A Câmara Municipal de Natal realizou hoje
(09) Audiência Pública para debater o SISU como instrumento de seleção
para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A Audiência
foi promovida pelo Vereador George Câmara (PCdoB) e contou com a
presença dos estudantes Ramon Alves, representando a UNE; Melayne
Macedo, DCE/UFRN; Whanderley Costa, UMES Natal; Pedro Sérgio, APES;
Pedro Henrique, UBES; além de Adelardo Adelino, Pró-Reitor Adjunto de
Graduação da UFRN e Magda Melo, presidente da COMPERVE.
Na
opinião de Ramon, estudante de Gestão de Políticas Públicas na UFRN e
representante da União Nacional dos Estudantes, “a questão do SiSu está
inserida em um contexto mais amplo de reformas democratizantes do ensino
superior, mas ainda muito distante das necessidades do Brasil”. Segundo
ele, “uma nação que pretende ser uma peça importante no cenário
internacional não pode ter somente 13,9% de seus jovens entre 18 e 24
anos com acesso ao ensino superior”. O diretor regional da UNE concluiu
afirmando que a realidade passou por cima como trator sobre aqueles que
consideraram que, com o SiSu, os estudantes perderiam as vagas da
Universidade Federal de seus estados. “Na UFC, no Ceará, que foi a
universidade com maior quantidade de inscritos pelo SiSu, 95% dos
estudantes de Medicina são cearenses, ante aos 93% do último vestibular
tradicional, o que comprova que o terrorismo não se confirmou”.
Segundo Pedro Henrique, estudante de
Cursinho em SP e Tesoureiro Geral da UBES (União Brasileira dos
Estudantes Estudantes), o fim do vestibular sempre foi pauta da
entidade. Para ele, “o vestibular tradicional, que selecionava os
estudantes entre aprovados e reprovados, sempre foi combatido pelo
movimento educacional brasileiro, pois limita e condiciona o ensino
médio, já que tudo o que estudamos é voltado a uma prova que, no geral,
pauta-se pelo decoreba”. Ele afirmou que, ao contrário dos anos
anteriores, é um avanço que um exame como o ENEM possibilite a
concorrência no máximo de universidades, ao invés do estudante dispender
recursos para inscrição e deslocamento para se candidatar às vagas em
várias universidades.
Melayne Macedo, estudante de Letras,
representando o Diretório Central dos Estudantes José Silton Pinheiro,
da UFRN, avaliou que muitos jovens deixam de sonhar com o vestibular
porque essa não é uma questão concreta na realidade deles.
Exemplificando a partir da realidade de comunidades mais pobres, como
Mãe Luiza, a Coordenadora Geral do DCE/UFRN afirmou que um dos grandes
desafios da educação é permitir que a universidade possa ser um espaço
democrático, o que não acontece nos dias atuais.
Pedro Sérgio, presidente da Associação
Potiguar dos Estudantes Secundaristas (APES) e estudante do IFRN Zona
Norte, registrou que é uma “farsa” o argumento daqueles que consideram
que a qualidade do ingresso no ensino superior será prejudicada com o
ENEM. Ele citou o caso da UFC, dizendo que “a média dos estudantes
aprovados em Medicina na federal do Ceará foi de 769 pontos, muito acima
dos 683 pontos de média dos estudantes do CEI, colégio que liderou o
ranking do ENEM no Rio Grande do Norte”. Segundo ele, há certos
interesses que preferem ver as vagas das universidades sendo disputadas
por um nicho.
Finalizando a participação dos
representantes das entidades estudantis presentes, o presidente da UMES
(União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas), Whanderley Costa,
declarou que a questão do SiSu será debatida em Seminários da entidade
no mês de abril e maio e que a UMES promoverá mobilizações pelo fim do
vestibular. Para ele, “é importante destinar os recursos provenientes da
realização do vestibular para a assistência estudantil, já que a
maioria dos reitores afirmam que é necessário dobrar o investimento em
assistência social para termos uma política mais consistente de
assistência ao estudante. O SiSu amplia essa necessidade e devemos
pressionar para que esses recursos atendam essa demanda”.
Os estudantes de escolas públicas e
privadas lotaram as galerias da Câmara Municipal e foram elogiados pela
participação e pelas intervenções durante a Audiência Pública.
Da Redação, com imagens de Canindé Soares.
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