A MENSAGEM DA CRUZ
Públio José – jornalista
Todos
sabem que Jesus Cristo morreu crucificado. Muitos conhecem
particularidades e minúcias da vida que viveu entre nós. Alguns até
defendem teses tecendo mil comentários a respeito do fenômeno que foi
Cristo. Em todos os momentos, principalmente no período da Semana Santa,
a humanidade, quase por inteiro, celebra a sua morte. Encenações
teatrais, filmes, reuniões, retiros, conferências – enfim, os eventos
mais diversos marcam a paixão, a vida, o ministério e a morte do homem
que dividiu o tempo do mundo em dois tempos: antes e depois Dele. Mas,
nesse momento de tanto emocionalismo, de tanta comoção, algumas
perguntas necessitam ser feitas: o que o sacrifício de Jesus na cruz
representa para nós? O conhecimento do gesto de Jesus na cruz traz
alguma diferença no nosso dia-a-dia? A morte de Jesus nos fez pessoas
diferentes ou continuamos os mesmos?
A questão vital é se tomar conhecimento de que nada do que Jesus fez
foi gratuito. O menor dos seus gestos teve uma significação especial. E o
evento no Monte do Calvário, com sua crucificação, morte e
ressurreição, foi o fato mais extraordinário já acontecido até hoje na
história do homem. Aliás, Jesus só rivaliza com ele próprio. Pois outro
acontecimento que pode se ombrear em magnitude à sua morte e
ressurreição é o seu nascimento, único até hoje ocorrido nas condições
especiais em que ocorreu. Mas hoje o assunto é a sua morte; do
nascimento de Jesus cuidaremos outro dia. O relato sobre como tudo se
passou recai na leitura do livro de Lucas, capítulo 23, a partir do
versículo 33. Ali, após ser crucificado, Jesus profere uma das sentenças
de maior significado prático para as nossas vidas, ao dizer “Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Nunca, jamais – e em nenhum outro momento da história humana – alguém
manteve tamanha lucidez diante de uma realidade de tanto desconforto
físico e tanta dor espiritual. Rejeitado, traído, cuspido, execrado,
Jesus exalou amor até os minutos finais de sua vida. A humanidade O
matava, porém Ele intercedia junto ao Pai em favor dos homens. Este
gesto de Cristo deve ser seguido, praticado em todos os momentos de
nossa vida. Afinal, se não perdoarmos a quem nos magoa, terminamos por
transformar em acontecimento inútil o sacrifício de Jesus na cruz. Esta
é, portanto, a primeira mensagem que Jesus nos envia da cruz – daqueles
dias até os dias de hoje: o perdoar em qualquer circunstância. Pelo seu
gesto, o perdão é uma condicionante fundamental para um viver cristão,
para todos aqueles que se dizem seguidores de suas ideias e detentores
de seu legado espiritual.
Passemos agora ao versículo 46, do mesmo capítulo 33 de Lucas. Ainda na
cruz, já exalando seus últimos minutos de vida, Jesus faz uma confissão
surpreendente – naquelas circunstâncias – de fidelidade incondicional
ao Pai, dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. O que é o
espírito? A vida, a nossa essência, o nosso eu. Com a sua exclamação,
Jesus queria dizer que o seu espírito, a sua essência Ele só entregaria
ao Pai – e a mais ninguém. O que isso significa? Comunhão total,
absoluta com Deus, apesar do extremo sofrimento que estava enfrentando.
Com seu gesto, Jesus nos remete à segunda mensagem da cruz: mantermos a
comunhão com Deus em qualquer situação, mesmo nos momentos mais
dolorosos. Será que é fácil? Não, não é. Daí a necessidade de não
apagarmos da mente o cenário da cruz, local onde Jesus praticou comunhão
e fidelidade a Deus em condições extremamente adversas.
Ao lado de Jesus dois homens também foram crucificados, conforme o
mesmo Lucas capítulo 33, versículo 43. Numa delas, um homem ruma para a
morte. De repente, de forma surpreendente, se volta para Jesus: “Mestre,
lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Momento terrível para
ele descobrir que Jesus era mestre, um título nobilíssimo naquele tempo,
e proprietário de um reino. Noutra cruz, o Filho de Deus, também nas
piores condições físicas, se volta para ele: “Filho, ainda hoje estarás
comigo no paraíso”. Estranho momento para chamar um marginal de filho e
lhe garantir a salvação, não é verdade? Aí está, então, a terceira
mensagem da cruz: ao nos voltarmos para Jesus – seja qual for a
circunstância – Ele nos garante a salvação, a morada com Ele no paraíso!
Portanto, sem a aceitação e vivência dessas três mensagens, de que
serve, para nós, o sacrifício de Jesus? Perdão, comunhão e salvação – a
verdadeira essência da cruz. Vamos vivê-la?
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