UM
DIA QUE NÃO EXISTE
Há uma euforia incontida e sem sentido
por um dia inexistente: O dia do poeta. Para mim que, diariamente, leio poesia
e estudo versos os poetas são lembrados sempre e para Sempre. Os poetas são os
senhores do mundo desde os belíssimos discursos de Iahweh, encontrados no Livro
de Jó; desde o Cântico dos Cânticos, atribuídos a Salomão, desde Homero,
Píndaro, Sófocles, Eurípedes e Ésquilo, na velha Grécia. Desde Virgílio e Horácio
entre os romanos, Camões e Antonio Feliciano de Castilho entre os
representantes da última flor do Lácio.
Ao definir-se como poeta Deolindo
Tavares afirma ser mais pobre do que Jó e mais rico do que Salomão. Seu poema O
poeta diz bem quem são esses artistas diferenciados, esses líricos que falam de
dor e paixão, que repousam seus olhos nas estrelas, que viajam sobre os mares e
jardins levados pelos ventos nos berços das nuvens. Os poetas não têm calendários e a sua hora é aquela em que
canta a beleza, em que fala de amor e derrama lágrimas de saudade. O poeta é o
antigo menestrel que todos os dias batia à porta dos castelos medievais para
cantar seus versos, nas canções de amor e de amigos.
Eu não preciso de uma lei para lembrar
que tenho um dia. Eu sou herdeiro de Tannhäuser e de lug, filho de Eithlenn, de
Calderón de La Barca e de François Villon que me ensinou baladas. Meus exemplos
e meus mestres são múltiplos e variados. Porque vive além da rosa -dos - ventos,
o dia do poeta é ontem, hoje e amanhã.
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