Continuidade
Existe um cão que ladra quando eu passo,
como se visse um bêbedo, um mendigo.
E no entanto, esse cão foi meu amigo,
como tantos amigos que ainda faço.
À noite, com que alegre estardalhaço
vinha encontrar-me no portão antigo;
enquanto a dona vinha ter comigo
e, sorrindo, apoiava-se ao meu braço.
Hoje ele faz a outro a mesma festa
e ela o mesmo carinho, tão honesta
como se nem notasse a transição.
Eu rio dessa triste brincadeira,
mas quando uma mulher é traiçoeira,
não se pode confiar nem no seu cão!
(Giuseppe Artidoro Ghiaroni)
Giuseppe Artidoro Ghiaroni – Nasceu em Paraíba Do Sul, (RJ), no dia 22 de fevereiro de 1919.
Jornalista, poeta, redator e tradutor; Depois de ter sido ferreiro, “office-boy” e caixeiro, passou a redator do “Suplemento juvenil ”
iniciando-se assim no jornalismo de onde passou para o Rádio distinguindo-se como cronista e novelista.
Ao mudar-se para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhou como redator do "Suplemento Literário" e no jornal "A Noite",
de onde passou para a Rádio Nacional (ambas as empresas ficavam no mesmo edifício, na Praça Mauá, centro do Rio)
onde consagrou-se como cronista daquela emissora. Foi o autor de "Mãe", uma das novelas de maior sucesso da Rádio Nacional e que em 1948 foi transformada em filme (Mãe) com a direção de Teófilo de Barros Filho.
Ghiaroni foi ainda contratado da Rede Globo. Entre outros trabalhos, assessorou Chico Anysio nadécada de 1990, quando este
produzia a "Escolinha do Professor Raimundo". Faleceu em 2008 aos 89 anos.
"Amigo que foi, não era" (Pedro Ornellas) por e-mail.
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