sábado, 10 de agosto de 2013

A VOZ POÉTICA DE ANTONIO CABRAL FILHO

Enterrem meus sonhos
no Largo do Estácio

sem flores
nem pudores

pois as flores
eu dei pra Tereza
por encher meu mundo de sonhos

e as lágrimas
quem secou foi Cleide
após mostrar-me o caminho das pedras

e os pudores
foram-se todos
após as desilusões com Marta.

Enterrem meus sonhos
no Largo do Estácio,

Mas enterrem-nos sem piedade
assim como quem põe fogo
no lixo junto ao meio-fio
e vai-se sem mais nem menos.

Enterrem meus sonhos
no Largo do Estácio,

Mas por favor não os enterrem
na porta da igreja,
pois daria muito trabalho
ao Divino
e soaria como um acinte aos devotos
e tão logo fossem descobertos
pelas perdidas na vida
seria uma comoção social
com filas de adoradoras
roubando o lugar uma da outra
e camelôs trocando trombadas
com churrasquinho barato,
flâmulas de São Jorge,
figas de Guiné e amendoim,
latinhas de pomada chinesa
para aumentar a excitação,
caixas de baralho erótico,
coleções de Carlos Zéfiro
e, com toda certeza,
o clero não me canonizaria.

Mas enterrem meus sonhos
no Largo do Estácio
pois eles têm que voltar
ao ponto de partida
e começar tudo de novo.
*@*
fonte: por e-mail

ARTIGO DO JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ - NATAL/RN


POR QUE JOGAR A TOALHA?


 



                         Na linguagem do boxe, jogar a toalha significa desistir da luta, se dar por vencido. É o gesto extremo do treinador no sentido de preservar a integridade física do lutador, tentando lhe causar o menor mal possível diante do inevitável da derrota. É um ato extremamente frustrante. O lutador ainda está de pé, mas o julgamento de outrem determina que suas chances acabaram, que seu tempo se encerrou. Depoimentos de entendidos dão conta de que a renúncia do treinador causa uma frustração muito grande, um impacto muito forte no boxeador. E que ele preferiria até ser derrotado por nocaute, de que pela toalha jogada no ringue. A realidade competitiva do ringue se assemelha em muito com a dura realidade da vida. Entre trombadas, safanões, dores físicas e interiores você vai se transformando num bom ou num mal lutador – à medida que a vida desfila seus longos dias diante do tempo.
                        Vários exemplos de homens ilustres, através da História, vão fixando a grande diferença entre uns e outros. Entre os que, às primeiras dificuldades da vida, desistem logo, jogam a toalha, abandonando seus projetos, seus ideais. Destes a História nem se ocupa. E os vencedores, aqueles dotados de uma capacidade enorme de resistência, persistentes, perseverantes, que fazem das barreiras e obstáculos da vida combustível para seguir adiante, robustecidos interiormente para empreender a luta – e vencer. A visão lógica dos fatos tem enterrado muitos sonhos. Tem contribuído para levar para o solo estéril do improvável, do impossível, uma boa quantidade de sementes de bons projetos. O realismo do ser humano mata a sua capacidade de sonhar, de retirar de dentro de si a força necessária para seguir em frente, vencendo os obstáculos para conquistar vitórias. Um grande vencedor chamado Jesus Cristo já nos assegurava “tudo é possível ao que crê”.
                        Atualmente, são incontáveis os casos de pessoas que já desistiram da vida. Vivem-na pela simples circunstância de estarem vivas. Já não crêem no país, nos homens, em Deus, na família, nas engrenagens políticas e sociais – e muito menos em si mesmas. São meros cadáveres ambulantes a ocupar espaços urbanos sem se darem conta de que estão sem contribuir em nada para o bem estar de si mesmas nem das pessoas que lhe estão próximas. Por covardia medular se negam a ousar, a arriscar, a procurar – diante das dificuldades comuns a todos – o desafio salutar do bom combate, da refrega que, quando ganha, satisfaz a alma e enche o coração de alegria. O homem por natureza é um lutador, um dominador. E quando se nega essa qualidade, esse atributo, propicia uma quebra da ordem natural do seu mecanismo interior. Torna-se um estranho a si mesmo, um inimigo de si próprio, um velejador de um barco sem leme e sem vela.
                        O objetivo do homem é a vitória – em qualquer circunstância. Os exemplos são belos e inúmeros nesse sentido. Não que para isso tenha de fazer uso da violência, da truculência, da irracionalidade. Churchill, por exemplo, divisou a oportunidade de vitória contra os alemães em meio ao caos dos bombardeios sobre Londres. Como? Simplesmente contando os caças germânicos derrubados pelas forças antiaéreas londrinas. Pelos aviões derrubados, concluiu que Hitler não teria condições de repor tantas aeronaves fora de combate. A virada, portanto, era somente uma questão de tempo. Assim, em meio à dor generalizada, convocou uma cadeia de rádio e bradou o que para todos soou como uma enorme loucura: “a partir deste momento começamos a ganhar a guerra. Ânimo! A Inglaterra não se dobra”. Já pensou se Churchill joga a toalha?     
                        fonte: por e-mail

COMBATE ÀS TREVAS – XII (A QUESTÃO DAS DROGAS: O ÁLCOOL)

   Eduardo Gosson*

Das drogas lícitas o álcool é a mais antiga, remonta a 3.500 a.Cristo na região do Oriente Médio e a 6000 a. C. na Mesopotâmia. No texto bíblico, o primeiro cachaceiro foi Noé que tomou grandes porres com o vinho  das uvas por ele plantada. Na velha Roma o vinho era parceiro das orgias e bacanais. Roma tinha dois comportamentos: rigor  na vida pública e devassidão na privada. O poeta Ovídio conheceu o exílio por ter escrito o livro A Arte de Amar, hoje considerado leve face os valores atuais.
Hoje o jovem é incentivado  a beber desde cedo: família e mídia. Na ânsia de não ficar para trás é empurrado para os braços da bebida. Não sabe ele: de cada 100 jovens 10 desenvolverão o vício. Estima-se que o álcool afeta 15% da população, acarretando elevados custos para a sociedade. A indústria do álcool movimenta 3,5% do Produto Interno Bruto – PIB e o governo gasta 7,3% para cuidar do problema. Dinheiro este que poderia ser investido em  educação ou moradia popular.
Por esse e outros motivos advogamos que o álcool deveria ser abolido da nossa sociedade, a exemplo da Arábia Saudita onde é rigorosamente proibido ( o Alcorão não permite). Estrangeiros que são pego bebendo, imediatamente eles colocam dentro do avião e mandam de volta para o país de origem. Poder-se-ia perguntar:
                    - Por que tamanho radicalismo?
                     - Porque o ser humano até hoje não entendeu o valor da delicadeza e da democracia. A única linguagem que a humanidade entende é a da dureza. Já imaginou se um país como a China, com uma população de 1 bilhão e 500 milhões de habitantes, implantasse a Democracia? Simplesmente  deixaria de funcionar e não estaria na Vanguarda deste Terceiro Milênio. A Democracia implantada no Brasil desde José Sarney resolveu os problemas básicos: saúde,  segurança e educação?
*Eduardo Gosson é poeta. Preside a União Brasileira de Escritores – UBE/RN


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

GRANDES PERSONAGENS DO SERTÃO





O livro fala sobre a história dos esquecidos pelo tempo, o povo e a riqueza cultural do Seridó, através de textos deliciosos, sem qualquer pretensão acadêmica. Não dá pra dizer, daqui para frente, que sabemos algo sobre o Seridó sem ler “Grandes Personagens do Sertão”. Se para o escritor Oswaldo Lamartine, o especialista por excelência sobre o Seridó, essa região do Rio Grande do Norte “foi o que nos restou de civilização”, Francisca Noélia de Oliveira vem agora mostrar, por meio de histórias do cotidiano, recolhidas no seio da sua família de origem rural, resquícios de sua infância, entremeadas por outras aprendidas nas suas andanças como extensionistas rural da Emater pelos velhos sítios e fazendas, num espaço recheado de sabedoria popular e contado num instante mágico de saudade e de lembranças de quem escreve sobre o que viveu.  Noélia estabelece uma espécie de acerto de contas com suas memórias e que agora, quer dividir com os leitores, pincelando a graciosidade, a alegria, o modo de viver, a moda, a culinária, as crendices populares, o peso da religião, os embates sociais entre ricos e pobres e aí, destaca-se o “eu” poético da autora, estabelecendo relação com o amor, o sofrimento e os valores sertanejos que tão bem caracteriza esse povo de uma mundividência ampla e especial.
          Num toque essencialmente descritivo, Noélia utiliza-se de representações simbólicas do sertanejo como: a flora, o olfato, o tato, entre outros aspectos e numa percepção com traços saudosista x melancólico, deixa transparecer o “eu lírico” que reconhece “o refletir” sobre a vida do sertanejo, nos trechos, como: “Mexer com a terra, sentir o cheiro de terra molhada, colocar sementes e entupi-la com os pés, cuidá-la, adubá-la com carinho e depois colher seus frutos. Essa é a maior alegria e riqueza dos agricultores(…). A terra é tão importante que te dá à vida e te acolhe na morte, te guardando em seu seio, para a eternidade”.
Esse é um livro que segundo o escritor Paulo Araújo lemos “de uma deitada só”, numa rede, de preferência embaixo de um alpendre. Assim, Noélia nos delicia com esta obra maravilhosa, que como os franceses da “Nova História”, relata o cotidiano e a vida privada dos anônimos.
Há um ditado popular que diz: Falar mal dos outros é fácil, difícil é falar bem, mas, contraditoriamente a este, o livro de Noélia trás a riqueza da dinâmica da língua, através de graciosos Ditos, Provérbios e bênçãos que o leitor deleita-se na cultura do riso e invade a alma com maravilhosos poemas.
Vislumbra a autora, sobre o viver no sertão entre a virada do século XIX até meados dos anos 90, a separação entre o mundo dos adultos e das crianças, as brincadeiras junto à natureza, a descoberta do sexo, o respeito aos mais velhos, os ritos da vida e da morte, a geografia das casas e condução do lar, tudo isso, entremeado pelas anedotas, às histórias engraçadas, os apelidos que as pessoas colocavam nas outras e as chamadas pilérias (brincadeiras que até hoje funcionam como um código próprio, entre os seridoenses, quando alguém quer falar algo em privado).
Hoje, mais uma vez, Noélia, simples tanto no falar como no escrever, através desta obra, deixa seu legado para a literatura curraisnovense, do Povo para o Povo e certamente, nossas Letras jamais serão as mesmas, como diria Madre Tereza de Calcutá "Sei que meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor."

Texto do escritor Paulo Araújo.
Adaptado pela professora Auridete Alves.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

SESSÃO DE AUTOGRAFOS DE LIVROS EM MINAS GERAIS -MG

Projeto Passo Fundo e os autores convidam para a sessão de autógrafos de seus livros "Iguais" e "Amantes nas Entrelinhas"


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
O  Projeto Passo Fundo e os autores convidam para a
sessão de autógrafos de seus livros "Iguais" (poemas)
 "Amantes nas Entrelinhas" (crônicas) que acontecerá
 no Café Literário, junto a Jornada Nacional de Literatura,
 em Passo Fundo - 28/08/2013, das 20 às 21 horas
 
veja mais em: www.poesiadelivery.blogspot.com

CONVITE


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A VOZ POETICA DO ESCRITOR CIRO JOSE TAVARES - BRASILIA/DF

BALADA DA EURASIANA
Ciro José Tavares


Vieste do outro lado do mundo,
Pura, bela quando te encontrei. eurasiana.
E por não compreender as tuas dores eu fugi.
Agora, eurasiana eu estou só como o beijo
Que no desejo morreu no silêncio da noite.
Voltei eurasiana para doar meu coração.
Ou morrer entrelaçado ao teu espírito.
Acolhe-me antes que nuvens velozes
Esgarçadas no espaço arrastem
Ao nada a inutilidade do meu corpo.