domingo, 19 de fevereiro de 2012
RECORDANDO MANUEL BANDEIRA - CIRO TAVARES - CEARÁ MIRIM/RN - BRASILIA/DF
Manuel Bandeira
Eu quis um dia, como Schumann, compor
Um carnaval todo subjetivo:
Um carnaval em que o só motivo
Fosse o meu próprio ser interior.....
Quando acabe,i -- a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
E o meu tinha a morta mortacor
Da senilidade e da amargura...
O meu carnaval sem nenhuma alegria !...
A EXPRESSÃO POÉTICA DO DOUTOR VALDECY ALVES - FORTALEZA/CE
A LONGA NOITE...
Ah, meu povo! Meus tristes irmãos,
Que longa noite vocês atravessam!
Não de 12 horas. Não de um dia
Não de uma semana...
Mas uma longa noite de meses!
Que demorado é o sol do novo dia
Não há lua, nem estrelas...
Sequer vagalumes errantes!
Sem esperança! Reféns de um presente
Que será escondido no futuro
Nas sombras da história!
Pois foram traídos, traíram-se
Ao tempo que a traição fervilha!
Cozendo-os impiedosamente
A criatura devora o criador!
Que trevas! Que escuridão!
E sopra o vento da necessidade
E troveja o terror das facções egoístas
Relampejando incessantemente a inquietação.
... Enquanto o pêndulo do tempo
Faz-se monótono e enfadonho!
Não pode haver treva maior
Nem pior sinal de decadência
Quando a esperança
Deixa de direcionar-se para o futuro!
Para ser a esperança
Do retorno ao pior vivido
No deprimente passado!
É hora de tornar-se cinzas
Para renascer! Cada um
E todos coletivamente
Necessidade e ignorância
Demagogia e oportunismo
Excesso de personalismo de governos
Submissão sem fim do governado
Só podem conduzir à escravidão!
Mas o sol haverá de vir
E a energia de sua luz
Virá da força do trabalho
Da autonomia verdadeira
Do exercício da liberdade plena
Da ação construtora
Da utopia tão sonhada!
E chegará um dia
Que de tanta luz
De saber e consciência
De Alegria e da não necessidade
Que a existência da mais pura escuridão
Não passará de uma lenda
No coração dos poucos supersticiosos!
Mas para isso e preciso luta
Necessária reação
A liberdade, a paz, a alegria
O triunfo e a glória
Só podem ser colhidos
Onde antes houver plantação!
Hora de revolucionar-se
E revolucionar!
Levantem-se! Não fiquem de joelhos!
Só de pé pode-se
Arar o chão para raízes do sonhado!
CHEGOU A HORA DE NOVA PLANTAÇÃO
SOBRE AS CINZAS DO QUE HAVIA OUTRORA!
RENASCER E REVOLUÇÃO!
Ah, meu povo! Meus tristes irmãos,
Que longa noite vocês atravessam!
Não de 12 horas. Não de um dia
Não de uma semana...
Mas uma longa noite de meses!
Que demorado é o sol do novo dia
Não há lua, nem estrelas...
Sequer vagalumes errantes!
Sem esperança! Reféns de um presente
Que será escondido no futuro
Nas sombras da história!
Pois foram traídos, traíram-se
Ao tempo que a traição fervilha!
Cozendo-os impiedosamente
A criatura devora o criador!
Que trevas! Que escuridão!
E sopra o vento da necessidade
E troveja o terror das facções egoístas
Relampejando incessantemente a inquietação.
... Enquanto o pêndulo do tempo
Faz-se monótono e enfadonho!
Não pode haver treva maior
Nem pior sinal de decadência
Quando a esperança
Deixa de direcionar-se para o futuro!
Para ser a esperança
Do retorno ao pior vivido
No deprimente passado!
É hora de tornar-se cinzas
Para renascer! Cada um
E todos coletivamente
Necessidade e ignorância
Demagogia e oportunismo
Excesso de personalismo de governos
Submissão sem fim do governado
Só podem conduzir à escravidão!
Mas o sol haverá de vir
E a energia de sua luz
Virá da força do trabalho
Da autonomia verdadeira
Do exercício da liberdade plena
Da ação construtora
Da utopia tão sonhada!
E chegará um dia
Que de tanta luz
De saber e consciência
De Alegria e da não necessidade
Que a existência da mais pura escuridão
Não passará de uma lenda
No coração dos poucos supersticiosos!
Mas para isso e preciso luta
Necessária reação
A liberdade, a paz, a alegria
O triunfo e a glória
Só podem ser colhidos
Onde antes houver plantação!
Hora de revolucionar-se
E revolucionar!
Levantem-se! Não fiquem de joelhos!
Só de pé pode-se
Arar o chão para raízes do sonhado!
CHEGOU A HORA DE NOVA PLANTAÇÃO
SOBRE AS CINZAS DO QUE HAVIA OUTRORA!
RENASCER E REVOLUÇÃO!
sábado, 18 de fevereiro de 2012
A VOZ LITERÁRIA DE CIRO JOSÉ TAVARES- BRASILIA - DF
A origem da língua Italiana
A Europa era uma confusão de inúmeros dialetos derivados do latim que aos poucos, ao longo dos séculos, se transformaram em alguns idiomas distintos – francês, português, espanhol, italiano. O que aconteceu na França, em Portugal e na Espanha foi uma evolução orgânica: o dialeto da cidade mais proeminente se tornou, aos poucos, a língua oficial da região toda. Portanto, o que hoje chamamos de francês é na verdade uma versão do parisiense medieval. O português é na verdade o lisboeta. O espanhol é essencialmente o madrilenho. Essas são vitórias capitalistas; a cidade mais forte acabou determinando o idioma do país inteiro. Na Itália foi diferente. Uma diferença importante foi que, durante muito tempo, a Itália sequer foi um país. Ela só se unificou bem tarde (1861) e, até então, era uma península de cidades-Estado em guerra entre si, dominadas por orgulhosos príncipes locais ou por outras potências europeias. Partes da Itália pertenciam à França, partes à Espanha, partes à Igreja, e partes a quem quer que conseguisse conquistar a fortaleza ou o palácio local. O povo italiano se mostrava alternativamente humilhado e conformado com toda essa dominação. A maioria não gostava muito de ser colonizada por seus co-cidadãos europeus, mas sempre havia aquele bando apático que dizia: “Franza o Spagna, purchè se magna” que, em dialeto, significa: “França ou Espanha, contanto que eu possa comer”. Toda essa divisão interna significa que a Itália nunca se unificou adequadamente, e o mesmo aconteceu com a língua italiana. Assim, não é de espantar que, durante séculos, os italianos tenham escrito e falado dialetos locais incompreensíveis para quem era de outra região. Um cientista florentino mal conseguia se comunicar com um poeta siciliano ou com um comerciante veneziano (exceto em latim, que não chegava a ser considerada a língua nacional). No século XVI, alguns intelectuais italianos se juntaram e decidiram que isso era um absurdo. A península italiana precisava de um idioma italiano, pelo menos na forma escrita, que fosse comum a todos. Então esse grupo de intelectuais fez uma coisa inédita na história da Europa; escolheu a dedo o mais bonito dos dialetos locais e o batizou de italiano. Para encontrar o dialeto mais bonito, eles precisaram recuar duzentos anos, até a Florença do século XIV. O que esse grupo decidiu que a partir dali seria considerada a língua italiana correta foi a linguagem pessoal do grande poeta florentino Dante Alighieri. Ao publicar sua “Divina Comédia”, em 1321, descrevendo em detalhes uma jornada visionária pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, Dante havia chocado o mundo letrado ao não escrever em latim. Considerava o latim um idioma corrupto, elitista, e achava que o seu uso na prosa respeitável havia “prostituído a literatura”, transformando a narrativa universal em algo que só podia ser comprado com dinheiro, por meio dos privilégios de uma educação aristocrática. Em vez disso, Dante foi buscar nas ruas o verdadeiro idioma florentino falado pelos moradores da cidade (o que incluía ilustres contemporâneos seus, como Boccaccio e Petrarca), e usou esse idioma para contar sua história. Ele escreveu sua obra-prima no que chamava de dolce stil nuovo, o “doce estilo novo” do vernáculo, e moldou esse vernáculo ao mesmo tempo que escrevia, atribuindo-lhe uma personalidade de uma forma tão pessoal quanto Shakespeare um dia faria com o inglês elizabetano. O fato de um grupo de intelectuais nacionalistas se reunir muito mais tarde e decidir que o italiano de Dante seria, a partir dali, a língua oficial da Itália seria mais ou menos como se um grupo de acadêmicos de Oxford houvesse se reunido um dia no século XIX e decidido que – daquele ponto em diante – todo mundo na Inglaterra iria falar o puro idioma de Shakespeare. E a manobra realmente funcionou. O italiano que falamos hoje, portanto, não é o romano ou o veneziano (embora essas cidades fossem poderosas do ponto de vista militar e comercial), e sequer é inteiramente florentino. O idioma é fundamentalmente dantesco. Nenhum outro idioma europeu tem uma linhagem tão artística. E, talvez, nenhum outro idioma jamais tenha sido tão perfeitamente ordenado para expressar os sentimentos humanos quanto esse italiano florentino do século XIV, embelezado por um dos maiores poetas da civilização ocidental. Dante escreveu sua “Divina Comédia” em terza rima, terça rima, uma cadeia de versos em que cada rima se repete três vezes a cada cinco linhas, o que dá a esse belo vernáculo florentino o que os estudiosos chamam de “ritmo em cascata” - ritmo esse que sobrevive até hoje no falar cadenciado e poético dos taxistas, açougueiros e funcionários públicos italianos. A última linha da “Divina Comédia”, em que Dante se depara com a visão de Deus em pessoa, é um sentimento que ainda pode ser facilmente compreendido por qualquer um que conheça o chamado italiano moderno. Dante escreve que Deus não é apenas uma imagem ofuscante de luz gloriosa, mas que Ele é, acima de tudo, l’amor che move Il sole e l’altre stelle... “O amor que move o sol e as outras estrelas...” |
A VOZ LITERÁRIA DE CIRO JOSÉ TAVARES - BRASILIA;
A origem da língua Italiana
A Europa era uma confusão de inúmeros dialetos derivados do latim que aos poucos, ao longo dos séculos, se transformaram em alguns idiomas distintos – francês, português, espanhol, italiano. O que aconteceu na França, em Portugal e na Espanha foi uma evolução orgânica: o dialeto da cidade mais proeminente se tornou, aos poucos, a língua oficial da região toda. Portanto, o que hoje chamamos de francês é na verdade uma versão do parisiense medieval. O português é na verdade o lisboeta. O espanhol é essencialmente o madrilenho. Essas são vitórias capitalistas; a cidade mais forte acabou determinando o idioma do país inteiro. Na Itália foi diferente. Uma diferença importante foi que, durante muito tempo, a Itália sequer foi um país. Ela só se unificou bem tarde (1861) e, até então, era uma península de cidades-Estado em guerra entre si, dominadas por orgulhosos príncipes locais ou por outras potências europeias. Partes da Itália pertenciam à França, partes à Espanha, partes à Igreja, e partes a quem quer que conseguisse conquistar a fortaleza ou o palácio local. O povo italiano se mostrava alternativamente humilhado e conformado com toda essa dominação. A maioria não gostava muito de ser colonizada por seus co-cidadãos europeus, mas sempre havia aquele bando apático que dizia: “Franza o Spagna, purchè se magna” que, em dialeto, significa: “França ou Espanha, contanto que eu possa comer”. Toda essa divisão interna significa que a Itália nunca se unificou adequadamente, e o mesmo aconteceu com a língua italiana. Assim, não é de espantar que, durante séculos, os italianos tenham escrito e falado dialetos locais incompreensíveis para quem era de outra região. Um cientista florentino mal conseguia se comunicar com um poeta siciliano ou com um comerciante veneziano (exceto em latim, que não chegava a ser considerada a língua nacional). No século XVI, alguns intelectuais italianos se juntaram e decidiram que isso era um absurdo. A península italiana precisava de um idioma italiano, pelo menos na forma escrita, que fosse comum a todos. Então esse grupo de intelectuais fez uma coisa inédita na história da Europa; escolheu a dedo o mais bonito dos dialetos locais e o batizou de italiano. Para encontrar o dialeto mais bonito, eles precisaram recuar duzentos anos, até a Florença do século XIV. O que esse grupo decidiu que a partir dali seria considerada a língua italiana correta foi a linguagem pessoal do grande poeta florentino Dante Alighieri. Ao publicar sua “Divina Comédia”, em 1321, descrevendo em detalhes uma jornada visionária pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, Dante havia chocado o mundo letrado ao não escrever em latim. Considerava o latim um idioma corrupto, elitista, e achava que o seu uso na prosa respeitável havia “prostituído a literatura”, transformando a narrativa universal em algo que só podia ser comprado com dinheiro, por meio dos privilégios de uma educação aristocrática. Em vez disso, Dante foi buscar nas ruas o verdadeiro idioma florentino falado pelos moradores da cidade (o que incluía ilustres contemporâneos seus, como Boccaccio e Petrarca), e usou esse idioma para contar sua história. Ele escreveu sua obra-prima no que chamava de dolce stil nuovo, o “doce estilo novo” do vernáculo, e moldou esse vernáculo ao mesmo tempo que escrevia, atribuindo-lhe uma personalidade de uma forma tão pessoal quanto Shakespeare um dia faria com o inglês elizabetano. O fato de um grupo de intelectuais nacionalistas se reunir muito mais tarde e decidir que o italiano de Dante seria, a partir dali, a língua oficial da Itália seria mais ou menos como se um grupo de acadêmicos de Oxford houvesse se reunido um dia no século XIX e decidido que – daquele ponto em diante – todo mundo na Inglaterra iria falar o puro idioma de Shakespeare. E a manobra realmente funcionou. O italiano que falamos hoje, portanto, não é o romano ou o veneziano (embora essas cidades fossem poderosas do ponto de vista militar e comercial), e sequer é inteiramente florentino. O idioma é fundamentalmente dantesco. Nenhum outro idioma europeu tem uma linhagem tão artística. E, talvez, nenhum outro idioma jamais tenha sido tão perfeitamente ordenado para expressar os sentimentos humanos quanto esse italiano florentino do século XIV, embelezado por um dos maiores poetas da civilização ocidental. Dante escreveu sua “Divina Comédia” em terza rima, terça rima, uma cadeia de versos em que cada rima se repete três vezes a cada cinco linhas, o que dá a esse belo vernáculo florentino o que os estudiosos chamam de “ritmo em cascata” - ritmo esse que sobrevive até hoje no falar cadenciado e poético dos taxistas, açougueiros e funcionários públicos italianos. A última linha da “Divina Comédia”, em que Dante se depara com a visão de Deus em pessoa, é um sentimento que ainda pode ser facilmente compreendido por qualquer um que conheça o chamado italiano moderno. Dante escreve que Deus não é apenas uma imagem ofuscante de luz gloriosa, mas que Ele é, acima de tudo, l’amor che move Il sole e l’altre stelle... “O amor que move o sol e as outras estrelas...” |
A MORTE COMO OBJETO DE ESCOLARIZAÇÃO: UMA PROPOSTA DE PESQUISA
Resumo
Texto Completo: PDF
Revista Travessias
PESQUISAS EM EDUCAÇÃO, CULTURA, LINGUAGEM E ARTE
ISSN 1982-5935 (versão eletrônica)
Unioeste - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Campus de Cascavel
Programa de Pós-Graduação em Letras
Grupo de Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e Arte
Rua Universitária, 2069 - Jardim Universitário
Cascavel – Paraná - CEP: 85819-110
Tel./Fax : (45) 3220-3176 - E-mail: revistatravessias@gmail.com
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
AS MENSAGENS POÉTICAS DO ADEMAR MACEDO - SANTANA DO MATOS/RN
<<< Uma Trova de Ademar >>>
Num triste e cruel enredo
escrito por poderosos,
a Terra treme com medo
das mãos dos gananciosos.
–Ademar Macedo/RN–
<<< Uma Trova Nacional >>>
Deus com sua Onipotência
usou respingos de amor
para colocar essência
nas pétalas de cada flor!!
–Carlos Aires/PE–
<<< Uma Trova Potiguar >>>
Deus é eterno, é vitalício...
Não é só questão de fé.
Quem existe, teve início
Deus não existe, Deus É!...
–Francisco Macedo/RN–
<<< ...E Suas Trovas Ficaram >>>
Eu vi o rio chorando quando te foste banhar
<<< Uma Trova Premiada >>>
2005 > Taubaté/SP
Tema > ECOLÓGICO > Venc.
Ante o terror das queimadasna floresta,
<<< Simplesmente Poesia >>>
M O T E :
A gente leva da vida,
A vida que a gente leva...
G L O S A:
–Celso da Silveira/RN–
Na estrada longa e comprida
para a viagem do além,
somente os atos do bem
A gente leva da vida,
Nessa hora decidida
em que o espírito se eleva,
fica a matéria na treva
porém deixa de sofrer,
porque ninguém vai saber
A vida que a gente leva...
<<< Estrofe do Dia >>>
Eu não quero viver igual ao nobre
num palácio dourado e majestoso,
e não quero viver todo andrajoso,
desse jeito que vive o homem pobre.
Esta roupa modesta que me cobre,
é aqui nesta casa que se faz;
eu plantei algodão tempos atrás
e o fio que eu colho eu mesmo teço,
eu só quero na vida o que mereço,
não aceito de menos nem de mais
–Bráulio Tavares/PB–
<<< Soneto do Dia >>>
IMITAÇÃO.
–Divenei Boseli/SP–
A frouxa luz do ocaso, em tintas fortes
estampa no poente, com magia,
a pompa com que faz morrer o dia
que, entanto, já morreu milhões de mortes;
reflete seu carmim fugaz, macia,
bordando minha fronha, nuns recortes,
que eu penso ver uns lábios de consortes,
buscando em mim o beijo que sacia…
Mas, desce a noite com seu crepe largo,
entra meu quarto a dentro sem embargo
e ensombra minha sombra em minha cama...
Nesse torpor de morte, em paz medonha,
eu beijo a boca que supus na fronha,
com a volúpia que só tem quem ama!