos participantes do concurso.
Romancistas, poetas, contistas, sonetistas, ensaístas, novelistas... todos os que, com sua
arte, procuravam contribuir para a prosa ou para poesia pacifistas eram acossados das
mais variadas formas; nunca olvidando dos objetivos e dos meios traçados por Minerva.
E toda vez que o quarteto divino se reunia para avaliar a ofensiva, era difícil saber qual
deles cantava maior vantagem sobre o outro. Os semblantes, no entanto, camuflavam a
realidade dos fatos, escamoteando-os nos torreões do orgulho...
E o concurso continuava... e por mais que os deuses guerreiros afirmassem que
os resultados que obtinham eram satisfatórios, ou que os relatórios apresentados por
seus comandados fossem, como diziam, positivos, o número dos participantes não
diminuía; pelo contrário, mais e mais escritores se inscreviam!
- Eu não consigo entender o que aconteceu! – bradou Marte num arroubo de
cólera, pois que encantoado pela angústia. Mas antes que algum dos demais ousasse
uma justificativa, um general se aproximou e disse:
- Oh altipotentes, um nosso espião conseguiu uma cópia de um dos poemas
finalistas. Tentará nos enviar o outro, bem como o conto selecionado, assim que a
oportunidade lhe for favorável. – E o entregou à mentora belicosa.
Minerva estava trêmula e envergonhada; muito distante da genialidade que um
dia inspirara Odisseu a imaginar um grande cavalo de madeira... Ares, então, tomou-lhe
o papel e, em voz alta e pausada, começou a ler um soneto.
E a cada verso, em que se entrosavam perfeitamente decassílabos e alexandrinos,
mais um quê de originalidade, revelava aos demais que o esforço que tanto
despenderam, esse, sim, tinha sido em vão:
Um só caminho.
Em meu reino, de onde posso tudo ver,
conta bendita a que me doei,
só vejo a luz que de mim criei,
nunca desânimo, em que não quero crer.
E se muitos há que te levam a arder,
pecadores por quem sempre roguei,
avatares alhures enviei.
.
Segue-lhes os passos! Isso, sim, é viver.
Mas o homem insiste em se desviar...
e não se detém. Conquista; mata; erra.
Enloda-se no poder que o faz cegar.
Destarte, retorna ao pó pela guerra...
Mas, não duvides, nasceste para amar.
Faze, pois, o que te cabe! Paz na Terra!

7º BELÔ POÉTICO - 14 A 16 DE JULHO DE 2011, PARTICIPE




7º Belô Poético
14 a 16 de julho de 2011

Ações/Reflexões
Reflexões/Ações

Poéticas

no Universo
da Cultura Popular


Local: Sesc Laces JK
Rua Caetés, 603 - 3º andar

(Esquina com Rua São Paulo)

Belo Horizonte – MG

Exceto as atividades Sarau Lítero Musical e Exercício Poético de Cidadania, verifiquem local na programação.


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Inscrições Abertas até 30 de Junho de 2011

Valor da Inscrição: R$ 15,00 (Quinze Reais)

Como se inscrever:

Deposite o valor da inscrição na conta corrente do organizador do evento:

Rogério Salgado da Silva

Banco Bradesco - Agência: 081

Conta Corrente: 091915-2

Após o depósito enviar e-mail para inscricoesbelopoetico@yahoo.com.br informando nome completo, nome artístico (se houver), endereço, telefone, data e horário em que foi feito o depósito bancário (vide no recibo de depósito).

Obs.: Os Poetas En\Cena V e demais apoiadores que constam na programação estão automaticamente inscritos no 7º Belô Poético .

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Mais Informações:
(31) 3464-8213 - (31) 8421-6827