Este cavalo foi fotogrado no cariri paraibano, nas
imediaçõe da fazenda Serrote Agudo, lugar imortalizado na composição de
Zé Marcolino e na voz de Luiz Gonzaga. O que chamou atenção, além da
magreza, foi o desespero cambaleante do cavalo para comer alguns talos
de capim quase secos.
Tormento de um Cavalo
Quantas
vezes correstes livremente
Nas
campinas florida do sertão
Conduzindo
o vaqueiro com gibão
Num
galope feliz e velozmente.
Os
teus cascos trinavam reluzente
Na
caatinga, grotão e pradaria,
Pra
depois descansar na calmaria,
Sob
a sombra dum velho juazeiro
Escutando
o cantar doce e maneiro
Do
concriz dando adeus ao fim do dia.
Muitas
vezes vencestes as distâncias
Dando
trotes sutis, bem coordenados,
E
pastastes nos campos orvalhados
Vendo
as águas pulsando em ressonâncias,
Teus
galopes mostravam elegâncias
Conduzindo
com porte algum vaqueiro
Perpassando
a jurema e o marmeleiro
Sem
temer da caatinga algum perigo
Protegendo
no lombo o teu amigo
No
trabalho mostravas ser parceiro.
Pelos
campos tangestes mil boiadas
Sempre
atento à fuga do novilho
Escutando
o aboio como um trilho
E
vencendo as estradas alagadas.
Hoje
a seca, com garras afiadas,
Faz
teu corpo sofre desnutrição
O
fantasma da fome com agressão
Diminui
o viver, rouba a esperança,
Qualquer
passo teu corpo logo cansa
Numa
cena repleta de aflição.
Sempre
em vão a procura do alimento
Muito
mal tu consegues caminhar
Pois
parece que o corpo vai tombar
Num
viver tão repleto de tormento.
O
teu corpo revela o sofrimento
Nas
agruras da fome causticante
A
passada te faz cambaleante
Demonstrando
decrépita magreza
Pois
a morte parece ser certeza
Sobre
um corpo que já foi elegante.
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www.aguasdopajeu.blogspot.com
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