No quarto escurecido havia
um cheiro de vida entre nós dois.
Simples, todo espartano,
beleza imaginada e fictícia.
Réstias filtradas pelas
estreitas aberturas da janela
davam à cama um estranho
matiz acobreado
e sobre mornos lençóis
amarrotados estávamos silentes,
lado a lado com receio que
nossas mãos se entrelaçassem.
Cego pelo louro dos cabelos escorridos
afundei os dedos
para receber a magia que
deles fluía como elétrica corrente.
Beijei-te a face alva e, de
repente, incontido, os ternos lábios rubros
oferecidos para mitigar a
sede do poeta apaixonado.
Veio no abraço a
intumescência dos teus seios ao meu tórax
e ao sugá-los como criança
senti o gosto do orvalho das manhãs,
até acontecer total integração dos nossos corpos.
Quando no orgasmo alcançamos
o nirvana, ficamos outra vez
silentes, lado a lado,
apenas clareados pela fugaz luz exterior,
atravessando frestas da
janela e descobrimos pensativos
que no quarto escurecido havia um cheiro de
vida entre nós dois.
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