CAMINHOS APALACHIANOS
“Pafos é seu destino, onde sua rainha
Deseja enclausurar-se e nunca mais ser
vista.”
William Shakespeare,
in Vênus e Adônis.
Estou sendo catapultado para o outro lado do dia
e dou os primeiros passos na subida esperando-te.
Vem, confia, deixa-me enlaçar tua cintura e não ferirás
os pés nas estreitas veredas pedregosas, nas prolongadas
depressões que nos
atemorizam depois de superadas.
Vem contemplar no vértice da estrela nascente tua face,
a coreografia no bailado dos cabelos agitados pelos
ventos.
Vem. No alto, ao descobrirmos nossas almas inconfessáveis
saberemos que as vidas, entre nós dois, serão silenciosas.
Agora que chegaste ao teto do mundo repara. E pergunta:
Quem realmente sou submetido à grandeza desse céu
escampo?
Vem, aurora sangra ao sol e entre nós dois sangram tardes
sem fim.
Vamos, lado a lado, regressar. Aqui nada nos consola. Na planície espero
o adeus sem lágrimas e faço a promessa de esquecer-te na
saudade.
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