- Até que enfim a gente entrou neste lugar sagrado... Fala com elas; sinta as suas vitórias! – Não dando muita importância aos funcionários, Marcos deixou sua mais cara confidente ao lado de uma veneranda anfitriã. Afastou-se um pouco e se manteve a uma distância segura. E fingindo observar todo o recinto, não descuidava de sua preciosidade, procurando ouvi-las sem que percebessem.
- A senhora gostou mesmo de participar da Copa?
- Claro, querida! Quando a gente é escolhida, é uma honra e um prazer ao mesmo tempo. Quantas gostariam de terem ido no meu lugar e não puderam? E quantas sentiram inveja de mim!...
- E a senhora acha que eu também poderia ir? – Marcos notou que sua preferida procurava obter uma resposta de estímulo.
- Ora, como não?! Você é jovem e está em perfeita forma. Além disso, o rapazinho, aí, está louco para te levar. E que ele não nos ouça, mas se você não se decidir logo, poderá ficar a ver navios.
- E quando eu voltar, depois que tudo der certo, posso ficar aqui com a senhora? – A ternura com que foi inundado o olhar mais experiente fez com que a esquecida matrona se enchesse mais uma vez.
- Será que estou fazendo direito? – Por breve instante, Marcos pensou em desistir. Se os poucos anos permitiam-lhe dar asas à imaginação, nem por isso o voo deveria ser tão alto. Mas, como tudo nessa idade vale a pena, resolveu alijar a dúvida e se manteve de ouvidos bem atentos ao derradeiro conselho:
- Minha filha, se posso chamá-la assim, não se demore. Apenas vá e lute pelo que quer. E quando voltar com o caneco, tenha certeza, ele a trará aqui novamente. – A jovem aprendiz também se encheu de confiança e, lançando um olhar para Marcos, pediu-lhe que a levasse.
- Ele vai ficar orgulhoso! – Não era de hoje que Marcos sonhava em poder trazer um autógrafo do artilheiro da Seleção Canarinho, escrito na sua bola oficial. E já que seu pai lhe dissera que a sala dos troféus do clube era um lugar mágico, o pequeno não pensou duas vezes.
fonte: linguagens e versos/facebook
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