Quinze minutos para dizer eu te amo |
Nem todos os dias são ensolarados, nem todos eles são nublados,
alguns são chuvosos, são frios, ainda que o clima de verão esteja em
grau dos mais elevados, ainda assim...! Enxergar de tal modo, é
vivenciar o mesmo processo que rompe com a ideia convencional que
organiza o calendário do tempo.
A semana de Clara e Lucas, quase sempre, teima em ser mais curta, as
circunstâncias insistem em fazê-la durar três ou quatro dias. Os demais
compõem o tempo destinado aos seus corações vegetarem, talvez muito mais
o de Clara. Em silêncio, ela indaga:
– Será que o natural é a mulher sofrer com a ausência do homem amado?
– Será que o meu amor também fica triste quando não estamos juntos?
– Será que o natural é a mulher sofrer com a ausência do homem amado?
– Será que o meu amor também fica triste quando não estamos juntos?
Lucas é um danado! Volta e meia deixa escapar que ir ao encontro de
Clara, é uma maneira de acalmá-la, de matar a saudade que ela sente da
sua presença física, como se ele não a quisesse na mesma intensidade. No
fundo, ainda que esteja no plano do inconsciente, Lucas é machista. Ele
gosta mesmo é de se sentir o “dono da bola”, faz parte do seu jogo de
sedução.
Clara, por sua vez, não perde a oportunidade de perguntar se Lucas a
ama, do mesmo modo que, frequentemente, ele sente a necessidade de
saber, de ouvir o que ela sente. Clara parece buscar a segurança que
precisa para viver tranquila a sua história. Lucas deseja ter a certeza
que domina a situação.
Clara indaga:
– Você me ama, meu amor?
– Você me ama, meu amor?
Lucas responde:
– Amo muito! Se eu não lhe amasse, não estaria aqui.
– Amo muito! Se eu não lhe amasse, não estaria aqui.
Em seguida ele emenda com perguntas:
– E você me ama?
– Quem é que lhe faz mais feliz?
– E você me ama?
– Quem é que lhe faz mais feliz?
Que amor visceral! Clara só tem respostas lindas para o seu amor. Ama
Lucas de maneira incondicional, verdadeira. Para ela pouco interessa as
convenções sociais e os limites que tais chatices costumam impor. Clara
dedica a Lucas o que tem de mais caro: a sua dignidade, o seu
pensamento, coração, amor, tempo; a ele dedica a sua vida. Por isso
mesmo, Lucas sabe o quanto é desejado por aquela mulher, que supera
medos e fantasmas para amá-lo no compasso de uma obsessão, incrivelmente
saborosa de experimentar.
Aquele parecia ser um dia esvaziado de beleza e de poesia. Finalmente
Lucas faz contato com Clara e o sol nasce num céu nublado. Trocas de
carinho e afeto ao telefone. Lucas sabe qual é a resposta, mesmo assim
pergunta se Clara deseja vê-lo. O coração dela dispara de felicidade e a
sua boca diz que sim. Ele ordena:
– Saia! Logo estarei aí. Vamos passear!
Promessa cumprida. Esforço tremendo! Um encontro surpreendente de
corpos ardentes que se convocam. Quinze minutos pareceram eternos para
Clara e Lucas dizerem um ao outro que se amam. Sim, ali eles tiveram a
prova mais inconteste: realmente, o amor existe!
*Professora, especialista em Psicopedagogia, Mestre e Doutora em
Educação. Articulista de temas relativos à Educação, quinzenalmente
passou a publicar minicontos de amor, que são tentativas de incursão
pelo universo da ficção.
(educadora@claudiasantarosa.com)
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