segunda-feira, 3 de março de 2014

DRA. TANIAMÁ CONVIDA






DISCURSO PROFERIDO QUANDO DO LANÇAMENTO DOS LIVROS[1]
09 de janeiro de 2014
AFLAM, Biblioteca Municipal e Fundação Vingt-Un Rosado
Local – biblioteca municipal
Profa Dra  Taniamá Vieira da Silva Barreto[2]
Boa noite!
Digníssimas autoridades: reconheçam-se todas nominadas e agraciadas; pois me sinto por demais honradas em tê-las neste momento histórico da minha vida.
Senhoras e Senhores: Numa legítima pretensão, não de homogenizar, mas de perceber o homem holístico, independente da sua posição na escala hierárquica da estrutura social, quero cumprimentar todos e todas de forma carinhosa e com os meus especiais agradecimentos, pela sua presença e seu compromisso com a cultura.
Parafraseando o provérbio chinês sobre a persistência[3]: A gota d’água, paciente e repetitiva, bate, pinga, cai e, na persistência, vence o mais forte.
É, companheiros e companheiras! Frente a repetição do frágil, o mais forte torna-se fraco.
Refiro-me ao frágil da ideia preliminar do Projeto que deu origem a estes dois livros.
E é justamente na fraqueza, mas, na plenitude da fortaleza que esse momento representa para mim, a transformação da frágil semente das ideias temáticas, na consistente fortaleza dos argumentos construídos em torno e sobre as teses, as antíteses e as sínteses aqui apresentadas e socializadas.
Sim, meus amigos, nestes livros estão as sínteses das significações e ressignificações de três frágeis; mas fortes ideias.
Ideias que assumi o desafio de transformá-las, coletivamente, com Ivanilza Nascimento, Marta Noberto e Socorro Gurgel, em um criativo e ousado projeto de produção e sistematização do conhecimento da área das Ciências da Religião.
Foram horas, dias e meses a fio na incansável e difícil missão de construir, a partir da frieza do conhecimento científico e metodológico, a face sensível da espiritualidade sagrada e do imaginário da leitura de temas do Ensino Religioso a saga de uma legendária Pedagogia que desafia e é desafiada a romper as barreiras da disciplina para alcançar a multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade da vida, do amor, da natureza e do ser em seu significado mais amplo, que é a Sagrada Pedagogia de Jesus.
Eis, meus amigos, o motivo da mistura de emoções que me invade neste momento, pela certeza do dever cumprido!
O tamanho da minha emoção parece ser em MAIOR proporção do que aquela que senti em 1982 quando publicava o meu primeiro livro de poesias: Contemplando os Céus.
 A emoção é mais intensa porque o nível de consciência é maior, por vários motivos:
Primeiro, por saber que é na minha família, por ela e para ela que a produção do conhecimento que produzo acontece.
O Segundo motivo, porque tenho na Academia Feminina de Letras e Artes (AFLAM) o compromisso com a minha imortalidade;
E o Terceiro, porque a ação coletiva desenvolvida durante a produção deste conhecimento ultrapassa o compromisso científico e técnico de uma orientadora com suas alunas, pois ela está comprometida com a fidedignidade da nossa cultura, da nossa prática religiosa e da nossa condição de sermos integrantes de um grupo de leitores sociais, com os pés fincados em um município, o de Mossoró, mas com o olhar na amplidão da dinâmica que é este nosso Estado, nosso País e o Mundo em que vivemos.
 Quando afirmo que estes livros são fruto de uma ação coletiva não é só porque foi escrito por quatro pessoas; mas sim, por eles significarem o resultado de um processo de trabalho especificamente ímpar.
Ao receber na minha casa estas 03 professoras solicitando a minha orientação para as dissertações do seu curso de mestrado, de pronto percebi o curto tempo para realizarmos as pesquisas e a fragilidade metodológica da grade curricular do citado curso, provocando nelas também esta característica.
Eis o grande desafio assumido: montamos um cronograma não só de orientação, mas de trabalho coletivo e de divisão de tarefas, em que orientandas e orientadora tinham os mesmos compromissos de produção de textos, por assuntos.
Nesse cronograma tinha as seguintes especificidades:
a)    Momentos de orientação coletiva orientadora e todas as orientandas, quando tratávamos de assuntos formativos sobre: metodologia, teologia, filosofia e redação e estilo na produção científica, bem como a avaliação dos trabalhos como um todo;
b)    Momentos de Produção independente em que cada uma, considerando suas habilidades, potencialidades e possiblidades produziam determinados textos temáticos que seriam discutidos e revisados com a orientadora, no caso a minha pessoa. Impõe esclarecer que os capítulos das metodologias, das Introduções, da tabulação e representação dos resultados da pesquisa empírica e da bibliografia ficaram sob minha competência;
c)     Momentos de orientações individuais em que orientadora / orientanda analisavam o que havia sido produzido e ressignificavam os conteúdos temáticos, inclusive, com a revisão linguística.
Eis o real sentido da partilha na produção do conhecimento e a efetividade do processo de trabalho, que agudizam a minha emoção por termos conseguido construir um conhecimento de tão magnitude, vez que todos os temas foram recomendados para publicação.
Desta minha experiência 03 outros livros estão em fase de construção e ressignificação, que serão lançados até o final de 2014.
Enfim, quero dizer que Pensar, Refletir e Escrever sobre a Teologia, a Pedagogia, o Ensino Religioso e o Sagrado de forma coletiva exigem uma aguçada sensibilidade e um imaginário que deem voo à criatividade sensível sobre o Transcendente. Significa ser cristão sensível e aberto ao pensamento do outro com respeito, sabendo colocar na letra a subjetividade da realidade, que se alicerça no vazio da ideia e na materialidade do significado da vida, da ciência, da cultura e da arte.
Então, obrigada minhas crianças grandes (Ivanilza, Marta e Socorro) por me proporcionarem tão preciosos momentos;
Obrigada ex-alunos e amigos por terem direta ou indiretamente, contribuído para o meu crescimento de ser e estar aqui.
Obrigada meus familiares que têm sido exemplo de oração e partilha, vivendo comigo a ação missionária, no terço e no ofício de Nossa Senhora a coluna de sustentação para sermos família e igreja doméstica.
Obrigada a você que me fez refletir e aprender a filtrar o que é significativo para o meu crescimento e a minha sintonia com Deus. Aliás, está escrito em Eclesiastes, capítulo 7, versículo 5: "Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a canção do insensato" ; pois, a repreensão do sábio nos faz crescer e entender o significado da vida.
Que a Pedagogia de Jesus nos faça entender o Sagrado nas nossas vidas, como caminho para assumirmos nosso projeto de responsabilidade social cristã!
Obrigada!


[1] POESIA E BÍBLIA: INFLUENCIA DO SAGRADO NA POESIA DE ANTONIO FRANCISCO – Profa. Msc. Maria do Socorro de Albuquerque Gurgel e Dra Taniamá Vieira da Silva Barreto
A LEITURA E O ENSINO RELIGIOSO: DIALOGANDO COM A PEDAGOGIA DE JESUS - Profa. Msc. Ivanilza Silva do Nascimento, Profa. Msc. Marta Noberto de Souza Aquino de Medeiros e Profa. Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto
[2] Escritora, Poetisa e Pesquisadora. Vice-Presidente da AFLAM. Autora de 05 livros e vários artigos científicos. Integrante do Conselho Editorial da Aflam em Revista, Consultora da Revista RENE, Co-autora da letra do Hino da AFLAM. Detentora dos títulos: Cidadã Mossoroense; Mérito na Saúde de Mossoró, Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), Fundadora e Presidente da Associação Francisca Viana de Messias (AFVM), Membro da comissão Organizadora da 1ª Semana Cultural de Mossoró e Mérito UERN. Doutora e Mestra em Enfermagem e Especialista em Educação Profissional na Área de Saúde pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É Professora Titular aposentada pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
[3] A persistência realiza o impossível.

domingo, 2 de março de 2014

MEU MAIS NOVO CORDEL - INSPIRADO NAS AÇÕES DO NEEPDH/SEEC



  VÍCIO QUE MATA

Aos jovens dessa nação
Atenção vou lhes falar
De uma temática em voga
Que esta em todo lugar
Falo da droga maldita
Que ai está pra matar.

Aqui como educadora
Do que falo consciente
Passando informações
De um mal hoje frequente
Que deixa o cidadão
Pobre, incapaz, dependente.

Droga é tudo que vicia
Vai te desestruturar
Acabando com vida
De quem costuma usar
Seja lá que droga for
Melhor nem experimentar.

Cigarro, álcool maconha.
O tal crack e muito mais
São as portas de entrada
Que deixa o cara incapaz
Fuja disso meu querido
São coisas de satanás.

Antes crack era o sabido
O intelectual o capaz
Agora é nome de droga
Mata ligeiro demais
Roubando-lhe a própria vida
Levando-te para traz

Crack quebra a pessoa
Deixando-o coro e osso
Esquelético e fedorento
Imbecilizado grosso
E assim atordoado
Vais ao fundo do poço.

A família é quem sofre
Por erro do submisso
Coitado sem consciência
Fica a mercê do seu vicio
Escravizado vencido.
Vivendo só para isso


A mercê dos traficantes
Esses sujeitos insanos
De mente mui assassinas
Que destrói seres humanos
Não se importam com ninguém
Executam os seus planos

Assassinos frios e cruéis
São os bandidos do tráfico
As famílias têm sofrido
Com esse tipo de prática
A  policia bem que tenta
Mas acaba sempre fracasso.

A lei para os traficantes
Estão bem inoperantes
Pois os bandidos políticos
Arranjam brechas pra tudo
Votando leis que asseguram
O bandido ficar impune.

As pessoas estão submersa
Num mundo sem Deus e sem paz
Buscam prazeres diversos
Ate o que não apraz
Encontrando  várias desculpas
Para a droga consumir

Estimular, acalmar
Ficar acordado, dormir
Emagrecer,  engordar
Esquecer, memorizar
Fugir ou enfrentar
Inebriar inspirar

Sentir prazer, ritual...
Aliviar dores, tensões...
Até angustias também
Aguentar situações
Tudo isso  tem valido
Para a droga poder usar.


Assim como podemos vê
Os motivos são diversos
Livre-se  enquanto pensa
Química não faz bem a ninguém
Brade bem alto dizendo:
Drogas? Vivo melhor sem elas!


Revisão técnica do cordelista Ed Santos
o poeta atleta da SPVA/RN

ARTIGO DO JORNALISTA FRANKLIN JORGE - NATAL/RN




ALUIZIO ALVES E A CULTURA
 Franklin Jorge
 Editor de Babélia [Página Única, Mossoró, 2006]

                  O jornalista Alberto Maranhão foi o primeiro dos nossos governadores republicamos a considerar a cultura um elemento indispensável à consecução de seu projeto de entrar para a História e assenhorear-se, como um grão-senhor - incentivador das artes e da criação de um personagem que se comprazia na valorização de uma plêiade de talentosos colaboradores capazes de produzir e justificar plenamente o ambicionado galardão aceito por toda a posteridade, sem questionamento, de “Mecenas” -- o príncipe que em Roma financiou e protegeu os artistas e deu-lhes encargos e desafios --, embora, a rigor, seu governo tenha feito menos do que deu a entender a todos que fez. Antecipando-se aos marqueteiros da nossa época, sabia o angicano que “a propaganda é a alma do negócio” e a versão, às vezes, mais convincente do que o fato; afinal os pósteros acatam sempre o que está escrito por autores de talento, exceções nesse mundo de mediocridades triunfantes que davam vida à sua resistência.  
                    A Lei de incentivo à cultura que leva o seu nome, sancionada em 1900, privilegiou apenas seus áulicos e clientes, mais especialmente aos seus irmãos, aparentemente dotados de talento, que passaram a viver a expensas dos cofres públicos, sem produzir nada de relevante para o enriquecimento do nosso patrimônio cultural global.
                  Mais de cinquenta anos depois do último governo de Maranhão, a partir de 1961, quando tomou posse no Governo do Estado, Aluízio Alves retomou essa ideia, agora focada num espectro mais amplo -- inserir o Rio Grande do Norte na modernidade; – o que incluía a produção cultural estagnada por anos de marasmo e conformismo. Fonte de onde emana o oficialíssimo encruado. A realização de obras infraestruturas, como a eletrificação do estado através da energia de Paulo Afonso, assinala efetivamente a entrada do Rio Grande do Norte no mundo moderno. Aluízio Alves criava as faculdades de jornalismo, ciências sociais e sociologia, escolas; livros e, coroando tudo isso, a criação da Fundação José Augusto, responsável pela implementação duma política cultural capaz de dar a Natal o status de uma cidade cosmopolita.
               A Fundação José Augusto/FJA  era dotada de ações da Petrobras, tinha autonomia financeira até que teve seus papeis vendidos no governo de Lavoisier Maia. Tornou-se dependente crônica do governo. Desacreditada. Goza de parco conceito da população. Degradou-se no curso do tempo. Políticos hábeis e conhecedores da história, Maranhão e Aluízio Alves entendiam que nenhum governo alcança a imortalidade a não ser através do papel que artistas e escritores de talento lhes reservam em suas obras. Assim, até hoje, os Césares romanos chegaram até os nossos dias fazendo-se conhecidos, odiados ou amados, porque Suetônio lhes traçou o perfil em palavras que ainda hoje lemos com admiração ou asco. Mais recentemente, Maquiavel concedeu imortalidade ao príncipe florentino que ele quis obsequiar, pintando-o como paradigma de déspota esclarecido, numa obra que continua despertando o interesse de todos aqueles que desejam o poder ou buscam orientação para governar.
                  Os exemplos, não são muitos porque são poucos os déspotas esclarecidos capazes de transcender a circunstância. No exercício de seu mandato, Aluízio transformou-se numa espécie de imã, atraindo para o circulo do seu governo os autênticos talentos da época, ao entender que a arte é um meio através do qual a política dialoga com o povo. Possuído por uma ânsia de cosmopolitismo, inteiramente voltada para a produção cultural de qualidade, reagiu á plebeização da cidade, processo levado às últimas consequências pela ação de um prefeito populista e demagógico, uma espécie de petista avant la lettre copiado à exaustão por alguns prefeitos de Natal, sendo que o primeiro desses populistas, Djalma Maranhão, instituiu entre nós a cultura de pé no chão; a reles cultura paradigmática de governos festeiros, incapazes de distinguir o popular do popularesco. Sentindo-se perseguido pelo regime militar, empresta seu nome a uma lei de incentivo à cultura.
                 A Lei Djalma Maranhão. Escritor de mérito e jornalista, desde muito novo integrado à elite política e cultural do país, numa época em que ainda era possível relacionar política e cultura numa interação polivalente. Aluízio Alves acrescentou vitalidade à cultura local, foi catalizador e fez dessa ação de que dá testemunho a obra de artistas que se tornariam mestres e faróis das gerações subsequentes; o seu ingresso na imortalidade não é retórica.
               É a história da propaganda que começa a organizar-se. Hoje, não mais podemos dissociar lhe o nome do nome dos criadores, estetas e visionários - exemplo de grandes faróis. Newton Navarro representou por muito esse paradigma de artista amado, – um Da Vinci das letras e das formas, forjado por símbolos visuais; maior de todos --; Myriam Coeli, Paulo de Tarso Fernandes de Melo, Zila Mamed, Berilo Wanderley, Dorian Gray, Luís Carlos Guimarães, Sanderson Negreiros, Woden Madruga, Calazans Marcelo Fernandes, confraria visionária que se tornaria expoentes de variados credos estética ou se projetaram no jornalismo, como Woden Madruga. Nomes que, iluminados pelo talento, transcenderam a sua época, fazendo parte da “era Aluízio Alves”.  
                Antecipada pela Era Djalma Maranhão. Assim como, hoje, Gutemberg Costa, Vicente Serejo, Diva Cunha, Nelson Patriota, François Silvestre, Deífilio Gurgel, Tácito Costa, Crispiniano Neto, Hilneth Correia, Severino Vicente, Dácio Galvão, Candinha Bezerra, Humberto Hermenegildo, Cláudio Galvão e Iapery Araújo são os expoentes da chamada “cultura oficial” nessa era de mazelas e falta de fé, emprestam o seu brilho à coroa da governadora Wilma de Faria. [Artigo escrito no curso dos governos municipal e estadual; prefeita de Natal por três vezes governadora reeleita apesar do descrédito em ebulição. Etc. Um governo das letras autônomas e alvissareiras. E o maior de todos, o nome-farol baudelairiano, guia; Newton Navarro, artista plástico, contistas, dramaturgo, político, cronista da cidade e da Redinha, o rei de Natal.
                Cônscio de que é a cultura que engrandece e distingue um governo, mostrou-nos Aluízio na prática que preconceitos estéticos podem causar prejuízos à política. Abriu-se à novidade. Empenhou-se em proporcionar aos artistas locais acesso e convívio a outras realidades culturais e a criadores, sem delimitação de fronteiras. Houve interação de fronteiras. Sua política de intercâmbio cultural alcançou considerável sucesso.
                 Herança do governo do prefeito Djalma Maranhão. Aluízio trouxe de volta a Natal o professor Oswaldo de Souza, notável compositor e polígrafo, presentemente condenado ao silêncio e à obscuridade, ex-colega do polígrafo Mário de Andrade. Foi delegando-lhe a tarefa de empreender o inventário geral do nosso anonimato –; o primeiro rol realizado até então – dos bens culturais do Rio Grande do Norte, arrolados em relatório um inventário integral. Atualmente uma raridade biográfica de um governo que marcou época no Rio Grande do Norte. Representou a inserção do Rio Grande do Norte no modernismo.
                  A Era Aluízio Alves etc. Governo que trouxe perspectivas novas para a terra potiguar, arraigada ao paternalismo dominante; caudatária de um concurso de governos sob o regime do tenentismo reinante em resquícios a que se iam difundindo o paternalismo seridoense correndo em suas veias. Amigo de Cascudo e transitando entre artistas, escritores e jornalistas – ele próprio dedicado ao jornal, vivendo em redações, dando mérito ao mérito. Uma geração que se expandiu em vasos comunicantes das artes plásticas e literárias e jornalísticas. Surgiu Fernando Gurgel, Erasmo Costa Andrade, Carlos José Marques, Iaponi Soares de Araújo, Arruda Salles, e antecedendo-os, Daniel Ferro Cardoso, Jeremias Nogueira, Hostílio Dantas, Erasmo Xavier etc..
                 Seus inimigos e adversários poderão acusá-lo de inconformismo; nunca poderão acusá-lo de não ter sabido usar o seu talento e vontade de governante em favor de quem tinha talento, exercendo, por esse meio uma abrangente e duradoura influência sobre a cultura do Rio Grande do Norte. Aluízio Alves encarna uma época complexa de transformações conceituais, correntes sob um governo que mudava a realidade política do Rio Grande do Norte.
                 Aluízio Alves trazia-nos o novo e a esperança em notável resgate de um tempo perdido. Aluízio encarnava a esperança e a renovação de um povo. Era homem renascido que viera do majestoso Cabugi, gigante ao pé da qual nasceram Lajes e Angicos, cidades que se irmanam em referência e poderio, importante entroncamento rodoferroviário.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

LUDISMO CONTEMPORÂNEO




Públio José – jornalista

                                     
                   Diferentemente dos tempos antigos, quando o processo de comunicação era demorado, do momento em que o fato acontecia até chegar ao conhecimento da população, hoje a cobertura é instantânea. Por mais desligado o cidadão, e mais distante o local onde resida, a informação chega até ele em tempo cada vez mais curto. Por um lado, isso trouxe a vantagem da instantaneidade; de outro, um altíssimo volume de exposição a cenas para as quais muita gente não está preparada. E o que se vê, em tempo demasiado, diante da tv, do computador, do smartphone não traz nenhuma satisfação. O mundo vive um daqueles momentos em que miséria, ignorância, fome, violência, corrução, analfabetismo e fenômeno climáticos contribuem para a formação de um caldeirão de tal dimensão que afeta as emoções (para alguns) a um ponto próximo da ruptura e (para outros) muito além do suportável.
                        Entretanto, tal fenomenologia é exclusiva dos dias de hoje? Claro que não. A diferença está nos métodos utilizados e no espaço de tempo em que os fatos chegam ao conhecimento geral. No mais, como dizia Lavoisier “na natureza (ou na vida) nada se cria; nada se perde; tudo se transforma”. Tanto é assim que o que é visto hoje já arregalou os olhos de muitos séculos atrás, milênios atrás. Populações inteiras igualmente aterrorizadas como as de hoje. Ora, o marginal que, de carro importado, arrasta alguém quilômetros e quilômetros não é o mesmo que, nos tempos bárbaros, ou mesmo na Idade Média, puxava o inimigo pelas aldeias de então amarrado à cela do cavalo ricamente ajaezado? Ora, direis, qual a diferença? Uma passada de olhos no Século XVIII e as cenas se repetem. Em plena ação, no nascedouro da Revolução Industrial, partidários de Ned Ludd quebrando tudo que encontravam pela frente.
                        Como se observa, no tempo o que difere é o discurso, o argumento. A energia para quebrar tudo o homem sempre teve. De sobra. E o que tem Ned Ludd a ver com essa história? Ele foi um personagem famoso durante quase uma década nas origens da Revolução Industrial, período de efervescentes descobertas na Inglaterra de 1779. As máquinas pondo em cheque a atividade artesanal em razão da produtividade que propiciava no confronto com o trabalho individual de então. Desemprego em alta, exploração da mão de obra feminina e infantil, péssimas condições de trabalho, salário vil. Nesse contexto, surge Ned Ludd (que muitos historiadores dizem ser o nome falso de Michel Homere) como o primeiro operário a arrebentar uma máquina em represália à realidade vigente – um verdadeiro “black bloc”. Seu gesto foi o rastilho de pólvora para a quebradeira generalizada que se espalhou pelos centros industriais.
                        Tudo muito semelhante ao que se vê hoje. Ned Ludd chegou ao ponto de se intitular general e levou a Inglaterra a um nível altíssimo de terror e insegurança, o que obrigou a Governo a editar leis duríssimas para combatê-lo. A partir daí, o “ludismo” passou a rotular os que se colocam contra novas tecnologias e que se insurgem pelo simples desejo de quebrar. Mesmo inconscientemente, os “black blocs” repetem o que ele fez séculos atrás. Enquanto Ned Ludd, sem nenhuma ideologia, arrebentava máquinas apenas pelo sentimento de revolta (sem buscar o diálogo nem apresentar proposta alguma ao Governo de então) os “Black blocs” contemporâneos se movem pelo mesmo afã estéril e improdutivo. Violentos gratuitos, difusos nas pretensões, assassinos potenciais, falta a eles tão somente a marreta ludista. De quebra, contam com a audiência e a impunidade que Ned Ludd nunca sonhou de ter.              

A VOZ POÉTICA DE CELSO DA SILVEIRA - NATAL/RN

Memorial do Grande Ponto



Os bares do Grande Ponto
tenho os seus nomes de cor:
Botijinha, Dia-e-Noite,
Acácia Bar, Rio Grande,
Onde a cachaça de Ovídio
Dessendentava a goela
De Evaristo e Babuá.
Confeitarias - um par:
A Helvética e a Cisne;
Casa Vesúvio - bazar,
e adiante o Natal Clube,
Santa Cruz Futebol Clube
- os dois de primeiro andar.

Cafés Maia e São Luís,
Sorvete do Aracati,
Restaurante Dois-Amigos
com porta de vai-e-vem
e freqüência popular.
E Restaurante Acapulco,
local a que acorriam
Casais da sociedade
E rapazes bem trajados,
Todos lá fazendo hora
Para o baile do Aéro
- requinte/mor da cidade.

Numa esquina, a Alcazar
E na outra o Grande Ponto
- casa de jogos de azar -
um verdadeiro universo
de Tubiba à Mulamanca,
pro poeta fazer verso
como faz Milton Siqueira.

Lá, o Bolero servia
comidas de pratos quentes,
mas, já do lado de cá,
junto do Beco da Lama,
o Pérola vendia bifes
aos habitantes da noite
que voltavam dos bordéis
pra saciar outras fomes.

Lembrança de João Machado
Rutiquiano e Ercilo
(que foram ali quase Reis);
Sorveteria Cruzeiro
e do Salão Santo Antônio;
cigarreira O Zepelim,
que vendia bugigangas
e tinha o jornal/mural
onde "seu" Luiz Cortez
dava notícias do mundo
como que em primeira mão.
Juizes, advogados,
até desembargadores
e muitos aposentados,
recrutas e general
Leitão, Liliu do bilhar,
todo pessoal letrado
- são sombras na paisagem;
foi lá que estreou veado
um tal de Velocidade,
contraste de Tororomba.

Conversas de futebol
de torcedores e atletas,
cada um é melhor técnico
do América ou ABC,
Riachuelo e Atlético,
E o grito marcando gol
Está na boca de todos.

Carnaval na João Pessoa,
Deblechem vem de rei momo
ao lado de Zé Areia
e Djalma Maranhão;
se batalham de confete
e lança-perfume Rodo.
Papangus e colombinas
no toque da banda ao vivo
dançam ao som do "Zé Pereira"

Luís Tavares, de linho
LS-120
sapatos de duas cores,
bico fino de camurça,
ou couro de jacaré,
ditava a moda da praça
e ainda dava de graça
seu jeito de meninão.

Sorveteria Polar
(pianista Paulo Lyra)
onde se falava inglês
- "US Navy, my friend" -
de Aparício Meneses
ao engraxate da casa,
no tempo do americano.
O primeiro telefone
de serventia do povo
(nosso orelhão de outrora)
- "basta pagar e ligar" -
ficava numa cabine
toda vedada de vidro,
na antiga Casa Royal,
onde os segredos guardados
não coravam as namoradas.

É um espaço em aberto
à gente de toda parte;
convergência da cidade,
encontro de viajantes
e de onde as línguas feriam
moças vindas dos cinemas
Rex, Nordeste, Rio Grande,
Ou mesmo, quando mais cedo,
Retornavam das novenas.

Centro referencial
de política e cultura,
de oposição e governo;
a palavra ali falada
no palanque dos comícios
ganharam tal ressonância
que nos seus cantos ecoam,
não, grande ponto final
- leve som de antigamente -
reticência, ponto e vírgula,
mas, ocasionalmente,
exclamação, coisa e tal,
força lúdica, dominante
deste seu memorial

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

MINISTÉRIO PUBLICO DO RN LANÇA CAMPANHA CONTE ATÉ 10 NAS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO

Estão abertas as inscrições para o seminário de lançamento da campanha Conte até 10 nas escolas de ensino médio do Rio Grande do Norte. Realizada pelo Ministério Público Estadual e a Secretaria de Estado de Educação, a campanha destina-se à educação do adolescente e do jovem para uma cultura de paz. 
O evento que marcará o lançamento da campanha será realizado no próximo dia 24 na sede da Procuradoria-Geral de Justiça.
Conte até 10 nas escolas é uma trabalho contra o bullying que parte dos estudantes sofrem diariamente dentro do ambiente de ensino. Idealizada originalmente pelo Ministério Público Federal, a campanha busca envolver a sociedade, em especial os jovens, em ações que fortaleçam a paz e o respeito entre os cidadãos. 
O foco na juventude justifica-se pela capacidade de transformação e de mobilização deste público e também porque o número de jovens vítimas de homicídios tem crescido assustadoramente nos últimos anos.
No RN, o Núcleo Estadual de Educação para a Paz e Direitos Humanos (NEEPDH), em parceria com a Subcoordenadoria de Ensino Médio (SUEM), organizam a interlocução do programa e as atividades junto as escolas estaduais.
A ação é uma iniciativa do Conselho Nacional do Ministério Público, em parceria com a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), integrada pelo CNMP, Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Ministério da Justiça.
O público alvo da campanha são os estudantes do Ensino Médio, e já foi previamente discutido no Fórum de Gestores ocorrido ano passado em Natal, com representantes das 290 escolas de ensino médio, palco da realização da campanha.
 As escolas interessadas em participar do lançamento devem realizar a inscrição on-line, seguindo o passo a passo que será mostrado pela página do Ministério Público Estadual.
 A secretária de Educação, profª Betania Ramalho fará parte da mesa de abertura, juntamente com representantes do poder judiciário e da Secretaria de Educação, como o coordenador do NEEPDH, João Maria Mendonça de Moura e, a Professora Aliete Bormann, Subcoordenadora do Ensino Médio do Rio Grande do Norte.

Seminário de lançamento da campanha Conte até 10 nas escolas
Data: 24 de fevereiro de 2014 (9h)
Local: Procuradoria-Geral de Justiça (Rua Promotor Manoel Alves Pessoa Neto, nº 97, Candelária, Natal, RN)

Inscrições: clique aqui.

UFRN: PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA REALIZA AULA INAUGURAL


O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) promove, nesta sexta-feira, 21, às 9h, a aula inaugural com o tema Práticas Ecológicas Camponesas: Tradição e Modernidade. Ministrada pela professora Ellen F. Woortmann, da Universidade de Brasília, o evento acontece no Auditório B do Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFRN). O evento é aberto ao público e tem entrada gratuita.
A professora Ellen Woortmann (UNB) desenvolve pesquisas que fazem parte das áreas de interesse do PPGAS e possui uma produção de referência para a Antropologia, sobretudo nos seguintes temas: campesinato, parentesco, imigração, memória e patrimônio, saberes tradicionais e gênero.
O PPGAS/UFRN mantém, desde 2012, um intercâmbio regular com o PPGAS/UNB, por meio de convênio PROCAD/CAPES, no qual a professora vem colaborando constantemente. Além disso, a professora Ellen é atualmente vice-presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). A referida Associação, juntamente com o PPGAS/UFRN, está organizando a 29º Reunião Brasileira de Antropologia, que ocorre em Natal, na UFRN, entre os dias 3 e 6 de agosto desse ano.

fonte:
Boletim produzido pela Agência de Comunicação da UFRN - AGECOM
Reitora: Ângela Maria Paiva Cruz
Vice-Reitora: Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes
Superintendente de Comunicação: José Zilmar Alves da Costa
Diretor da Agência Comunicação: Francisco de Assis Duarte Guimarães
Telefones: (84)3215-3116, (84)3215-3132 - Fax: (84)3215-3115
E-mail: boletim@agecom.ufrn.br