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Publicado em 14 Abril 2015
Durante muito tempo acreditou-se na aula expositiva. Pensava-se
que o discurso docente, repleto de conteúdos que deveriam ser
memorizados, era a forma mais adequada e eficiente para que as pessoas
aprendessem. Impossível negar que essa concepção de ensino tivesse
alguns méritos, pois era tempo em que se confundiam erudição com
sabedoria, citações retidas na lembrança como prova irrefutável de
eficiência. Como era essa uma fórmula universal do que se acreditava ser
aprendizagem, a avaliação das pessoas pautava-se pela busca de quem
mais claramente possuísse e demonstrasse esses requisitos.
Hoje já não se pensa mais assim. O conhecimento mais amplo sobre como
a mente humana funciona e experimentos laboratoriais sobre aprendizagem
realizados em diferentes países por entidades científicas diferentes
desvendaram o verdadeiro segredo da eficiência humana, os fundamentos
racionais do que deve abrigar uma verdadeira aprendizagem para
transformar o indivíduo, abrindo portas à sua sabedoria e eficiência.
Sai do cenário educacional a exposição repetitiva e a memorização
automática. Vive-se, sobretudo em países mais avançados
educacionalmente, a certeza de que a chave da inteligência e o segredo
universal da competência residem na interrogação desafiadora e na
reflexão compartilhada.
O educador que desafia e propõe problemas desequilibra conceitos
tidos como prematuramente certos e propõe hipóteses insinuantes e,
sobretudo, complementa as descobertas com a reflexão compartilhada pelo
grupo. Ele não deixa que as mídias interativas informem para que os
tolos memorizem, mas instiga as inteligências, vasculhando as memórias e
levando as mentes de seus discípulos à aprendizagem verdadeira, isto é,
à transformação de informações em conhecimentos e múltiplos desafios
encadeados em sabedorias pragmáticas, incapazes de citações estáticas,
mas ávidas em descobertas inusitadas que sustentam o presente e abrem
serenas esperanças para o futuro. A interrogação desafiadora e as
competências eficientes não representam apenas o alento inspirador de
uma nova educação, mas a certeza de que o mundo pode, efetivamente,
melhorar. Mas seguramente não é essa uma tarefa fácil: enquanto lá e
aqui pontificam, como exceções, os poucos e ousados precursores desse
novo amanhã, sobrevive uma colossal manada de búfalos correndo em
disparada e pisoteando sementes em direção a lugar nenhum.
Artigo publicado na edição de fevereiro de 2015
fonte: Profissão mestre - recebi por e-mail
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