“Sonhoque se sonha só,
É só um sonho.
Sonho que se sonha juntos,
É realidade.”
Os professores começaram a fundar a ssociações de classe um pouco antes dos meados do século 20 passado. A maioria data de 1945 para cá. Os funcionários custaram muito mais a se organizar, mesmo porque não havia uma identidade da categoria: eles se dissolviam entre os outros funcionários públicos dos estados e das prefeituras.
No início da década de 80 alguns professoressócios das entidades ligadas CPB – Confederação de Professores do Brasil (atualCNTE) – e mesmo dirigentes de algumas delas, quiseram dar um novo nome e uma dinâmica à Confederação, que eles consideravam muito tímida. Surgiu a tentativa de construção da UNATE – União Nacional de Trabalhadores da Educação. Era o tempo da “fervura Sindical” no ABC paulista e em outros centros industriais.
A UNATE não vingou, mas a idéia de abrir a Confederação de Professores para todos os trabalhadores do ramo de atividade“educação” estava lançada.
Em janeiro de 1988, no XXI Congresso, emBrasília, a CPB se filiou à CUT. Em janeiro de 1989, no XXII Congresso, emCampinas, a CPB aprovou o indicativo de unificação com a FENASE (Federação de Supervisores), FENOE (Federação de Orientadores) e CONAFEP (Coordenação deFuncionários). A partir daí, começou o trabalho de uma Comissão de Unificação,para elaborar a proposta concreta e jurídica para o ano seguinte.
Em janeiro de 1990, em Aracajú, deu-se a unificação, com plena adesão e aprovação dos professores e funcionários. Pela primeira vez dezenas de funcionários votaram em pé de igualdade proposições sobre conjuntura política nacional, política sindical e política educacional.Embora ainda existindo problemas em relação à unificação, esta avançou substancialmente em relação à situação anterior. E, portanto, para que esta unificação aconteça na sua totalidade é necessário que associe-se a ela a lutapela profissionalização e valorização dos funcionários como educadores e cidadãos.
Em nosso estado a história de luta e organização dos funcionários da educação não é diferente.
A nossa luta começa quando alguns funcionários passaram a fazer parte da direção da ANSE (Associação Norte Rio Grandense dos Servidores Estaduais) e em 1988 com a aprovação da novaConstituição Federal os servidores públicos passaram a se organizar em sindicatos criam o SINSP (Sindicato dos Servidores Públicos Estadual do Estadodo Rio Grande do Norte), que funcionou por quase dois anos com total apoio da APRN (Associação dos Professores do Rio Grande do Norte). Em 20 de setembro de1989, nasce então o SINTE que nos unifica aos professores, especialistas e supervisores educacionais.
O relato da nossa história de luta eorganização é importante para que fique bem vivo na nossa memória que a história de luta e organização dos funcionários da educação não nasce agora,mas traz uma história de mais de 21 anos de luta.
No primeiro trimestre de 1989, com uma pauta de reivindicação não atendida pelo governo estadual onde tinha como principal ponto de reivindicação um Plano de Carreira para todos os funcionários do estado levou a direção do SINSP a organizarem uma greve dosfuncionários. Nessa greve teve destaque a organização e participação dos funcionários da educação. Esses eram os que tinham as piores condições de trabalho e o pior salário.
Com a adesão de quase 85% dos funcionários da educação a essa greve na capital e no interior do estado,professores, especialistas e supervisores educacionais entraram em greve.Devemos relembrar aqui a histórica assembléia que os funcionários da educação realizaram na quadra do CEJA (Centro Educacional José Augusto) em Caicó, onde toda a arquibancada do ginásio de esportes foi tomada pelos funcionários, que após a realização dessa assembléia tomaram as ruas da cidade de Caicó emdireção a sede do 10º NURE (Núcleo Regional da Educação), marcando a história de luta dos servidores da educação daquela cidade. Nesse ano foram os funcionários da educação quem pautou a greve do magistério no Rio Grande doNorte.
Em setembro de 1989 vem a unificação e ai a pauta histórica dos funcionários se unifica com a pauta histórica dos professores, especialistas e supervisores educacionais. A partir daí a luta por um Plano de Carreira passa a ser pauta unificada dos Trabalhadores em Educação como um todo, e não mais de um segmento especifico.
Em 1990, os trabalhadores em educação do nosso estado conseguem eleger o primeiro presidente do SINTE, Manuel Junior Souto, Deputado Estadual. Com a eleição de Junior Souto, os trabalhadores em educação começaram a levar as suas lutas para dentro da Assembléia Legislativa. Os trabalhadores em educação tinham Junior Souto como um interlocutor da categoria e o parlamento estadual.
A luta por um Plano de Carreira, para todos os trabalhadores em educação passoua fazer de todas as pautas e de todas as greves.
Chegar hoje ao Plano de Carreira dos Servidores da Educação é a gente lembrar dos inúmeros acampamentos e manifestações que realizávamos em frente aoPalácio Governo, hoje Palácio da Cultura que fica na Praça Sete, centro da cidade do Natal, é lembrar de como os governos respondiam as nossas manifestações e aos nossos acampamentos, colocando o Batalhão de Choque para combater os sindicalistas e a categoria dos trabalhadores em educação que na maioria das vezes não tinham dialogo. Na maioria das vezes o Batalhão de Choque já chegava jogando Bombas de Gás Lacrimogêneo nos manifestantes.
Quantas vezes não fomos arrancadas pela polícia militar quando estávamos dentro das galerias da Assembléia Legislativa, lutando e exigindo que os deputados votassem a favor do plano de carreira dos trabalhadores em educação.
Quantas manifestações não realizamos em frente a Governadoria. Os inúmeros governos indiferente de cor partidária e de filosofia no lugar de dialogar coma categoria colocavam o Batalhão de Choque para recepcionar os trabalhadores em educação.
Chegamos hoje ao dia 30 de junho de 2010. Dia que nenhum servidor público estadual irá esquecer. Dia em que a direção do SINTE, não esquecerá jamais.
Ao entrar no dia 30 na Assembléia Legislativa do nosso estado, tivemos uma sensação diferente. Comentei com a minha companheira de direção do SINTE,Fátima Cardoso, a sensação de felicidade, de alegria, de um dever cumprido, deum sonho se realizando. Tinha a certeza que iria sair daquela casa com a aprovação do nosso Plano de Carreira e não mais arrancada das galerias pela polícia militar.
Não escondia que esses vinte e anos de luta se transformavam naquela tarde na realização de um sonho, estava ali uma luta de vinte e ano se transformando em realidade. Fazia questão de trazer vivo nos meus olhos esses vinte e um anos deluta, de busca e de conquista. Pois eu, ia sair dali, com uma carreira.
Não posso deixar de aqui falar de um companheiro que hoje está na Assembléia Legislativa exercendo hoje o papel de interlocutor entre os trabalhadores em educação e a Assembléia Legislativa que é o Deputado Estadual Fernando Mineiro. Ele exerceu um papel preponderante e fundamental para a vitória da nossa categoria e do nosso sindicato. O deputadoMineiro exerceu papel primordial na articulação junto ao governo estadual ejunto aos diversos líderes dos partidos na Assembléia Legislativa.
Também reconhecemos o empenho daDeputada Federal Fátima Bezerra na articulação junto ao governo estadual para oenvio do Plano de Carreira para a Assembléia Legislativa.
No dia 01 de julho de 2010, o governo estadual publicou no Diário Oficial doEstado a Lei Complementar 432/10, que institui o Plano de Cargos, Carreira eRemuneração dos Servidores da Administração direta do Estado do Rio Grande doNorte.
Hoje, os mais de 8.000 servidores da educação contemplados com a LC 432/10,traz um brilho diferente no olhar. Os servidores da educação trazem consigohoje a certeza de que agora eles têm uma carreira, que leva em conta o seutempo de serviço, a sua titulação e o seu cargo.
Com esse relato resgatamos um pouco da nossa história de luta e de organização.E dessa batalha tiramos uma lição que levaremos para toda a nossa vida, que é alição de que a nossa luta, a nossa unidade, a nossa batalha e o nosso acreditarno nosso sonho, sempre valerá a pena.
Já dizia o poeta, “Só existimos e somos felizes enquanto não perdemos a nossacapacidade de Sonhar, de lutarmos e de nos indignarmos”. Por isso eu Sonho!
fonte:www.janeayresouto.blogspot.com
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