quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

PAULO COELHO - UMA HISTÓRIA PARA O DIA DE NATAL

Um dia navegando na net, deparei-me com o site do Escritor Paulo Coelho, sou sua fã. Enviei ao mesmo um e-mail, dizendo o quanto lhe admirava, e desde então todo natal recebo uma mensagem do mesmo e como presente um conto. Esse, já é o quarto que recebo, resolvi compartilhar com vocês.
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Estimado (a) leitor (a),Como maneira de agradecer o apoio recebido em 2009, e mantendo a tradição dos anos anteriores, estou enviando o conto de Natal que escrevi para as colunas que tenho em diversos jornais do mundo.Que Deus nos ilumine em 2010, Paulo CoelhoBlog: http://paulocoelhoblog.com/ / e-mail paulo@paulocoelho.com.br
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Paulo Coelho
Uma história para o dia de Natal
Conta uma antiga e conhecida lenda, que há cinco mil anos três cedros nasceram nas lindas florestas do Líbano. Como todos nós sabemos, os cedros levam muito tempo para crescer, e estas árvores passaram séculos inteiros pensando sobre a vida, a morte, a natureza, os homens.
Presenciaram a chegada de uma expedição de Israel, enviada por Salomão, e mais tarde viram a terra coberta de sangue durante as batalhas com os assírios. Conheceram Jezabel e o profeta Elias, inimigos mortais.
Assistiram a invenção do alfabeto, e deslumbraram-se com as caravanas que passavam, cheias de tecidos coloridos.
Um belo dia resolveram conversar sobre o futuro.
-Depois de tudo o que tenho visto -disse a primeira árvore -quero ser transformada no trono do rei mais poderoso da terra.
-Eu gostaria de ser parte de algo que transformasse para sempre o Mal em Bem -comentou a segunda.
-Por meu lado, queria que toda vez que olhassem para mim pensassem em Deus -foi a resposta da terceira.
Mais algum tempo se passou, e lenhadores apareceram. Os cedros foram derrubados, e um navio os carregou para longe.
Cada uma daquelas árvores tinha um desejo, mas a realidade nunca pergunta o que fazer com os sonhos; a primeira serviu para construir um abrigo de animais, e as sobras foram usadas para apoiar o feno. A segunda árvore virou uma mesa muito simples, que logo foi vendida para um comerciante de móveis. Como a madeira da terceira árvore não encontrou compradores, foi cortada e colocada no armazém de uma cidade grande.
Infelizes, elas se lamentavam: “ Nossa madeira era boa, e ninguém encontrou algo de belo para usá-la”.
Algum tempo se passou e, numa noite cheia de estrelas, um casal que não conseguia encontrar refúgio resolveu passar a noite no estábulo que tinha sido construído com a madeira da primeira árvore. A mulher gritava, com dores do parto, e terminou dando a luz ali mesmo, colocando seu filho entre o feno e a madeira que o apoiava.
Naquele momento, a primeira árvore entendeu que seu sonho tinha sido cumprido: ali estava o maior de todos os reis da Terra.
Anos depois, numa casa modesta, vários homens sentaram-se em torno da mesa que tinha sido feita com a madeira da segunda árvore. Um deles, antes que todos começassem a comer, disse algumas palavras sobre o pão e o vinho que tinham diante de si.E a segunda árvore entendeu que, naquele momento, ela sustentava não apenas um cálice e um pedaço de pão, mas a aliança entre o homem e a Divindade.
No dia seguinte, retiraram dois pedaços do terceiro cedro, e o colocaram em forma de cruz. Deixaram-no jogado em um canto, e horas depois trouxeram um homem barbaramente ferido, que cravaram em seu lenho. Horrorizado, o cedro lamentou a herança bárbara que a vida lhe deixara.
Antes que três dias decorressem, porém, a terceira árvore entendeu seu destino: o homem que ali estivera pregado era agora a Luz que tudo iluminava. A cruz feita com sua madeira tinha deixado de ser um símbolo de tortura, para transformar-se em sinal de vitória.
Como sempre acontece com os sonhos, os três cedros do Líbano tinham cumprido o destino que desejavam -mas não da maneira que imaginavam.
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Um comentário:

  1. Oii, querida Poetisa e Presidente!!!
    Reiterando nossos votos de feliz Natal, parabenizamos pela beleza do seu blog e esperamos que o próximo ano seja pleno de realizações pessoais e profissionais.
    Ahh, obrigado pelo conto!
    Fraternal abraço dos seus amigos Malubens

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