sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O ARTIGO DO JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ - NATAL/RN




                       Pesquisas mais recentes sobre o funcionamento da mente humana, sobre os elementos que regem a formação da inteligência e suas várias formas de manifestação, demonstram não haver, necessariamente, nenhuma relação entre a inteligência e a moral. Os estudos, da mesma forma, concluem pela inexistência de conexão entre a inteligência e a ética, como também entre ela e o caráter. Nesse território ainda pouco vasculhado da mente, a conclusão a que se chega, lamentavelmente, é que o personagem de uma história, para ser inteligente, não terá, obrigatoriamente, de agir em sua comunidade como pessoa de moral, de caráter, de boa índole. Por tais estudos, a inteligência está desatrelada dos demais elementos que constituem a base do comportamento humano, para planar, como águia, acima dos valores e escolher o rumo indicado pela individualidade e pelo livre arbítrio.
                        Tais considerações são pertinentes pelo momento de verdadeira inversão de valores que se observa, praticados na vida das pessoas, independente do segmento social que se venha a analisar. Maliciosos, antiéticos e imorais são visíveis em todos os quadrantes a olho nu, sem a necessidade, para descobri-los, de sofisticados instrumentos de medição científica. De todo modo, a conclusão dos estudiosos vem a calhar, pois passa a estabelecer uma rigorosa conexão científica entre o resultado dos trabalhos acadêmicos e a realidade que se vive no dia a dia contemporâneo. E no que isso tudo resulta? Que conclusões, do ponto de vista prático, podemos tirar de tais observações? É que, se antes o homem, em sua grande maioria, agregava à inteligência fortes conceitos carregados de moral e de ética, atualmente posiciona-se numa direção contrária, separando-a e cultivando-a para a prática de delitos de toda ordem.
                        Se agora está explicado, cientificamente, que a inteligência corre por fora, desligada do caráter, da moral, da ética, nos trejeitos que articula diante dos embates diários da vida, está justificada, então, a onda de safadezas e malandragens que abarrota o noticiário e enche de vergonha, entre outros, os espaços mais nobres da rotina nacional. É corriqueiro, pois, notar-se o uso que se faz da inteligência a serviço dos valores mais mesquinhos, para, como isso, glorificar-se a máxima de que o negócio é levar vantagem – em tudo. Rigor exagerado no que afirmo? Gostaria demais que assim fosse. Gostaria, inclusive, de serem totalmente erradas as observações que faço em torno deste assunto e de outros que compõem o cotidiano humano. Entretanto, não se tapa o sol com a peneira. E o que fica em nós, inexoravelmente, diante da realidade que rola, é o gosto amargo da decepção, da impotência, do desengano.
                        E o caráter como é que fica? Pra que direção se inclina, afinal? Segundo o dicionário, o caráter é o conjunto de traços psicológicos, o modo de ser, de sentir e de agir do indivíduo. Já a inteligência é a capacidade de fazê-lo perspicaz, de fazê-lo aprender com rapidez, de adaptá-lo a situações adversas. Enfim, de resolver pepinos e propor soluções. Daí, logo se vê que a inteligência trava uma luta renhida entre devotar-se a causas nobres, tendo no caráter um bom parceiro, ou amoldar-se de vez às exigências que afloram no contexto da tão apregoada modernidade. Para o caráter manter-se atrelado a princípios morais e éticos, com a inteligência se lambendo por vantagens imorais, não é tarefa fácil. Das duas uma: ou ele vence-a, subjuga-a – para permanecerem ambos num elevado padrão ético –- ou também embarca na gandaia.  Pois, como justificam – com cinismo – os tais inteligentes, resistir, quem há de?    
                                               



 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

PAI, FILHO E ESPIRITO DO CONTO DE DIAS CAMPOS - SÃO PAULO/SP

Dias Campos
Somo voz


            Ontem à noite fui a uma exposição de arte contemporânea. Confesso, porém, que não queria ir. Mas como prometera esse passeio à minha esposa, alternativa não tive senão a de reunir as forças que me sobravam e partir para o desconhecido, demonstrando bom ânimo o mais que pudesse.
Passado o sufoco por uma vaga no estacionamento – é incrível como centenas de outras esposas tiveram a mesma ideia –, e um outro estorvo logo se avizinhou, pois me esquecera de antecipar a compra das entradas pela Internet. E mais quarenta minutos se passaram até que conseguíssemos entrar.
Foi no próprio rés do chão que meus olhos foram atraídos por uma peça no mínimo exótica. Era um bidê – sim, um bidê! – de porcelana branca desbotada decorado com flores plásticas multicoloridas. Ora, como tudo era vendável, fui ao preço... e, pasmem, milhares de reais deveriam ser desembolsados por quem quisesse contemplá-la a sós no aconchego do lar.
Só que neste mesmo instante, distingui, nitidamente, uma voz há muito familiar. Era Mário Vargas Llosa, que tecia mais de uma consideração.
Entusiasmado, varri com os olhos todo o recinto, na esperança de tornar a abraçar aquele a quem muito estimo. 
Mas não o reencontrei.
Achei tudo isso muito estranho, sobretudo quando, afinando a minha escuta, notei que suas reflexões não só continuavam, como também pareciam permear aquele objeto de admiração. E pensei com meus botões: que maneira singular de se fazer propaganda!
Como me aproximasse daquela coisa – e isso muito agradava à minha mulher, que cria no meu crescente interesse –, mais e mais o intrigante mistério se descortinava. Na realidade, não era o Nobel de literatura, em si, que se fazia ouvir, mas, sim, a sua crítica, aquela mesma que dirigira à obra de Damian Hirst, um tubarão conservado em formol, e que proclamara em A civilização do espetáculo, livro que trata da degeneração das formas artísticas ante o aparecimento de uma sociedade voltada para o entretenimento puro e simples.
Era fato, aquilo que muitos aplaudiriam como uma obra-prima, e que, por isso mesmo, seria vendida a preço de diamantes, desnudava-se no que realmente era e que nunca deixara de ser: uma peça sanitária adornada com flores de mentira.
Mas o pior é que não consegui me conter e acabei revelando ao meu eterno amor o que me ia na alma... E foi a duras penas que consegui contornar esse pequenino deslize, o que evitou que o “climão” que se formara entre nós permanecesse.
Passado esse contratempo – e Deus sabe o quanto me contorci a cada novo pavimento –, e percebi que um aperto me ficara no peito. Afinal, esse fenômeno seria irreversível? Ou, dizendo de outra forma, até quando o declínio da cultura satisfará o modo de ser contemporâneo?
E como da arte prefiro a literatura, somo voz ao filho mais dileto de Arequipa, deixando a todos apenas mais duas perguntas: Por quanto tempo a decadência dominará as prateleiras das grandes livrarias ou fará abarrotar as salas dos cinemas? Será que nossos adolescentes aprenderiam mais com ela, ou será que se seus pais os incentivassem a ler, por exemplo, Vitor Hugo, Fernando Pessoa, Machado de Assis e Umberto Eco, entre outros, eles cresceriam mais bem preparados? Que o digam a criatividade nas redações dos concursos públicos, e as notas que lhes são consequentes!

domingo, 14 de dezembro de 2014

CALENDÁRIO LETIVO DAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO 2015

Portaria nº 948/2014 – SEEC/GS

A SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso de suas atribuições legais,

RESOLVE

Art. 1º. Aprovar o Calendário Escolar de 2015, anexo, a ser adotado pelas escolas da Rede Estadual de Ensino, com início do ano letivo para 02 de março de 2015.

Art. 2º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.

Gabinete da Secretária de Estado da Educação e da Cultura, em Natal/RN, 26 de novembro de 2014.

Betania Leite Ramalho
Secretária

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

SEEC E MINISTÉRIO PÚBLICO COMEMORAM SUCESSO DA CAMPANHA CONTE ATÉ 19 NO RN.




  Trabalhar para acabar com a triste realidade, a violência que chega ao RN, trazendo dados alarmantes. Os noticiários que alardeia o que ninguém deseja para sua família, violência!
           Pensando em reparar essa realidade, que embora ainda não esteja em nossas escolas, a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte uniu-se, por meio do seu Núcleo de Educação para a Paz e Direitos Humanos – NEEPDH e Subcoordenadoria de Ensino Médio – SUEM, a Promotoria de Justiça do Estado, na promoção da Campanha Conte até 10, cujo objetivo, coibir prevenir a violência nas escolas da sua rede.
            Nesse sentido, hoje estiveram reunidas no Complexo Cultural da Zona Norte, celebrando a Paz, a vida, mostrando o que os nossos jovens aprenderam sobre as temáticas trabalhadas nas escolas, durante o ano letivo de 2014. 
Betânia Ramalho, Iveluska, Vicencia e Maria José.
            Foi o ápice da Campanha, e a festa foi bonita e recheada de atividades, que os nossos Professores e Estudantes da escola pública tão bem sabem fazer. Foi momentos de puro deleite com poesias, cantos, releituras sobre bullingy, drogas e a mensagem principal, a PAZ NAS ESCOLAS, mensagens passadas por meio de peças teatrais.
           Presentes ao evento estavam as seguintes autoridades: Gestores, Professores e Coordenadores Pedagógicos das escolas envolvidas na Campanha, a Secretária de Educação, Profa. Doutora Betânia Ramalho, Promotora Iveluska Xavier, Profa. Doutora Aliete Bormann, Subcoordenadora de Ensino Médio, Profa. Espec. Maria José, Diretoria da 1ª DIREC e a Profa. Espec. Vicência Santos, Diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação – SINTE e os Técnicos Pedagógicos NEEPDH E SUEM.
         As escolas presentes ao evento foram: Instituto Padre Miguelinho, E.E. Winston Churchill, E.E. Anisio Teixeira, E.E. Berilo Wanderley, E.E. Miriam Coely, E.E. José Fernandes Machado, E.E. Jean Mermoz, E.E. Luís Antônio, Francisco Ivo Cavalcante, todas com um trabalho de excelência.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

1º FORRAU EM NATAL/RN


A CRÔNICA DE JOSÉ EDUARDO VILAR CUNHA - NATAL/RN



Urinol etílico José Eduardo Vilar Cunha.  (*)


                Normalmente as quartas feiras se reúnem no Iate clube do Natal para o almoço de confraternização, os afiliados da Ágape, uma entidade recreativa sem fins lucrativos. Numa quarta feira do encontro costumeiro, se assentavam lado a lado na mesa posta para o almoço, muitos dos seus adeptos, quando de repente surgem pela a porta principal, Affonsinho e Marcelo Morais que pareciam mais com a dupla dinâmica Robin e Batman. 
               A conversa é o ponto alto do encontro e, diante de mim, estava num animado papo, Affonsinho, que dizia que, na sua família havia nomes muito estrambólicos e, começou citando: Minha avó se chamava Occidentina e suas irmãs; Orientina, Ocasina, Poentina, Astrolina, Luina Marina e Orizontina. Da mesma maneira com nomes estranhos eram denominados os seus irmãos: Eraldim, Podalírio, Waldencolk e Trasíbolo. Entretanto, todos eram designados por apelidos, o de minha avó Occidentina era Picucha. Durante o rango, Affonsinho relata acontecimentos que sucederam na sua vida na década de 1950 e, com desembaraço foi narrando; primeiramente que a sua avó Picucha tinha um belo sitio no Município de Caxias, RJ. Durante o relato ele conta que, num certo dia, Picucha e seu irmão Eraldim, apelidado de Peri, que era um exímio tocador de bandolim, os dois, resolveram organizar uma feijoada para homenagear os músicos da Velha Guarda, e dentre eles estavam: Pixinguinha, Donga, Nelson Cavaquinho, João da Bahiana e Jacó do Bandolim. Todavia, para animar mais a festa a avó de Affonsinho o convida e estende a invitacão aos seus amigos e amigas, já que a feijoada era abundante. A questão estava como ir para Caxias, contava Affonsinho, dado a distância, mas, seu amigo Luciano Toscano “O Lucky” se prontificou de conseguir um caminhão da firma João Fortes Engenharia, onde trabalhava. Estava tudo combinado para o dia da festa, o caminhão deveria passar bem cedo, em frente a sua residência no posto 6, bairro de Copacabana. 
             A ansiedade tomava conta da turma de Copacabana, que nesse dia compunham a algazarra os amigos: Hélio Nelson, Afraninho Guerreiro, Ezequiel Ferreira, Abdiel Karin, Carlos Alberto, que tinha o apelido de Cabelo Bom, Breno Capistrano, Edmundo Miranda e algumas namoradas. O alvoroço aumenta quando surge o caminhão na esquina da rua, a euforia foi total e no momento que o veículo para, a procura por um bom lugar foi acirrada, na boléia, continuava lucky e na carroceria todo grupo se aboletava. 
           Durante o trajeto para Caxias o grupo cantava e brincava, todos estavam animadíssimos com aquele acontecimento e, com a perspectiva de uma boa farra, pois haveria um confronto entre a Velha Guarda que era composta pelos músicos e Nova Guarda, o intuito era para ver quem bebia mais e aguentava o tranco. Ao chegar ao sitio, a rapaziada desembarca do caminhão ávida para iniciar os trabalhos e partem logo para a coleta dos limões que foram retirados do pé.
                Com os limões já colhidos e com toda pressa, correm para a cozinha, com as cachaças, o açúcar e gelo para confeccionar a batida que, na época, não era conhecida como caipirinha. Todavia, faltava um elemento, a jarra, foi então que Affonsinho pediu a sua avó um recipiente para fazer a mistura. Ela então lhe disse que não tinha mais nenhum recipiente, além dos que tinha utilizado na colocação do feijão, das carnes, da farofa, linguiça, couve, arroz e que também não possuía mais nenhuma panela disponível.
             Eu aloprei, contou Affonsinho, pois como é que iríamos enfrentar a batalha sem munição. Foi então que a avó Picucha, disse: ”Peraí, tem em um penico”. Muito bem, pensei, como ela era uma senhora de formas avantajadas achei que a peça oferecida serviria para a finalidade a que se propunha. Tá legal vovó, traz o penico. Realmente o urinol era grande o suficiente, e desta maneira foi dado o início da confecção do precioso líquido. 
            Após realização de diversas misturas e provas com os participantes, surge uma dúvida que foi indagada: ”Vovó este penico é novo”? E ela respondeu: Novinho, só usei uma vez, e está bem limpo. Naquela altura da bebedeira não tinha mais jeito de parar, continuamos a usá-lo, com o maior gosto e alegria. No final da disputa etílica, entre a Nova e a Velha Guarda, conta Affonsinho, o confronto terminou empatado, arriou um dos nossos, o Edmundo e um deles o Nelson Cava-
quinho.

(*) Prof. Doutor em Engenharia, Jornalista escritor. Membro do IHGRN / UBE
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