ODE
BRANDEMBURGO
Ciro
José Tavares.
São os teus mágicos portais,
senhora de Brandemburgo,
que me convidam atravessá-los e a ficar preso no coração.
A tibieza dos passos indica
o temor de avançar ao teu encontro.
No interior do templo de
Diana, comandas sentimentos.
Estás submersa nos mistérios
e neles pressinto
os goles trágicos da dor e
da saudade quando derramas
tuas madeixas de ouro sobre
o frio mármore dos altares.
Queres que seja eu cativo
dos teus alvos braços alongados,
a ave apaixonada suspensa na
fragilidade dos teus dedos.
Deixa-me refletir, senhora
de Brandemburgo, se devo cruzá-los
antes que eu saiba se o
tempo esgotou o resto de minh´alma
e que fiquem abertos até que
como aurora eu amanheça em ti.
O que sabes de mim? Dos
sonhos, do passado, das andanças?
Muito pouco ou quase nada. Venho
das lendas de Camelot,
onde é sempre primavera, o
sol brilha forte e não se põe.
Recebi asas de Mab para voar
aos castelos do Moselle e do Loire.
Nas margens do Reno
cavalguei Grani e desafiei os nibelungos.
Ouvi o tropel dos cavalos
das Valquírias, sepultei Siegfried, beijei
as louras melenas de
Brunilde e vi o crepúsculo dos deuses.
Chorei toda uma tarde pelas
mortes de Isolda e de Tristão.
Atraído por paixão
inesperada abandonei a bela Guenevere
e como Tanhäuser o Santo
Pontífice jamais me perdoou.
Hoje, Senhora de
Brandemburgo, diante de ti venho fatigado
revelar todos os erros e derrotas na impaciência das noites.
Abre os mágicos portais,
quero lavar-me na pureza do teu corpo,
Sem medos de ser definitivo
na distância, na dor e na saudade.
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