Ciro
José Tavares
Alba atlântica no estuário renascida,
vieste nos fios de prata de nuvens marchetadas de
vermelho
e serás, no fim da tarde, alba menstruada
espraiada pelo corpo sagrado do Rio Potengi.
Essa cor que assisto escorrer na indumentária
é o resto do sangue
aspirado da Ribeira,
de ruas assombradas na arquitetura arruinada,
de fantasmas emigrantes com receio da última visão.
Alba atlântica vieste tardinha para morrer crepuscular
sepultada no silêncio das margens e dos mangues,
sob o noturno adeus do sino da Igreja do Bom Jesus,
que nas dores a Ribeira enternece e abençoa
por seus anjos na hora das Ave Marias.
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