sábado, 21 de dezembro de 2013

A VOZ POÉTICA DE ROBERTO LIMA DE SOUZA -NATAL/RN

A NELSON MANDELA - IM MEMORIAM.









 UM HOMEM CHAMADO PAZ
  Poema à Memória Bendita de Nelson Mandela
  by Roberto Lima de Souza 


  Um dia, a paz despojou-se das convenções humanas
  E foi nascer, de novo, vestindo pele negra, 
  No hemisfério sul, no continente mais negro
  Deste mundo de meu de Deus...
  É que a paz se cansou de ser branca no hemisfério norte,
  Onde surgiram, meu Deus, as grandes guerras, 
  Embora tantos por lá tenham sempre buscado a paz, 

  Tenham sempre sonhado com a paz, sempre ela, 
 Vestida de branco e sempre bela... 
 A paz, porém, naquele extremo sul, não foi reconhecida
 Porque estava vestida de negro E os que governavam,
 Iguaizinhos aos homens do outro hemisfério,
 Imaginavam que ela, a paz,
  Nascesse branca, dócil e subserviente ao regime
 Que apartava os homens pelas diferenças de cor... 

 E a paz, tomando as dores da sua prima-irmã, a igualdade, 
Precisou endurecer-se na vida para poder lutar
 E enfrentar as duras injustiças sofridas pelos seus irmãos,
 Só porque tinham a mesma cor da sua pele... 

 E porque defendia direitos iguais para os seus,
 Foi a paz considerada subversiva
 E, por longos vinte e sete anos, banida, 
 Privada do convívio dos seus...

 E a paz, então, começou a cantar pela voz dos seus irmãos de cor 
 E de todas as outras cores que tem o amor...
 E o seu canto foi ouvido pelo mundo inteiro, 
 Do hemisfério sul ao hemisfério norte, 
 Porque o canto da paz é um grito que vence o furor;
 Que não teme a força bruta, que não teme mesmo a morte... 

 E tão forte foi o canto da paz 
Que, um dia, num dia de muita claridade, 
Mandela, que nasceu livre, 
 Reencontrou a liberdade
 E, a ela, de mãos dadas, fez esquecer a ideia de norte e sul: 
Vestiu-se com as cores todas da diversidade,
 E, entre os homens de pele branca e de pela escura,
 Passou a conviver no coração de todos
 Com o nome de fraternidade, 
Até que, um dia, foi chamado, de novo, de paz,
 Nos braços do Pai de toda a humanidade...

 Natal, 6 de dezembro de 2013.

NATAL SEM FAUSTO GOSSON - UM AMOR INFINITO!


FAUSTO E SEU PAI EDUARDO GOSSON
NATAL SEM FAUSTO GOSSON
 Por Eduardo Gosson 

 Natal é tradicionalmente o mês da família e das crianças, simbolizado no Menino Jesus. Este Natal será o mais melancólico da minha vida: no meu presépio falta um menino bom - Fausto - que partiu aos vinte oito anos, vítima de uma sociedade que está perdendo a guerra para as drogas (recentemente aqui bem perto, no Uruguai, o governo liberou o uso da maconha). Abrem-se as portas para o império do Mal. Em nome de uma pretensa liberdade total, proclama-se a legalização como forma de controle das atividades criminosas. Esquecem esses falsos intelectuais que nunca leram um Graciliano Ramos: “liberdade total não existe: começa-se preso pela sintaxe e muitas vezes termina-se numa Delegacia de Ordem Política Social – DOPS”. O Brasil não fez ainda o dever de casa: saúde, educação e segurança pública. Nada funciona neste país. Ao ver na comitiva presidencial que foi ao enterro de Nelson Mandela, Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula conclui-se que é tudo farinha do mesmo saco. Qual é o governo que compensará a solidão de um pai na Noite de Natal?

É POETA.

CONVITE




 O Presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN - EDUARDO ANTÔNIO GOSSON, convida Vossa Senhoria e família para a Sessão Solene de posse da nova Diretoria da entidade, a transcorrer no dia 26 de dezembro, às 16h, no auditório da Academia Norte-Rio-Gradense de Letras - ANL, oportunidade em que a chapa A UNIÃO FAZ A FORÇA, liderada pelo professor Roberto Lima de Souza, assumirá para o biênio 2014/2015. 

 Local: ANL - Rua MIpibu, 443 - Petrópolis
 Hora: 16h 
 Data: 26.12.2013 (quinta-feira) 

 Presidente - com Eduardo Antonio Gosson

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL/RN, APROVA EMENDA QUE VALORIZA A LITERATURA DE CORDEL.




O plenário da Câmara Municipal de Natal aprovou, por ampla maioria, a Emenda da vereadora Amanda Gurgel que criou a ação de valorização da literatura de Cordel no PPA (Plano Plurianual) 2014-2017.
A proposta surgiu como resultado da I Semana do Cordelista realizada em Natal, e o objetivo da Emenda é preservar e disseminar o Cordel através de políticas públicas.
Por meio dela, por exemplo, será possível: Instalar Cordeltecas nas escolas; constituir uma Escola de Cordel; realizar a Caravana de Cordel; trabalhar o gênero como recurso pedagógico em temas transversais e campanhas educativas, entre outras iniciativas em apoio à difusão dessa prática da cultura popular.
A proposta da Emenda será viabilizada pelo remanejamento de 1% dos recursos alocados para investimentos culturais.
O único vereador presente que se absteve da votação foi o vereador Adão Eridan (PR).
Natal/RN, 19.12.2013
por e-mail - poeta Hegos

NATAL COMEMORA 115 ANOS DO MESTRE DA CULTURA - CÂMARA CASCUDO


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A ESCOLA DO CEARÁ -MIRIM/RN




José Lívio Dantas
Com o Spleen de Natal (Amarela Edições, 1996) e agora estes Ensaios Mínimos, Franklin Jorge doutora-se, por assim dizer, como um dos membros mais representativos da Escola do Ceará-Mirim. Já tive outra oportunidade, em circunstância jornalística, de aludir ao caráter comum que essa cidade do Rio Grande do Norte infunde em seus filhos, como humanistas e figuras de expressão nacional nas letras científicas, filosóficas, jurídicas, históricas e literárias propriamente ditas. E lembro-me, ao dedilhar das teclas, de Rodolfo Garcia, Juvenal Antunes, Edgar Barbosa, Nilo Pereira, Jaime Adour da Câmara, Padre Jorge O’Grady e Gerardo Dantas Barreto, uma plêiade em que não pode faltar o nome do cronista-mor Júlio Gomes de Senna com seu bem documentado Ceará-Mirim, Exemplo Nacional.
O traço característico dessa escola é a síntese que seus membros fazem do particular com o geral, da aldeia com o mundo, do detalhe com a macrovisão. Nisso são magistrais. Olham para o pormenor e vêem a paisagem; falam de sua querência – para nordestinizar esse bonito vocábulo gauchesco – e se universalizam; voltam-se para dentro de si próprios e redescobrem a humanidade. Não é sem razão que são chamados de humanistas, ceará-mirimente humanistas.
Dois capítulos nestes Ensaios Mínimos, entre dúzia e meia de outros, bastam para comprovar a díade particular-universal, aqui tão bem conjugada por Franklin Jorge: Meu Montaigne e Palmyra revisitada.
Do pensamento de Montaigne, em pouco mais de uma página, Franklin faz uma leitura perfeita, em sintonia com dois dos maiores intérpretes do autor de Ensaios: Sainte-Beuve no século passado e Merleau-Ponty em meados deste. Onde Sainte-Beuve diz: "Être homme, voilá sa profession", Franklin completa: "Seu ofício consiste em viver em plenitude a circunstância". E quando Merleau-Ponty destaca que o ceticismo de Montaigne tinha duas faces, significando que "rien n’est vrai, mais aussi que rien n’est faux", nosso autor arremata: "Chega a ser pirrônico em sua capacidade de duvidar das certezas. Sabe que o medíocre é dogmático e ignora a dúvida".
Em Palmyra revisitada, Franklin Jorge nos leva ao pequeno mundo de Palmyra Wanderley – a Cidade do Natal com suas praias Redinha, Do Meio, Areia Preta e seus bairros Alecrim, Refoles, Rocas, Tirol, Petrópolis. Por esses topônimos ela chega aonde chegaram Auta de Souza, Gabriela Mistral, Edna Saint Vincent Millay, Cecília Meireles, Florbela Espanca e Henriqueta Lisboa, cada qual em seu mundo próprio. Franklin sabe disso. E tanto sabe que não teme paragonar Palmyra com, por exemplo, a lusa Florbela. Pois quem não vê que ele estava pensando no soneto Rústica ("Um vestido de chita bem lavado,/ Cheirando a alfazema e a tomilho") quando se refere às “lavadeiras das Quintas” do soneto obra-prima da poetisa potiguar?

Partem, cantando, à luz das alvoradas,
Molhando os pés na relva dos caminhos.

“Sabiá que tivesse penas de ouro”, na imagem de Andrade Muricy, ou a “cigarra dos trópicos” segundo Agripino Grieco, Palmyra Wanderley encontra em Franklin Jorge seu cultor ideal, um escritor para quem um verso como “Molhando os pés na relva dos caminhos” soa com a mesma plasticidade e a mesma beleza eufônica de “Verlaine? Il est caché parmi l’herbe, Verlaine” de Mallarmé.
Outros Franklin Jorge pelo século vinte e um a fora certamente darão prosseguimento a essa vigília em torno da poesia de Palmyra. Como o faz com espírito e coração, com inteligência e sensibilidade nosso Franklin Jorge de hoje. Aliás, sua missão intelectual parece ser mesmo essa: velar com olho “proustiano” e “alado” por nossos deuses lares: Auta, Palmyra, Juvenal, Cascudo, Myriam, Edgar, Zila e Caldas, para mantê-los em posição simétrica com os que mais mereçam ser velados no plano particular como no plano universal, sem exclusão de um pelo outro. E note-se que ele é um ceará-mirimense de apenas dois meses de vida naquele jardim de Academos à margem de canaviais. Tempo que lhe foi suficiente para receber, no leite que mamou, seus melhores e mais autênticos eflúvios. Salvo seja.

*Prefácio de “Ensaios Mínimos” (Inédito)
— com Franklin Jorge.