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O Portal do Estudante RN entrevistou o Diretor Regional da União Nacional dos Estudantes (UNE), Ramon Alves para falar sobre a Identidade Estudantil Eletrônica 2012 e sobre o seu primeiro ano representando, no RN, a entidade nacional representativa dos estudantes de nível superior.

Portal do Estudante RN – Ramon, no último dia 31 de março, a carteira de estudante 2011 perdeu a validade. Como está ocorrendo a distribuição da Identidade Estudantil gratuita e o que ela representa no combate promovido pelo movimento estudantil local e nacional às empresas de carteiras estudantis?

Ramon - A Identidade Estudantil da UNE e da UBES, gratuita neste ano, é mais um passo no que chamamos de uma transição. No ano passado, duas importantes entidades estudantis, a UMES (União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas) e a APES (Associação Potiguar dos Estudantes Secundaristas), realizaram seus Congressos e aprovaram como bandeira central o combate à mercantilização da carteira de estudante. Essa é uma campanha estratégica para as entidades, que passa pela retomada do controle da emissão pela rede legítima do movimento estudantil e pelo fortalecimento do nosso direito, que foi frontalmente atacado na última década com a enxurrada de carteiras falsas todos os anos.

A Identidade Estudantil Eletrônica (IEE) é o único documento que integra em um só cartão os direitos à meia-passagem municipal e intermunicipal e à meia-entrada. Em 2011, chegou às mãos de mais de 100 mil estudantes e estamos prevendo a ampliação desse número em 2012. Com a IEE, o estudante não precisa mais utilizar dois cartões para obter seus direitos.

O modelo tem sido um sucesso por agregar novos elementos que nós defendemos e estamos buscando aprimorar, como a segurança do cartão e o espaço físico para obtenção da carteira, como também no desenvolvimento de um sistema capaz de resolver os problemas burocráticos do acesso ao cartão sem o entrave representado pelo RU (Registro Único). Ao invés de um registro complicado, resolvido com ofício da escola para a SEMOB (Secretaria de Mobilidade Urbana), hoje basta o acesso da direção da instituição de ensino no sistema online de cadastramento para resolver problemas relacionados ao cadastro do estudante.

O que significa, na realidade, o mercado de carteiras estudantis de Natal?

A carteira de estudante sempre foi, até 2001, emitida pelas entidades legítimas, organizadas por estudantes com protagonismo nas mobilizações em defesa de mais direitos. Se hoje existem os direitos à meia-entrada, meia passagem, gestão democrática nas escolas, é porque havia entidades fortes, com sede e com estrutura para promover suas atividades.

A carteira sempre foi o instrumento de financiamento das entidades estudantis. A sede da UMES Natal, por exemplo, comprada no início da década de 90, foi adquirida com recursos da carteira de estudante. A conquista da Meia Passagem Intermunicipal, campanha da UMES e da APES em 2002, só aconteceu porque a carteira de estudante permitiu viagens ao interior para organizar abaixo-assinado, para mobilizar as passeatas à governadoria, etc.

A partir de 2002, uma Medida Provisória (que se eternizou com uma brecha da legislação na época) do ex-presidente FHC, cujo governo foi marcado por mobilizações das entidades contra a calamidade vivida na escola pública do Brasil e a Medida Provisória veio para enfraquecê-las, permitiu que qualquer um pudesse registrar uma entidade no cartório para confeccionar a carteira, o que provocou a proliferação de empresas produzindo o documento de identificação estudantil.

Após 10 anos de atuação desses vendedores de carteira, qual é o saldo? Se antes tínhamos mais de 100 grêmios organizados na Região Metropolitana, hoje é menos de uma dezena e com grande dificuldade de manter-se em atividade. Nesse período, muitos DCEs foram fonte de renda, com mandatos que chegaram, em alguns casos, a 4 anos de gestão.

O que tem mudado no Movimento Estudantil em Natal do ano passado para este ano?

Iniciamos, em 2011, a derrota definitiva do “comércio” da carteira de estudante. São marcos desse movimento a Jornada de Lutas do ano passado, quando mobilizamos 3 mil estudantes em Natal, a maior bancada de um Estado ao Seminário Nacional de Educação da UBES, a reorganização dos grêmios estudantis, principalmente FLOCA, Ana Júlia e Winston Churchill, o 15º Congresso da UMES/Natal e o 14º Congresso da APES.

Desde 2001, foi a primeira vez que os “vendedores de carteira” tiveram seus lucros reduzidos. Do ano passado para cá, menos “empresas” se habilitaram e as entidades legítimas do ano passado voltaram a se habilitar para emissão das carteiras. Podemos dizer, a partir da nossa estratégia de ação, que o mercado das carteiras estudantis de Natal chegou ao fim.

Além disso, após uma década de domínio feudal, o DCE da maior faculdade privada do RN, a UnP, está prestes a voltar à democracia, após a vitória de uma chapa apoiada expressamente pela UNE.

Neste ano, buscaremos integrar os DCEs num esforço coletivo de organizar a rede universitária potiguar, além de outras iniciativas. A UMES Natal completará seus 30 anos em alto estilo, com reforma da sua sede, com Sessão Solene na Câmara Municipal em sua homenagem no mês de maio, mês em que realizaremos, também, a nossa Jornada de Lutas UNE/UBES/APES/UMES, que promete ser ainda maior e mais criativa que a do ano passado.

Por fim, vale destacar que lançamos um portal das entidades no RN que é a pagina mais acessada do movimento estudantil brasileiro depois do site da UNE. Temos uma média que supera os mil acessos diários e a nossa newsletter chega a 100 mil estudantes apenas de Natal. Ainda assim, nós já estamos preparando mais inovações em comunicação para que o movimento estudantil tenha a amplitude que lhe é necessária.