AGLOMERAÇÃO E PERSONAGENS
PARTE III
OS GALHOFEIROS.
No Grande Ponto, nos domingos de carnaval, pelas 9 horas, faltava chão.
Zé Areia, cabeça raspada, bermuda surrada, camiseta regata e faixa de
Rei Momo, protestava contra a escolha do mítico personagem real feita
pela municipalidade. A plateia açulava e Zé Areia, irreverente,
espirituoso e desbocado era o espetáculo. Já meio barro, meio tijolo por
conta da cachaça, cedia a cena para Zé Herôncio, Roberto Freire, Luís
de Barros, acolitados por Cancão, o motorista da mais absoluta
confiança, que chegavam para inaugurar o edifício RIAN, homenagem do
empresário Amaro Mesquita à D. Nair, sua esposa.
As promessas da construção do prédio eram constantes. No entanto um
tapume, da esquina da Avenida rio Branco, ao café São Luiz, protegia o
terreno que permanecia intocável com seus pés de urtigas e
carrapateiras. A demora na edificação permitia que Zé Herôncio e
companheiros armassem o cenário na frente da Casa Vesúvio, procedendo a
solene inauguração, com o corte da fita simbólica, benção do local,
generosos brindes levantados meio aos discursos incrivelmente irônicos. E
isso só terminou quando, realmente, o Rian foi entregue á cidade, onde
se instalaram no térreo a Confeitaria Cisne, dos irmãos Miranda, e na
sobreloja o Salão Bom Jesus, do Antônio Guedes.
Não demorava o
entreato e logo o espaço era ocupado pelo desfile do Bloco do Jacu.
Surgia quase de surpresa, talvez de algum acesso lateral à Rua João
Pessoa. Um carroceiro, fantasiado como se fosse o general da banda,
conduzia seu transporte na direção da Praça Pio X. Atrás, iluminada pela
cachaça a caterva ululante, acompanhada de bombo, tamborim e tarol,
cantava alto saudando o pobre pavilhão, onde se via o desenho de uma ave
deitada num galho de árvore. A música não valia nada e o estribilho,
sempre repetido, fazia corar a pureza das senhoras e a falsidade dos
beatos:
“O Jacu saiu de casa pra brincar seu carnaval.
Há Jacu, há Jacu, há Jacu no pau”.
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AGLOMERAÇÃO E PERSONAGENS
PARTE III
PARTE III
OS GALHOFEIROS.
No Grande Ponto, nos domingos de carnaval, pelas 9 horas, faltava chão. Zé Areia, cabeça raspada, bermuda surrada, camiseta regata e faixa de Rei Momo, protestava contra a escolha do mítico personagem real feita pela municipalidade. A plateia açulava e Zé Areia, irreverente, espirituoso e desbocado era o espetáculo. Já meio barro, meio tijolo por conta da cachaça, cedia a cena para Zé Herôncio, Roberto Freire, Luís de Barros, acolitados por Cancão, o motorista da mais absoluta confiança, que chegavam para inaugurar o edifício RIAN, homenagem do empresário Amaro Mesquita à D. Nair, sua esposa.
No Grande Ponto, nos domingos de carnaval, pelas 9 horas, faltava chão. Zé Areia, cabeça raspada, bermuda surrada, camiseta regata e faixa de Rei Momo, protestava contra a escolha do mítico personagem real feita pela municipalidade. A plateia açulava e Zé Areia, irreverente, espirituoso e desbocado era o espetáculo. Já meio barro, meio tijolo por conta da cachaça, cedia a cena para Zé Herôncio, Roberto Freire, Luís de Barros, acolitados por Cancão, o motorista da mais absoluta confiança, que chegavam para inaugurar o edifício RIAN, homenagem do empresário Amaro Mesquita à D. Nair, sua esposa.
As promessas da construção do prédio eram constantes. No entanto um
tapume, da esquina da Avenida rio Branco, ao café São Luiz, protegia o
terreno que permanecia intocável com seus pés de urtigas e
carrapateiras. A demora na edificação permitia que Zé Herôncio e
companheiros armassem o cenário na frente da Casa Vesúvio, procedendo a
solene inauguração, com o corte da fita simbólica, benção do local,
generosos brindes levantados meio aos discursos incrivelmente irônicos. E
isso só terminou quando, realmente, o Rian foi entregue á cidade, onde
se instalaram no térreo a Confeitaria Cisne, dos irmãos Miranda, e na
sobreloja o Salão Bom Jesus, do Antônio Guedes.
Não demorava o entreato e logo o espaço era ocupado pelo desfile do Bloco do Jacu. Surgia quase de surpresa, talvez de algum acesso lateral à Rua João Pessoa. Um carroceiro, fantasiado como se fosse o general da banda, conduzia seu transporte na direção da Praça Pio X. Atrás, iluminada pela cachaça a caterva ululante, acompanhada de bombo, tamborim e tarol, cantava alto saudando o pobre pavilhão, onde se via o desenho de uma ave deitada num galho de árvore. A música não valia nada e o estribilho, sempre repetido, fazia corar a pureza das senhoras e a falsidade dos beatos:
“O Jacu saiu de casa pra brincar seu carnaval.
Há Jacu, há Jacu, há Jacu no pau”.
Não demorava o entreato e logo o espaço era ocupado pelo desfile do Bloco do Jacu. Surgia quase de surpresa, talvez de algum acesso lateral à Rua João Pessoa. Um carroceiro, fantasiado como se fosse o general da banda, conduzia seu transporte na direção da Praça Pio X. Atrás, iluminada pela cachaça a caterva ululante, acompanhada de bombo, tamborim e tarol, cantava alto saudando o pobre pavilhão, onde se via o desenho de uma ave deitada num galho de árvore. A música não valia nada e o estribilho, sempre repetido, fazia corar a pureza das senhoras e a falsidade dos beatos:
“O Jacu saiu de casa pra brincar seu carnaval.
Há Jacu, há Jacu, há Jacu no pau”.
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