CRÔNICA
REFLEXÕES NOTURNAS
Havia sido um
dia normal na vida de José, ele tinha ido à escola, encontrado os amigos,
estudado, voltado para casa e jantado. Mas quando foi dormir, meio inquietado
por um sentimento estranho, que não conseguia descrevê-lo, teve o sono envolto
em pensamentos. Seu sono foi arrebatado por uma lembrança, tão subitamente, que
lágrimas rolaram de seu rosto até pararem em seu travesseiro. A lembrança de um
dia, não um dia qualquer e monótono da sua vida, mas um dia triste que ele
tentou de todas as maneiras possíveis esquecer, mas não conseguiu.
Apesar
de várias de suas lembranças estarem desconexas, essa estava bastante nítida. O
seu pensamento o levara para aquele dia, na sua antiga casa, quando ele tinha
oito anos de idade. Era próximo das três horas da tarde, ele despertara depois
de uma tarde inteira de sono. Logo veio uma estranha sensação de que havia algo
faltando e, de fato, havia. Ao olhar a cadeira da sua avó, vazia, percebeu o
verdadeiro motivo de sua inquietude. O resto da tarde passou como um borrão,
que só adquiriu foco novamente à noite.
Sua
rua estava cheia de pessoas; seus pais, até o momento, sumidos com sua avó,
voltaram com um semblante triste. Colocaram-no para dentro de casa e
explicaram-no o acontecido: sua avó havia falecido, e não iria mais voltar.
Custou até José acreditar. Mas quando ele compreendeu o que acontecera, correu
para o banheiro e lá se trancou, sentou-se no chão e chorou.
Passado
um tempo, o pensamento de José tranquilizava-se. Começava a perceber que estava
novamente em sua cama, chorando, pensando sobre o que havia acontecido. Mesmo
crescido, ele não conseguia entender e aceitar a morte da sua avó. Queria saber
o porquê dela ter partido; o porquê da morte se causa tanta dor. E assim ele
continuou indagando silenciosamente, em busca de uma resposta que o levasse ao
entendimento de tudo aquilo que estava vivendo.
Horas e horas
se passaram... E José mergulhado em seus pensamentos.
Envolto mais
uma vez em suas reflexões, chegara à conclusão de que não haveria sentido não
morrer, pois de nada adiantaria viver se a morte não existisse. “De que
adiantaria construir relações em sua vida, se não tivesse a morte para ver quem
realmente se importaria com ele quando partisse”? – O pensamento de José o
inquietara, profundamente.
Após algumas
reflexões, José percebera o quão insignificante a vida dele era, cheia de acontecimentos
vagos de sentido. Decidiu, então, que não queria somente ser lembrado como uma
pessoa comum, mas como alguém que fez história e, portanto, merecia ser
recordado, significativamente.
Matheus
Menezes (aluno do 9º ano “A”, da
Escola Municipal Ferreira Itajubá – Natal).
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