Vinte anos sem Milanez.
Hoje, eu amanheci triste
Meu espírito indisposto
Cheguei na repartição
Era um clima de sol posto
Ao marcar o ponto vi
Vinte e cinco de agosto.
Então eu compreendi
A razão do mal-estar
Respirei fundo e ali
Comecei a trabalhar
Mas uma “dor” dentro em mim
Começou a aflorar.
Como nas cenas de um filme
Pus-me então a relembrar
Aquele terrível dia
Em que tive de amargar
Meu pai ser assassinado
Pelas mãos de um caparrar.
Vinte anos se passaram
Mas dele eu não me esqueço
Seu exemplo me anima
Por isso tem alto preço
Orgulho-me quando dizem
Que com ele eu me pareço.
Currais Novos, Currais Novos,
O teu solo ainda geme
O sangue de Milanez
Na profundeza ainda freme
Sei que ninguém admite
Mas a tua seiva treme.
Justiça divina, invoco
Com toda força do ser
Do meu pai eu sinto falta
E não quero sem saber
Do patife néscio e pífio
Que o empatou de viver.
As letras da minha terra
Sentem falta do seu Lente
A poesia também
Ficou órfã, ainda doente
Sem Milanez, o Sertão
Ficou muito diferente.
Sua viola querida
Continua bem guardada
Desde que Nino se foi
Por ninguém foi mais tocada
Com saudades deles dois
Se encontra desafinada.
Os seus filhos e seus netos
Inda sentem, a mesma dor
Daquele fatídico dia,
Que foi um “dia” de horror
Porque calaram a voz
E a lira do cantador.
O cantador do sertão
Que alegrava sua gente
Com as suas poesias
Sua música, seu repente
Hoje, canta lá no céu
Mas pra nós está presente.
Foi mais um sindicalista
Que pelo povo falava
Reivindicando direitos
Pela classe ele lutava
Ao trabalhador rural
Sua vida dedicava.
Mas com isto muita gente
Sentia-se incomodada
Num país capitalista
Defender pobre é piada
Os patrões ricos não gostam
Acham que é palhaçada.
Por isso era mal visto
Pelos “barões” do lugar
Que queriam a todo custo
Ao Sindicato acabar
E como não conseguiam
Fizeram-no então calar.
Desde então o Sindicato
Encontra-se bem mudado
Descaracterizou-se
Anda desvalorizado
Não existe nem a sombra
Do que ele foi no passado.
O sindicato está lá
Mas nunca mais foi o mesmo
O trabalhador sofrido
Continua lá a esmo
Quem sabe, até “esquentado”
Capaz de virar torresmo.
A sanha do assassino
Hoje deve estar contida
Pois a voz de Milanez
Por ninguém mais foi ouvida
Defendendo o camponês
A razão da sua lida.
Esse inimigo gratuito
Deve viver satisfeito
Pois quando ouvia a voz dele
Enchia-se de despeito
Tinha uma inveja voraz
E planejava dar “jeito”.
E, deu! De modo cruel
Com o seu ato covarde
Quatro tiros inda ecoam
Ainda fazem alarde
No peito de todos nós
Com veemência inda arde.
Mas Deus o Grande Juiz
Tomará a providência
Cabível para este insano
Não usará de clemência
Ele é o Deus da Justiça
Não muda na sua essência.
Assim nós acreditamos
Vamos esperar pra ver
Justiça Divina - sim:
Terá de acontecer
“não matar” – a Palavra
Na qual aprendi a crer.
Tinha que morrer um dia
Este é o nosso destino
Porém não daquele jeito
Pelas mãos de um assassino
É por isso que condeno
Esse pérfido desatino.
Temos que nos conformar
Visto que somos mortais
Com tudo que aconteceu
Nós já sofremos de mais
Adianta fazer nada?
Milanez não volta mais.
Não volta, mas seu exemplo
Continua muito vivo
Pra perdurar sua história
Deve haver incentivo
Seus versos e seus discursos
Guardo num belo arquivo.
O teu exemplo, meu pai
Nos acompanha na lida
Teu jeito manso de ser
Tem servido de guarida
Com o bem que ensinaste
Vamos sós tocando a vida.
Eu sou a primeira herdeira
Desse teu gênio altivo
Teu valor, dignidade
Guardo aqui no meu “arquivo”
Não te fostes por completo
Eu sou teu retrato vivo.
Sensível, minha saudade
O tempo nunca soterra
Mas os amigos me dizem
Certeza de quem não erra
Tu és o retrato vivo
Que teu pai deixou na terra.
Com isto fico feliz
Sinto-me até orgulhosa
Eu estou falando sério
Pois não sou de muita prosa
Para mim isso é o mesmo
Que uma menção honrosa.
Por ter lido meus versinhos
Eu agradeço a vocês
Desculpe-me a franqueza
Por dizer com altivez
Ele tem as mãos tingidas
Do sangue de Milanez.
Um dia vai responder
Pela terra que encharcou
Com suas mãos assassinas
E o sangue que derramou
Ele terá que dar conta
Da vida que ele tirou.
Só deus tem esse direito
Pois da vida é o Senhor
Quem tira a vida do outro
Não passa de usurpador
Deus escreveu “não matar”
Quem faz isso é transgressor.
Eis aí caro leitor
Toda essa conseqüência
Que um ato insano gerou
Que dura experiência!
Tive de passar na vida
Com tamanha procedência.
Hoje, eu amanheci triste
Meu espírito indisposto
Cheguei na repartição
Era um clima de sol posto
Ao marcar o ponto vi
Vinte e cinco de agosto.
Então eu compreendi
A razão do mal-estar
Respirei fundo e ali
Comecei a trabalhar
Mas uma “dor” dentro em mim
Começou a aflorar.
Como nas cenas de um filme
Pus-me então a relembrar
Aquele terrível dia
Em que tive de amargar
Meu pai ser assassinado
Pelas mãos de um caparrar.
Vinte anos se passaram
Mas dele eu não me esqueço
Seu exemplo me anima
Por isso tem alto preço
Orgulho-me quando dizem
Que com ele eu me pareço.
Currais Novos, Currais Novos,
O teu solo ainda geme
O sangue de Milanez
Na profundeza ainda freme
Sei que ninguém admite
Mas a tua seiva treme.
Justiça divina, invoco
Com toda força do ser
Do meu pai eu sinto falta
E não quero sem saber
Do patife néscio e pífio
Que o empatou de viver.
As letras da minha terra
Sentem falta do seu Lente
A poesia também
Ficou órfã, ainda doente
Sem Milanez, o Sertão
Ficou muito diferente.
Sua viola querida
Continua bem guardada
Desde que Nino se foi
Por ninguém foi mais tocada
Com saudades deles dois
Se encontra desafinada.
Os seus filhos e seus netos
Inda sentem, a mesma dor
Daquele fatídico dia,
Que foi um “dia” de horror
Porque calaram a voz
E a lira do cantador.
O cantador do sertão
Que alegrava sua gente
Com as suas poesias
Sua música, seu repente
Hoje, canta lá no céu
Mas pra nós está presente.
Foi mais um sindicalista
Que pelo povo falava
Reivindicando direitos
Pela classe ele lutava
Ao trabalhador rural
Sua vida dedicava.
Mas com isto muita gente
Sentia-se incomodada
Num país capitalista
Defender pobre é piada
Os patrões ricos não gostam
Acham que é palhaçada.
Por isso era mal visto
Pelos “barões” do lugar
Que queriam a todo custo
Ao Sindicato acabar
E como não conseguiam
Fizeram-no então calar.
Desde então o Sindicato
Encontra-se bem mudado
Descaracterizou-se
Anda desvalorizado
Não existe nem a sombra
Do que ele foi no passado.
O sindicato está lá
Mas nunca mais foi o mesmo
O trabalhador sofrido
Continua lá a esmo
Quem sabe, até “esquentado”
Capaz de virar torresmo.
A sanha do assassino
Hoje deve estar contida
Pois a voz de Milanez
Por ninguém mais foi ouvida
Defendendo o camponês
A razão da sua lida.
Esse inimigo gratuito
Deve viver satisfeito
Pois quando ouvia a voz dele
Enchia-se de despeito
Tinha uma inveja voraz
E planejava dar “jeito”.
E, deu! De modo cruel
Com o seu ato covarde
Quatro tiros inda ecoam
Ainda fazem alarde
No peito de todos nós
Com veemência inda arde.
Mas Deus o Grande Juiz
Tomará a providência
Cabível para este insano
Não usará de clemência
Ele é o Deus da Justiça
Não muda na sua essência.
Assim nós acreditamos
Vamos esperar pra ver
Justiça Divina - sim:
Terá de acontecer
“não matar” – a Palavra
Na qual aprendi a crer.
Tinha que morrer um dia
Este é o nosso destino
Porém não daquele jeito
Pelas mãos de um assassino
É por isso que condeno
Esse pérfido desatino.
Temos que nos conformar
Visto que somos mortais
Com tudo que aconteceu
Nós já sofremos de mais
Adianta fazer nada?
Milanez não volta mais.
Não volta, mas seu exemplo
Continua muito vivo
Pra perdurar sua história
Deve haver incentivo
Seus versos e seus discursos
Guardo num belo arquivo.
O teu exemplo, meu pai
Nos acompanha na lida
Teu jeito manso de ser
Tem servido de guarida
Com o bem que ensinaste
Vamos sós tocando a vida.
Eu sou a primeira herdeira
Desse teu gênio altivo
Teu valor, dignidade
Guardo aqui no meu “arquivo”
Não te fostes por completo
Eu sou teu retrato vivo.
Sensível, minha saudade
O tempo nunca soterra
Mas os amigos me dizem
Certeza de quem não erra
Tu és o retrato vivo
Que teu pai deixou na terra.
Com isto fico feliz
Sinto-me até orgulhosa
Eu estou falando sério
Pois não sou de muita prosa
Para mim isso é o mesmo
Que uma menção honrosa.
Por ter lido meus versinhos
Eu agradeço a vocês
Desculpe-me a franqueza
Por dizer com altivez
Ele tem as mãos tingidas
Do sangue de Milanez.
Um dia vai responder
Pela terra que encharcou
Com suas mãos assassinas
E o sangue que derramou
Ele terá que dar conta
Da vida que ele tirou.
Só deus tem esse direito
Pois da vida é o Senhor
Quem tira a vida do outro
Não passa de usurpador
Deus escreveu “não matar”
Quem faz isso é transgressor.
Eis aí caro leitor
Toda essa conseqüência
Que um ato insano gerou
Que dura experiência!
Tive de passar na vida
Com tamanha procedência.
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