POR TODA NOITE
Ciro José Tavares.
Falamos longamente de nós
dois toda uma noite.
Apenas assistidos pela
quieta escuridão lá fora
e a lâmpada no teto
inflectindo pálida claridade nas paredes.
Se contarmos tudo ou quase
tudo amanhã dirão nossas lembranças.
Mas foi bom porque
finalmente descobrimos nossos âmagos.
Conheci teu pragmatismo
radical que fez doer e sepultar meus devaneios.
Não cogitamos do futuro
porque esse estava ali impossível entre nós dois.
Do passado vi brotar lágrimas
pelos sentimentais equívocos repetidos,
Loucuras praticadas que envergonham e são
inapagáveis na memória.
Quando no vento veio o primeiro
sopro da manhã tudo estava terminado.
Havia um toque de saudade
quando um ao outro prometemos esquecer,
guardar como segredo as
longas confissões feitas toda uma noite.
Se falamos tudo ou quase
tudo o tempo revelará no mistério das lembranças.
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