OLHA A
ÉTICA AÍ, GENTE!!!
Públio José – jornalista
Ao que parece, a Ética bateu asas do Brasil e deixou no seu lugar um
vácuo que vem nos causando enormes prejuízos. Alguns mais pessimistas chegam
até a afirmar que por aqui ela nunca fincou raízes. O certo é que, tanto da
população em geral como das lideranças em particular, em qualquer nível que se
observe, aqui, o desconhecimento do conceito de Ética chega às raias do
absurdo. Um deputado carrega namorada, sogra, cachorro e papagaio pelo mundo
todo, com passagens pagas pela Câmara dos Deputados, e fica por isso mesmo;
outro esconde da Receita Federal um patrimônio avaliado em cerca de R$ 25
milhões e nada acontece; outro contrata empregados domésticos para sua casa e
os lota em seu gabinete de deputado e a vida segue no mesmo diapasão; outros
vendem suas passagens a membros do Judiciário e embolsam o dinheiro a título de
complementação de salário e...
Todos sem exceção, ao apresentarem defesa ou emitirem nota à opinião pública,
se dizem inocentes, uma vez que nos seus gestos nada haveria de ilegal. São
atos que podem até não ser ilegais, mas, no mínimo, não têm lastro ético. Aí
está, então, a grande questão, a grande fronteira a ser desvendada, descoberta,
analisada: a da Ética. Pode um representante do povo, pode um funcionário
público, pode um empresário de porte pisar na Ética e ficar tudo por isso mesmo?
Ora, se todos fazem assim, então o buraco é mais embaixo! Há um ditado popular
que diz que “ninguém dá o que não tem”. Donde se conclui que a tais
pessoas não se pode exigir atitudes éticas se elas não sabem que bicho é esse.
Isso as inocenta? De modo algum! A constatação serve para que se olhe para
todos os patamares da escala social e se conclua com todas as letras: o
brasileiro não foi – nem está sendo – ensinado a respeito de Ética!
Afinal, com raríssimas exceções, qual o curso, qual a escola, qual a rede de
ensino – em qualquer nível que seja – qual, enfim, o ente público
ou privado que tem entre suas preocupações o ensino da Ética? Daí como se
exigir que o brasileiro responda com Ética a assuntos de natureza Ética se essa
matéria não tem espaço na sua mente? Então, por isso cessa a responsabilidade
de todos? De jeito nenhum! O que se constata é que o assunto é gravíssimo e
merece uma forte reflexão das autoridades e lideranças que se envolvem
diretamente com a questão. O que se vê, também, é que o Brasil – e outras
nações de regime democrático – vêm sendo bombardeadas já há algum tempo
por uma gigantesca onda de relativização de valores. “Valores? Para que
tê-los? Não me enchem a pança.” É o que comumente se ouve por aí, num
tipo de afirmação que beira a incivilidade e ao mais extremado cinismo.
Por sua vez,
na inexistência de uma cultura que privilegie os valores, o vácuo é criado
– e nele viceja a “lei da vantagem”, do querer ganhar.
Sempre. Pois, afinal, o que impede um homem de roubar, de matar, de fazer
apodrecer normas, regras e princípios? A Ética, em primeiro lugar. A
consciência de que limites existem e precisam ser preservados para a construção
do bem comum. Na Bíblia, um livro de ensino da Ética por excelência, está
escrito: “Tudo me é lícito; mas nem tudo me convém”, numa
permanente evocação à prática da Ética em função da existência do direito dos
demais. E mais: a Ética precede à Lei – daí a enorme importância do seu
ensino. É como diz aquele velho ditado: “É melhor prevenir do que
remediar”. Este é o valor que o “homo sapiens” aprendeu para
se tornar um ser civilizado. O mais é barbárie, pilhagem, estupro das normas da
boa e saudável convivência humana.
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