ARTIGO
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes,
Escritor
Os jornais do final de semana nos trouxeram opiniões e ponderações sensatas que merecem nossa especial atenção.
Começamos com nosso Emérito Professor Dalton Mello em seu artigo no JH, intitulado “Viva a Copa”, onde com elegância, mesmo reiterando a desnecessidade de se ter gasto tanto dinheiro, ressalta o espetáculo da torcida, mas deplora a exploração comercial e conclui com uma reflexão: “Não me atrevo a dizer que a Copa, aqui, seria dispensável. Deixou recordações positivas. Mas, entre recordações e os benefícios efetivos, vai uma longa distância.”
Na Tribuna, destaco o excelente comentário do Procurador- Geral do Ministério Público de Contas do RN, o Doutor Luciano Ramos, que indaga e, ao mesmo tempo adverte: “Haverá vida depois da Copa?”. Entre as suas colocações, questiona não saber como a história do Rio Grande do Norte contará os dias transcorridos do período da Copa e o que restará depois dos acordes da banda que passou em nossos ouvidos: “Mas bastará um pouco de sensatez para ver que algumas coisas estão fora de lugar quanto uma mordida em uma partida de futebol profissional.”
De fato, o que virá depois da festa terminada, as contas, os custos, a fatura de um delírio de carnaval?
Entre os possíveis “legados” não localizamos hospitais adequados e regulares; efetiva solução para o caótico trânsito e a segurança de Natal e o articulista adverte sobre os perigos de uma escolha equivocada de modificação na destinação dos 50 milhões tomados emprestados para se construir um Hospital de Traumas...
O planejamento, realmente, não é o forte dos Governos locais.
A propósito, na coluna da TN, reservada ao competente Woden Madruga, este nos brinda com a transcrição de palestra proferida pelo jornalista Manoel Dantas, em 1909, no salão nobre do Palácio do Governo (Alberto Maranhão), onde traça uma séria advertência e indica cautelas para o Morro de Mãe Luiza. Diz do morro do perigo iminente, situado em frente à Cidade Nova, colocando-se sob a ação dos ventos rijos, espalhando as areias sobre as ruas como um vasto lençol tenebroso e mortífero.
Sua palestra despertou a preocupação do então intendente do Governo Municipal Coronel Joaquim Manoel, que cuidou logo de opor um anteparo ao vento, com cercas, plantações, guardas, postos de vigia, tudo que a ciência dos morros aconselha para a fixação das areias, com bons resultados.
Ponderava ele que num futuro ainda distante, que previu 1959, será um dos pontos mais atraentes, num misto de progresso e poesia. Acertou em parte, o progresso chegou, com construções monumentais e muito lazer, mas os governantes não cuidaram da harmonia da beleza com a segurança estrutural e, por isso, facilitaram a destruição da poesia.
Agora é tempo de reconstruir tudo em razão dos deslizamentos deste inverno, para não repetirmos, no momento inoportuno, a canção de Chico, lembrada por Luciano: “A minha gente sofrida despediu-se da dor, pra ver a banda passar cantando coisas de amor. Mas para meu desencanto, o que era doce acabou. Tudo tomou seu lugar, depois que a banda passou...”
Começamos com nosso Emérito Professor Dalton Mello em seu artigo no JH, intitulado “Viva a Copa”, onde com elegância, mesmo reiterando a desnecessidade de se ter gasto tanto dinheiro, ressalta o espetáculo da torcida, mas deplora a exploração comercial e conclui com uma reflexão: “Não me atrevo a dizer que a Copa, aqui, seria dispensável. Deixou recordações positivas. Mas, entre recordações e os benefícios efetivos, vai uma longa distância.”
Na Tribuna, destaco o excelente comentário do Procurador- Geral do Ministério Público de Contas do RN, o Doutor Luciano Ramos, que indaga e, ao mesmo tempo adverte: “Haverá vida depois da Copa?”. Entre as suas colocações, questiona não saber como a história do Rio Grande do Norte contará os dias transcorridos do período da Copa e o que restará depois dos acordes da banda que passou em nossos ouvidos: “Mas bastará um pouco de sensatez para ver que algumas coisas estão fora de lugar quanto uma mordida em uma partida de futebol profissional.”
De fato, o que virá depois da festa terminada, as contas, os custos, a fatura de um delírio de carnaval?
Entre os possíveis “legados” não localizamos hospitais adequados e regulares; efetiva solução para o caótico trânsito e a segurança de Natal e o articulista adverte sobre os perigos de uma escolha equivocada de modificação na destinação dos 50 milhões tomados emprestados para se construir um Hospital de Traumas...
O planejamento, realmente, não é o forte dos Governos locais.
A propósito, na coluna da TN, reservada ao competente Woden Madruga, este nos brinda com a transcrição de palestra proferida pelo jornalista Manoel Dantas, em 1909, no salão nobre do Palácio do Governo (Alberto Maranhão), onde traça uma séria advertência e indica cautelas para o Morro de Mãe Luiza. Diz do morro do perigo iminente, situado em frente à Cidade Nova, colocando-se sob a ação dos ventos rijos, espalhando as areias sobre as ruas como um vasto lençol tenebroso e mortífero.
Sua palestra despertou a preocupação do então intendente do Governo Municipal Coronel Joaquim Manoel, que cuidou logo de opor um anteparo ao vento, com cercas, plantações, guardas, postos de vigia, tudo que a ciência dos morros aconselha para a fixação das areias, com bons resultados.
Ponderava ele que num futuro ainda distante, que previu 1959, será um dos pontos mais atraentes, num misto de progresso e poesia. Acertou em parte, o progresso chegou, com construções monumentais e muito lazer, mas os governantes não cuidaram da harmonia da beleza com a segurança estrutural e, por isso, facilitaram a destruição da poesia.
Agora é tempo de reconstruir tudo em razão dos deslizamentos deste inverno, para não repetirmos, no momento inoportuno, a canção de Chico, lembrada por Luciano: “A minha gente sofrida despediu-se da dor, pra ver a banda passar cantando coisas de amor. Mas para meu desencanto, o que era doce acabou. Tudo tomou seu lugar, depois que a banda passou...”
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