quinta-feira, 21 de março de 2013

LITERATURA SEM FRONTEIRAS: MANHÃS E TARDES POTIGUARES - NILTO MACIEL

 O autor do texto sobre minha querida amiga RIZO, expressou-se magnificamente bem.  republico na integra.
 
Rizolete Fernandes

Iniciou-se Rizolete Fernandes no mundo das letras impressas em 2004, com A história oficial omite, eu conto: mulheres em luta no RN. Seguiram-se Luas nuas, dois anos depois. Canções de abril são de 2010; Cotidianas, de 2012. Naquele, a poetisa se manifesta com intensidade, sempre de olho (ou imersa) em a natureza: o luar de abril, as nuvens, os passarinhos, a tarde, o arco-íris, as frutas, as águas, os rios, etc. E os seres (humanos ou não) menos livres que os pássaros: cachorros (“um cão se aproxima / não ladra não agita a cauda”), mulheres e homens em atividade (“mulheres tecem o tempo / no ir e vir outras não”), o pai e a mãe (“por trás do aro dos óculos / meu pai transmite lições / no seu olhar português // Ao seu lado minha mãe / prende nos lábios de princesa africana / o sorriso que cedo se desfez”), os jangadeiros, os foliões do carnaval, etc. Tudo em linguagem elementar, porém com muito cuidado, e até com esmero, que os signos poéticos não se sentem bem se deles se aproximam vocábulos e ditos inadequados ao encantamento.
No outro compêndio – Cotidianas –, Rizolete Fernandes envereda pelo terreno da crônica: lembranças misturadas a observações do dia a dia. O estilo é mais despojado do que o de José Nicodemos. As frases são mais espichadas. Além disso, diferentemente da expressão dos poemas de Canções de abril, a escritora se dá mais liberdade para prosear (como nos diários). Dá-se até o direito de usar adjetivos à vontade. E expressões de uso comum. Só importa, porém, a captação do movimento dos seres. Crônica é pintura do deslocamento dos seres e das coisas. A poesia é quadro, retrato, desenho; a prosa de ficção (seja conto, seja crônica, seja isto, seja aquilo) seria o quadro em movimento, o retrato a se mexer, o desenho animado das crianças. Desculpem a brincadeira com os gêneros literários. 
 
Mais detalhes, veja aqui:
www.literaturasemfronteiras.blogspot.com 

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