NÃO
CABIA JESUS EM BELÉM
Públio José – jornalista
A narração bíblica nos traz até os dias atuais o relato do nascimento de
Jesus – o homem. Segundo o livro de Lucas, capítulo 2, versículos de 1 a
7, a saga do menino teve início em Belém. Um decreto do Imperador César Augusto
“convocando a população do império para recensear-se”, foi a
exigência que levou José a tomar o rumo de Belém, “cidade de Davi”,
por ser ele da casa e da família de Davi. Segundo o versículo 7, “ela deu
à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque
não havia lugar para eles na hospedaria”. Segundo relatos históricos,
José perambulou por todos os lugares e recantos de Belém à procura de um espaço
onde a criança pudesse nascer com um mínimo de conforto e segurança – e
não encontrou. É nesse sentido que queremos focar a essência do dramático
episódio. Ou seja: não havia, rigorosamente falando, nenhum lugar para Jesus em
Belém.
Com certeza os conterrâneos ilustres, as personalidades de ali e de alhures
tinham seus lugares garantidos em Belém. É absolutamente certo que o prefeito,
os presidentes dos diversos órgãos da cidade, suas autoridades, seus
parlamentares, seus sacerdotes, todos, enfim, estivessem muito bem instalados.
Nos bairros periféricos, mesmo as pessoas mais humildes, embora disputando
espaços exíguos, também tinham a certeza de um sono tranqüilo quando chegasse o
advento da noite. Enfim, todos tinham lugar em Belém – menos Jesus. A
Bíblia não registra, mas José deve ter entrado em desespero. Qual o chefe de
família que quer ver seu primeiro filho nascer num curral, ao relento? José, na
verdade, se deparou em Belém com a insensibilidade dos homens, com a dureza de
seus corações. Os tais, quando bem instalados, pouco se importam com as
adversidades alheias.
Não havia lugar para Jesus em Belém. Atualmente, essa realidade não está muito
distante dos fatos ocorridos naquele tempo. Muitas pessoas, embora enfeitando
suas casas e suas vidas com penduricalhos comercializados no período natalino,
continuam com o mesmo sentimento de avareza, de insensibilidade e de aridez
espiritual que se apossou do povo naquele tempo. Outras abarrotam os seus
espaços domésticos com tantos símbolos, tantos enfeites e tanto consumismo, que
não resta em suas vidas nenhuma condição para a manifestação dos ensinamentos e
dos princípios que Jesus, tão sabiamente, propagou ao longo de sua existência.
Onde está Jesus em sua vida? Qual a prioridade dedicada a Ele – mesmo nessa
época do ano? Tem gente que valoriza muito mais a beleza da árvore de Natal do
que o conhecimento das palavras e das promessas contidas nos Evangelhos que Ele
nos deixou.
Nenhuma intenção de criticar aqui esforços mercadológicos para ampliar o
raio de ação da indústria e do comércio. A questão é que a humanidade está
enclausurada numa perigosa operação de religiosidade estéril, sem vínculos com
Jesus. E assistindo inerte à troca de um fato verdadeiro, marcante, fascinante,
cheio de significado – como o nascimento de Jesus, por uma tradição
entranhada de sofismas e sem nenhum lastro espiritual – o Papai Noel.
Onde está Jesus em sua vida? Ou por outra, qual a sua reação se José hoje
batesse à porta? José bateu à porta em Belém e não lhe deram ouvidos. Você
daria? Compartilharia seus espaços com José para Jesus nascer em sua vida? O
consumismo não pode ser a razão principal do viver natalino. O importante é
Jesus – sempre. Atenção, atenção! Tem gente batendo à porta. Está
ouvindo? É José pedindo um espaço para Jesus nascer. Você vai abrir a
porta?
por e-mail.
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