quinta-feira, 1 de novembro de 2012

DESAFIOS DA GESTÃO MUNICIPAL DE NATAL NO CAMPO DA CULTURA


ENSAIO DE
FRANCISCO ALVES*

 Pela sua complexidade, uma reflexão sobre a gestão da cultura em Natal exige, antes de tudo, a colocação de algumas premissas que sirvam como balizadoras das discussões a serem desenvolvidas com vistas à tomada de atitudes e a adoção de medidas concretas no rumo das resoluções, reconhecendo-se que as dinâmicas do processo de construção das políticas públicas impõem um ciclo de formulações, exigindo ampla integração das ações de planejamento sociocultural do município e das demandas da sociedade civil. Sabe-se que, no plano institucional e governamental, a área cultural de Natal tem sofrido muito, pela inexistência de programas, projetos (e propósitos),verificando-se que tem imperado a improvisação e o descompasso, revelando-se a inoperância e o descompromisso dos que foram alçados, de forma improvisada, à condição de gestores culturais, aos quais, claramente, a chefe do executivo não prestigiou. E isso é bem o retrato da administração municipal de Natal que se encerra, deixando para o Prefeito que assumirá o desafio de trabalhar aceleradamente, e de forma planejada, para, ao mesmo tempo resgatar (e fazer cumprir) os compromissos existentes e construir um programa cultural que seja capaz de desencadear ações e elaborar planos e projetos que contribuam para estruturar as políticas públicas da cultura. No nível da sociedade civil, há a urgente necessidade de uma mobilização que reúna os produtores e agentes culturais e os fazedores de arte, de um modo geral, para que sejam pactuadas novas formas de atuação e se contemple a cidade, retirando-a do marasmo em que se encontra no plano cultural, abrindo-se um amplo debate sobre a estruturação de um plano de cultura para Natal. PRINCIPAIS DESAFIOS FORMULADOS Desta maneira, considerando que a área cultural se encontra em estado de abandono, agravado por haver uma herança maldita a ser administrada, no que diz respeito ao atendimento de compromissos não cumpridos pela administração municipal que agora se encerra, os maiores e mais urgentes desafios são: 1- A elaboração do Plano Municipal de Cultura de Natal, a ser firmado estrategicamente como instancia articuladora da política cultural, afirmando-se o direito à cultura, ordenando-se as diretrizes e estabelecendo-se os eixos de atuação que orientarão as ações e os procedimentos na gestão publica da cultura; 2- Lutar pela afirmação de Natal como importante pólo de cultura do nordeste brasileiro, na amplitude das suas linguagens artísticas e na multiplicidade de valores das manifestações culturais existentes; 3- Fortalecer a ação do Município no planejamento e na execução das políticas culturais, reafirmando o seu papel indutor e garantidor do pluralismo de gêneros, estilos, tecnologias e modalidades, cabendo-lhe formular diretrizes, planejar, implementar, acompanhar, avaliar e monitorar ações e programas culturais, em permanente diálogo com a sociedade. O FUNDO DE CULTURA E A LEI DJALMA MARANHÃO O Fundo Municipal de Cultura, por sua vez, deverá ser vinculado à Lei Orçamentária do Município – LOA, tratando-se de objeto legalmente estabelecido e consolidado, não devendo, portanto, ficar à mercê dos humores de nenhum gestor de plantão. Essa é uma das principais reivindicações da comunidade artística, avalizada e encaminhada através do Conselho Municipal de Cultura de Natal. Com isso, teremos assegurados os valores em tempo hábil, além da transparência na aplicação dos recursos e nos procedimentos adotados. Sabe-se, ainda, que existem várias dividas a serem resgatadas, sobretudo no que diz respeito ao FIC – Fundo de Incentivo à Cultura de Natal, cujos valores referentes aos anos de 2011 e 2012, inexplicavelmente, encontram-se sustados e ainda não liberados pela administração municipal, prejudicando enormemente diversos projetos aprovados e agentes culturais contemplados. Por esta razão, o próprio Conselho Municipal de Cultura, por unanimidade dos seus conselheiros, emitiu Notificação Extrajudicial à Prefeita, expondo-lhe os fatos e chamando-a ao cumprimento da responsabilidade, e, não obtendo resposta, ainda articula-se e estabelece parceria com a OAB para dar prosseguimento aos trâmites legais visando sanar tal deficiência. Como não há política cultural em Natal, nem sequer a pasta responsável por este setor (a Fundação Capitania das Artes) encontra-se apta a realizar maiores voos, carecendo, no mínimo, de ser readequada e reaparelhada para cumprir com seus objetivos, a partir de uma abordagem prospectiva e avaliadora e de ampla reflexão sobre os sentidos socioculturais, educacionais e econômicos da cultura e o papel da arte no processo de desenvolvimento da cidade, defendemos que uma política cultural para Natal deve ser estabelecida a partir de amplo acordo entre os diferentes setores de interesse, articulando-se com as diversas áreas e definindo-se um referencial de compartilhamento de recursos coletivos (financeiros, materiais e imateriais, bens e serviços) fortalecido por consensos que garantam a sua legitimidade, tratando-se de um planejamento estruturante e consolidador, em longo prazo para a área cultural, visando sua completude. Ressalte-se, porém, como honrosas exceções, o desempenho dos conselheiros do Fundo Municipal de Cultura e os do Programa Djalma Maranhão de Incentivo à Cultura, constituídos por representações paritárias e integrados por pessoas comprometidas com o fazer artístico e cultural da cidade, cujas marcantes atuações, sem quaisquer remunerações, teem contribuído significativamente para manter em funcionamento, operacionalizar, defender, aperfeiçoar e buscar ampliar esses mecanismos de apoio, que representam importantes conquistas da comunidade artística e cultural. A GESTÃO CULTURAL DA CIDADE Por todos esses motivos e razões, entendemos que a gestão cultural deve ser preparada para enfrentar esses desafios, compreendendo que é preciso fazer emergir e salientar os personagens visíveis e invisíveis que compõem o universo natalense, assegurando-lhes o direito à visibilidade, o direito à diferença, o direito legitimo de habitar a cidade e nela ser feliz, sendo capaz de revelar e valorizar o seu repertório utilizando-se da multiplicidade de suas linguagens. O seu gestor, portanto, deve ser ‘do ramo’, isto é, participante do movimento artístico e cultural, conhecedor da lógica e da linguagem nele praticada, capacitado a propor e fomentar o debate e dele participar proativamente, pautando-se pela ética. Deve ser reflexivo, criativo e empreendedor, articulado e articulador, devendo possuir uma visão transdisciplinar da gestão cultural, promovendo o diálogo permanente entre os saberes e as diversas maneiras de criação, fruição, difusão, disseminação e consumo dos bens e serviços culturais. Enfim, conhecer, inserir-se e contribuir para aprimorar as regras e os mecanismos de financiamento das atividades culturais, via fundos públicos, orçamentos e leis de incentivos, situando-se em relação aos pactos federativos para a divisão das prerrogativas e responsabilidades entre as esferas de governo federal, estadual e municipal.
 
* O autor é:
 Conselheiro do Conselho Municipal de Cultura de Natal, do Programa Djalma Maranhão de Incentivo à Cultura e da Lei Cultural/RN Câmara Cascudo. É membro da UBE/RN, do ICAP, do Fórum Potiguar de Cultura, do Fórum Estadual/RN do Livro e Leitura e da Rede Nordeste do Livro e da Leitura. Editor, Produtor e Gestor cultural.
 
Mais detalhes veja: www.blogubern.blogspot.com.br

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A EDUCAÇÃO E A ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.





 Refletir sobre a proposta de ampliação do tempo integral de permanência do aluno na escola merece análises diversas e minuciosas sobre esse pensar. Pois implica em pensar sobre condições físicas e pedagógicas. 
A constituição Federal de 1988, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA. 1990) conclama Estado, Sociedade e Família para a necessidade urgente da frase que correu o Brasil inteiro na década de 90: Educação direito de todos e dever do Estado e família, em que essa educação seja promovida, também acompanhada e até mesmo incentivada pela sociedade.
Nesse sentido compreende-se que somente assim encontrar-se-á o desenvolvimento pleno do sujeito bem como a prática correta do pleno exercício da cidadania.
Algumas ações foram implementadas ao longo dos anos. Nesse sentido, podemos destacar o Plano Nacional de Educação que pensa objetivamente em um aumento da jornada escolar diária, hoje de quatro horas, para pelo menos 7 horas diárias.
Assim poderemos afirmar que há deveras uma tendência para que a educação brasileira passe a ser em tempo integral, haja vista está se pensando, que esta realidade possa ser uma política fundamentada na concepção de uma educação onde, sejam desenvoltas em sua totalidade em que as dimensões: Física, afetiva, cognitiva, ética assim como a dimensão da intelectualidade onde compreendemos e  sabemos existir e tanto as crianças como os adolescentes precisam, e que a sociedade almeja.
Considerando existir todas as dimensões citadas, é interessante afirmar que a isso acontecerá uma importante contribuição para a qualidade da educação no nosso país.
 Em resumo a ainda muito que estudar e o que aprender sobre essa temática, que consideramos ser de grande importância e que deverá ser discutida, refletida no âmbito das redes escolares, da sociedade e dos governos, que o assunto ora em pauta deva ser parte de política publica direcionada aos que pensam e atuam na educação brasileira, e que anseiam por uma educação em tempo integral instaurada e instalada devidamente e com sucessos.




A EXPRESSÃO POÉTICA DE M. C. GARCIA - NATAL/RN



Leitura: viagem e sonho
 
Se pretendes viajar
Sem gastar nenhum tostão
Invista na viagem do sonho
Crie tudo na imaginação
Na nave literatura
Com uma boa leitura
Entre o real e a ficção.

É sabido que toda escola
Nos ensina a estudar
Se aprende a escrever o nome
Mas também a se pensar
O fato de se aprender
É ler, viver e escrever
A estória do seu lugar.


M.C - Mauricio Garcia
Atual Presidente da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins
SPVA/RN

ESTÓRIA PARA PASSAR O TEMPO...



A barata voadora


Ontem ao anoitecer eu observava
Uma barata voadora que teimava
Em importunar a vida  de Birico e
Biringa duas lindas e amáveis crianças
Comportadas e responsáveis.

A barata voa, voa e parece querer falar...
Alguma coisa...
Birico e Biringa ficam completamente intrigados
E com mais medo ainda.
A barata voadora parece dizer.

Vocês não estão ouvindo?
Eu quero brincar com vocês,
Eu preciso de companhia,
Eu não faço mal nenhum.
Sou apenas um inseto
Não sou cascuda
Como dizem que sou...

A barata voava, voava  e
Parecia desnorteada,
ai então com uma chinelada
bem segura...
pum a barata vai ao chão.
E birico e biringa
Caem na gargalhada
Alegres e certos que
Venceu a uma  guerra
A guerra entre o bem e o mal.


ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES, SUCESSO DE PÚBLICO E CONTEÚDOS...

Em solenidade recheada de escritores, poetas e convidados, a União Brasileira de Escritores recebe seus convidados no Auditório da Academia de Letras do RN.
 

DR. EDUARDO ANTONIO GOSSON
PRESIDENTE DA UBE/RN E DO EPE
O Presidente, Escritor, Poeta e Advogado, Dr. Eduardo Gosson, iniciou a assembléia com uma saudação especial ao seu filho Fausto, falecido recentemente. 
Apos essa homenagem ao Filho Fausto, o Presidente leu um resumo de biografia de cada homenageado e entrega de uma placa dourada.

Neste V encontro de escritores, pode-se notar o crescimento do evento, as escolas públicas da Capital, encontram presentes, e tem-se visto um aumento de público. Eu particularmente participo desde o 3º encontro, em que tive o privilegio de participar de uma mesa redonda, que falava sobre o “oficio de escrever”.
Parabéns a União Brasileira de Escritores, instituição que tenho o privilegio de ser membro e que, vem desenvolvendo importante papel na sociedade no que tange a arte de escrever.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ARTE E LITERATURA BARROCAS - UFRN - CONVITE



A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), através do Grupo de Pesquisa Ponte Literária Hispano-Brasileira (GPPLHB) e do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), promove no período de 12 a 14 de novembro, o VIII Colóquio de Estudos de Arte e Literatura Barrocas e o II Seminário Internacional de Arte e Literatura Barrocas.

A abertura acontece dia 12, às 16h, no Auditório da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) e contará com a exposição “Barroco Transversal”, tendo como expositor Armando Sérgio dos Prazeres, professor do Curso de Comunicação Social da Universidade São Judas Tadeu-São Paulo.

O evento que conta com o apoio dos Departamentos de Letras (DLET) e de Línguas e Literaturas Estrangeiras Modernas (DLLEM) da UFRN tem o objetivo de promover um diálogo entre pesquisadores que transitam entre a produção barroca e o pensamento contemporâneo. Assim, convida a todos a um encontro de vários barrocos e múltiplos discursos.

Conferências, lançamentos de livros, exposições e recital compõem a programação do Colóquio e Seminário que pode ser acompanhada através do site: www.cchla.ufrn.br/barroco2012.

Mais informações através dos telefones: (84) 9171-9372 - Paula Pires (DLET), (84) 9646-2227 - Reny Maldonado (DLLEM) ou ainda através do e-mail: hispanobrasileira@cchla.ufrn.br.

FONTE: AGECOM - POR E-MAIL.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A EXPRESSÃO LITERÁRIA DO ESCRITOR CIRO JOSÉ TAVARES - BRASILIA/DF

AGLOMERAÇÃO E PERSONAGENS

PARTE III
OS GALHOFEIROS.
No Grande Ponto, nos domingos de carnaval, pelas 9 horas, faltava chão. Zé Areia, cabeça raspada, bermuda surrada, camiseta regata e faixa de Rei Momo, protestava contra a escolha do mítico personagem real feita pela municipalidade. A plateia açulava e Zé Areia, irreverente, espirituoso e desbocado era o espetáculo. Já meio barro, meio tijolo por conta da cachaça, cedia a cena para Zé Herôncio, Roberto Freire, Luís de Barros, acolitados por Cancão, o motorista da mais absoluta confiança, que chegavam para inaugurar o edifício RIAN, homenagem do empresário Amaro Mesquita à D. Nair, sua esposa.
As promessas da construção do prédio eram constantes. No entanto um tapume, da esquina da Avenida rio Branco, ao café São Luiz, protegia o terreno que permanecia intocável com seus pés de urtigas e carrapateiras. A demora na edificação permitia que Zé Herôncio e companheiros armassem o cenário na frente da Casa Vesúvio, procedendo a solene inauguração, com o corte da fita simbólica, benção do local, generosos brindes levantados meio aos discursos incrivelmente irônicos. E isso só terminou quando, realmente, o Rian foi entregue á cidade, onde se instalaram no térreo a Confeitaria Cisne, dos irmãos Miranda, e na sobreloja o Salão Bom Jesus, do Antônio Guedes.
Não demorava o entreato e logo o espaço era ocupado pelo desfile do Bloco do Jacu. Surgia quase de surpresa, talvez de algum acesso lateral à Rua João Pessoa. Um carroceiro, fantasiado como se fosse o general da banda, conduzia seu transporte na direção da Praça Pio X. Atrás, iluminada pela cachaça a caterva ululante, acompanhada de bombo, tamborim e tarol, cantava alto saudando o pobre pavilhão, onde se via o desenho de uma ave deitada num galho de árvore. A música não valia nada e o estribilho, sempre repetido, fazia corar a pureza das senhoras e a falsidade dos beatos:
“O Jacu saiu de casa pra brincar seu carnaval.
Há Jacu, há Jacu, há Jacu no pau”.
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