"Simula-se falhas" ou "simulam-se falhas"?
Segundo nota da Anac, "os principais ensaios realizados neste caso são o de interferência eletromagnética (com objetivo de verificar se sistemas essenciais da aeronave são suscetíveis) e modos de falha do sistema (simulam-se falhas para verificar se o resultado está coerente com as análises técnicas apresentadas)".
É recorrente a dúvida sobre a concordância na voz passiva pronominal. Isso se explica tanto pelo fato de haver uma construção semelhante (com pronome “se”) em que o verbo permanece no singular como pela dificuldade de reconhecer o sujeito passivo com verbo conjugado na forma ativa.
Numa construção como “simulam-se falhas”, temos a voz passiva. O termo “falhas” exerce a função de sujeito do verbo “simular” – daí o plural (“simulam”) em vez do singular (“simula”). Mas o leitor pode indagar: as falhas simulam alguma coisa? Resposta: não. É exatamente para tornar esse sujeito passivo (alvo da ação) que se usa o pronome “se” (chamado de “pronome apassivador”). Dizemos “simulam-se falhas” com o mesmo sentido de “falhas são simuladas”. “Falhas”, portanto, é o sujeito, com o qual o verbo concorda.
Não se deve confundir essa construção (possível apenas com verbos que admitem objeto direto) com outra, na qual o pronome “se” é um índice de indeterminação do sujeito. Em construções como “Trata-se de temas importantes” ou “Era-se menos cético naquele tempo”, não há sujeito passivo.
Essas frases estão na voz ativa e o sujeito dos verbos é indeterminado. Observe que, no primeiro caso, temos um verbo transitivo indireto (“tratar de”) e, no segundo, temos um verbo de ligação (“ser”). Nenhum deles admite objeto direto, portanto nenhum deles admite a voz passiva. Quando o sujeito é indeterminado e a estrutura comporta a partícula “se”, o verbo fica na terceira pessoa do singular.
Em suma, dizemos “Alugam-se salas” (voz passiva), pois “salas são alugadas”, e “Trata-se de pessoas honestas” (voz ativa com sujeito indeterminado).
fonte: www.uol.com.br por e-mail.
Nenhum comentário:
Postar um comentário