Nos idos anos 70 - minha mãe, Professora Aposentada Nenzinha Macedo, fazia parte do corpo docente desta escola.
Capitão Mor Galvão: uma escola tem história e vida
Professor Francisco Cândido (BERTO)*
Como educador, sem querer aprofundar a questão, me veio à mente uma grande curiosidade no sentido de indagar a história, como seria a educação em 1911? Essa foi à data da fundação da Escola Capitão Mor Galvão.
Ela surgiu no período da educação onde a escola pública era profundamente elitista, portanto, destinada a classe social mais favorecida.
Nesse sentido, os professores eram, na grande maioria, recrutados das elites dominantes, trazendo o patrimônio cultural herdado dos grandes clássicos da literatura mundial e contemporânea. Colégios como o das Damas, os Liceus, os Ateneus, as Escolas de Belas Artes, eram os preferidos das elites e de seus apadrinhados. Essa burguesia trazia consigo o padrão cientifico e cultural das classes dominantes.
O currículo, ou seja, o que ensinar (o conteúdo), era claramente definido. Podemos criticar a didática, a disciplina, o caráter autoritário da gestão escolar, mas o que transmitir aos alunos estava muito claro nos programas elaborados pela elite da sociedade com o irrestrito apoio das Igrejas.
Em 1911, estava em vigor a Lei Orgânica de Rivadávia Correia, estabelecendo o ensino livre e retirando do Estado o poder de interferência no setor educacional.Era uma lei baseada nas ideias do ensino livre.
A Reforma Rivadávia da Cunha Correia permitiu aos estabelecimentos de ensino secundário a realização de exames reconhecidos oficialmente. Estabelecia a liberdade total do ensino secundário e superior, quer do ponto de vista didático, quer do administrativo. Diz à história que essa “liberdade” foi a anarquia. Novos decretos orientarão a educação brasileira, destacando o celebre Código Epitácio Pessoa.
Nessa altura, resolvi mergulhar no passado para trazer fatos que bem materializassem esse tempo da educação.
Certa vez, o ex prefeito José Dantas de Araújo, de boas e saudosas memórias, me interrogou:
- Por que, no tempo do antigo Capitão Mor Galvão, a professora Dona Zilda, de Natal, vinha dar aulas aqui, vestindo os trajes mais sofisticados da época, calçando os melhores sapatos, usando as melhores e mais caras joias, inclusive se hospedando no Tungstênio Hotel?
E para encurtar a história eu dizia para ele, na condição de seu Secretario Municipal de Educação e cultura:
- Os tempos são outros. Você concorda, Senhor Prefeito?
Após essas lições de história, fui dormir. Eram quase 2h da madrugada, fria e tranquila. No dia seguinte, resolvi escrever um poema dedicado a essa escola que um dia foi o grande desafio da minha vida: implantar o ensino de 1 grau, numa escola desacreditada pela comunidade e alvo de chacotas do tipo “ Capitão Mor Galvão, entra burro e sai ladrão”
A escola de outrora
Comemora o centenário de uma escola
Que no decorrer da vida plantou tanto bem
E o mestre sobre muitos, estendeu a estola
E hoje povoa as moradas verdejantes do além.
Pelos bancos dessa escola já passaram tantos...
Foram homens e mulheres ávidos de saber
Não irei incomoda-los em seus sonos santos,
Pois descansam nos jardins do eterno viver.
Hoje, abro o meu relicário coração balão
E reencontro a saudade do amor que ficou,
Voando nas asas azuis e brancas da imaginação
Levo a porção do amor que em meu peito ficou.
No centenário da vida dessa escola em festa
Visualizo a floresta que atavia o altar da paz
Erguido com os acordes dessa esfuziante seresta,
Perpetuando o saber que nem o mal desfaz.
Como seu ex aluno e ex diretor
Guardo histórias de aprendiz e mestre
Escritas com o abecedário do amor.
A ti, minha escola, um buque de flor silvestre.
* Ex vereador, poeta e escritor.
detalhes: www.educaçãoecidadania.blogspot.com
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