(Homenagem a um pai Afonso
Bezerrense)
Essa publicação do NotíciasRN foi escrita por uma correspondente
natalense, com o intuito de homenagear seu pai, nascido em Afonso Bezerra e,
hoje, residente nessa cidade.
“Quero falar sobre o meu pai, um homem-menino muito especial que
eu não pude abraçar (fisicamente), como tantos filhos puderam fazer nesse Dia
dos Pais. Desde pequena, ouvi inúmeras histórias e peripécias sobre esse homem,
muitas das quais imprimiram nele o apelido de “Cão”. Colocar sapo na gaveta da
professora, esconder pedra de paralelepípedo na bolsa de pano da colega de
classe, jogar areia na merenda da escola, jogar tênis no quadro enquanto a
professora escrevia, entre tantas outras travessuras que levaram uma professora
enfurecida a gritar:
“ESSE
MENINO, PRA SER O CÃO, SÓ FALTA O RABO!”
Falando
assim, até fica engraçado,
Mas fico imaginando quanta raiva ele deve ter provocado
E quanta cinturãozada deve ter levado.
Esse danado era “Bonzinho que só dinheiro achado!”
Mas fico imaginando quanta raiva ele deve ter provocado
E quanta cinturãozada deve ter levado.
Esse danado era “Bonzinho que só dinheiro achado!”
Você,
leitor, que tem mais tempo de vida em Afonso Bezerra já sabe de quem me refiro:
um tal Luciano Cruz, conhece?
Essa
história vai continuar
E me perdoe se eu tornar a rimar
Porque quando começo, não consigo mais parar
Paciência eu peço, pois tentarei me controlar.
E me perdoe se eu tornar a rimar
Porque quando começo, não consigo mais parar
Paciência eu peço, pois tentarei me controlar.
controlar.
Esse lado “Cão” de meu pai já é bem
conhecido, mas tem um lado que eu faço questão de exaltar, que muita gente já
deve ter usufruído ou presenciado: o lado de melhor amigo. Brincalhão,
presepeiro, comunicativo, por tudo isso que o chamo de homem-menino.
Menino ele também é no
que tange ao coração,
capaz de tirar a roupa do corpo pra atender alguém com precisão*
capaz de tirar a roupa do corpo pra atender alguém com precisão*
De vez em
quando, tem jeito de homem bruto e durão, mas só quem convive sabe o quão gente
boa e amiga ele é. Papai é pra nós (Lucianinho e eu) uma espécie de herói sem
capa, rei sem coroa, criança de cabelos grisalhos. É aquele cábra que gosta de
receber ligação do filho, só pra se sentir lembrado. Que às vezes liga só pra
perguntar “Aí ta chovendo?”. É aquele medroso que o filho tem que arrastar pro
hospital pra tomar soro e, na primeira chance que tem, ele escapar escondido. É
o homem que me deu uma merecida surra por eu ter chamado uma mulher de “negra
suja”, quando era pequena, me ensinando na prática o que realmente é sujo: o
preconceito e a falta de respeito. Foi com ele que aprendi a lidar com as
pessoas, recebê-las bem, “fazer sala”, diverti-las, conversar, brincar, seja
ela de qualquer posição social: rica ou pobre, importante ou esquecida. Por aí
se tira o quanto uma homenagem é merecida.
Hoje, esse homem assiste nossas vitórias de camarote e sai contando os nossos feitos pra todo mundo. A gente morre de vergonha, mas entende que é só porque ele se orgulha dos filhos que tem. Hoje, a gente só quer cuidar dele (mesmo à distância). Hoje, eu quero dizer pra você que esse homem de nome Luciano Cruz não é só “o Cão” que vocês conhecem. Que ele é aquele homem que é criança todo dia e que faz você todo dia virar criança. E, como todo bom cão é o melhor amigo do homem, esse pai que Deus nos deu é o nosso melhor amigo.
Papai, como filha peço a Deus todo dia que cuide de sua saúde e
que te permita uma vida digna e suficiente. Peço desculpas por nem sempre poder
aparecer em Afonso pra ficar contigo e por não telefonar com tanta frequência
quanto você gostaria. Mas espero que você tenha certeza de que eu amo muito
você”.
Lidiane
Cruz (Lia)
P.S.: Quero justificar a minha
escolha por fazer uma homenagem pública: Não gosto de me expor, nem de chamar
atenção, mas aprendi que atitudes honrosas, elogios e pedidos de desculpa a
gente faz publicamente – por isso escolhi o blog pra homenagear meu pai diante
desse público, majoritariamente afonsobezerrense.
Agradeço a todos que tiveram
paciência de ler essa publicação; ao nobre professor Klayton pela grande
gentileza em permitir que eu usufruísse desse espaço do blog pra homenagear meu
tão querido pai; e a Deus pela inspiração.
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