quarta-feira, 29 de abril de 2015

ESTUDO LEVANTA ASPECTOS SOCIOEMOCIONAIS DE PROFESSORES BRASILEIROS

Apesar de bem qualificados, professores revelam: muitas vezes não se sentem preparados para o dia a dia da sala de aula. Foi o que constatou um estudo inédito realizado pela Comunidade Internacional de Cooperação na Educação (MindGroup) com professores de 11 estados do Brasil, mais o Distrito Federal.
O professor passa muitos anos se preparando para a docência: 66% dos pesquisados têm especialização Lato-Sensu e 13% investe em mestrado e doutorado, mas o dia a dia da sala de aula vai muito além dos livros. A pesquisa revelou que 68% dos docentes demonstraram ter alguma dificuldade de vínculo com seus alunos: 1 em cada 3 professores percebem-se com um alto nível de dificuldade.
Não é à toa que a motivação desses professores está em baixa e o aumento da ansiedade surpreende até os mais experientes. O estudo apontou que cerca de 74% dos profissionais da rede pública mostraram traços de desmotivação e ansiedade, o que reflete diretamente na autoeficácia, ou seja, confiança em si mesmo, sendo que mais de 50% dos professores pesquisados revelaram um dado alarmante: eles admitem ter baixa autoconfiança.
Mas o que gera tudo isso? Qual é o impacto no dia a dia da sala de aula do professor e no processo de aprendizagem do aluno?
A construção de vínculo aluno-professor é o primeiro passo para uma relação de confiança e aprendizagem. Quando isso está comprometido, a chance de sucesso para ambos os lados diminui consideravelmente. “É como uma bola de neve”, afirma a Anita Abed, consultora da UNESCO, psicóloga, psicopedagoga, mestre em psicologia e uma das autoras do estudo. “O professor sofre pressões de cobrança das instituições, transferência de responsabilidades das famílias, escassas ferramentas de suporte e baixo investimento em programas de engajamento e formações mais práticas. Isso faz com que os educadores se sintam despreparados, desamparados e desmotivados, o que pode impactar na implementação de uma aula com maior nível de qualidade”, complementa Anita Abed.
Devido aos fatores socioemocionais sofridos pelos professores, a aula de qualidade passou a ser um desafio para grande parte deles: o estudo apontou que cerca de 40% dos docentes apresentam dificuldade de aplicar o conhecimento que têm, reflexo também gerado pela dificuldade de planejamento das aulas, principalmente na rede pública, onde 7 de cada 10 professores pesquisados relataram algum nível de dificuldade neste quesito fundamental para a prática docente.
Os dados são alarmantes, mas existe uma luz no fim do túnel. “Quando os professores passam por este tipo de autorreflexão e as lideranças das escolas tomam consciência de que precisam tratar o problema, ou seja, cuidar de quem cuida, nota-se um grande salto nos indicadores”, revela Sandra Garcia, pedagoga, mestre em psicologia e autora do livro Mediação da Aprendizagem “Os professores precisam de apoio para enfrentar o dia a dia da sala de aula e isso só funciona se for implementado um programa prático e orientado, para que ele possa assumir a autoria de sua docência. Percebemos que com isso, não apenas a prática do ensino melhora, mas também a relação com os alunos, seus familiares e consequentemente sua motivação e auto valorização”, complementa Sandra Garcia.
Outro aspecto fundamental para endereçar este problema está nas políticas públicas e investimentos em educação. O estudo demonstrou que municípios que investem neste tipo de abordagem apresentaram saltos de engajamento por parte dos professores, o que impactou diretamente na aprendizagem dos alunos em disciplinas como matemática, português e ciências.
Para Tadeu Ponte, um dos autores do estudo e estatístico responsável por diversas pesquisas na área educacional, “um estudo como este revela a composição do quadro educacional brasileiro e indica que é possível fazer melhorias se pensarmos e trabalharmos a longo prazo”.

Imagem: Shutterstock.
fonte: recebi por e-mail.

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