caramujos presos no aquário me
prometem lições de guardar silêncios.
a umidade toda dos olhos se desatina em
conchas de concreto, lágrimas de cimento arquitetando
paisagens inteiras ou um lápis doendo.
sei que são escuras suas brânquias
e macias as cordas que customizam sua pele
com lã e ninhos de água.
mesmo assim, pesco sua noite
e sua respiração é quase tão perturbadora
quanto um livro de poemas aberto.
Iara Maria Carvalho
Currais Novos/RN
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