OS BONDES
PARTEII
A linha Ribeira Alecrim obedecia, na ida e na volta, o mesmo trajeto.
Vindo da lagoa Seca pela Avenida Coronel Estevão, o bonde contornava o
relógio da Praça Gentil Ferreira inflectindo pela Avenida Amaro Barreto
até alcançar a Avenida Rio Branco, onde despontava o novo centro
comercial, face ao processo falimentar da Ribeira que se desestruturara
como organização populacional e de grandes negócios. Entre outras, ali
estavam As Duas Américas, dos irmãos Nagib e Fuad Salha, A Formosa
Síria, do Sr. José Abyzayan,a Casa TIC TAC, A Casa Rubi, dos Srs.
Alfredo e Eider Mesquita, a Casa Rio, do Sr. Alcides Araújo, o Armazém
Petrópolis, do Sr. Militão Chaves e a Casa Machado.
Na Rua Ulisses Caldas tomava à esquerda, onde estavam a Casa de tecidos
do Sr. Epifânio Fernandes, a Farmácia Natal, do Sr. Cloro e a
Prefeitura. Depois, à direita na Avenida Junqueira Aires, passando ao
lado do velho Atheneu para mergulhar no coração da Ribeira, antiga e
inesquecível, da encantadora Praça Augusto Severo,do Teatro Carlos Gomes
(hoje Alberto Maranhão),do Grupo Escolar Augusto Severo (depois
Faculdade de Direito), do Colégio Pedro Segundo (do professor
Severino),do Grande Hotel,da Igreja do Bom Jesus,do Banco do Brasil, e
da Alfândega de Natal ( hoje Receita Federal).
Aí seguia em direção
da Rua Frei Miguelinho, onde estava a loja Quatro e Quatrocentos,
devorada pelo fogo, num incêndio chocante que me parece ter sido o grito
de alerta da decadência e o adeus da alma canguleira. Pela Avenida
Tavares de Lira voltava á Duque de Caxias retomando seu original caminho
de retorno. O bonde número cinco e seu condutor “Manga Rosa” agitam
minha alma de saudades. Posso ver a estudantada do Atheneu passando
sabão nos trilhos para impedir a passagem e o velho “Manga”, rápido,
atento, desafiador com sua lata de areia que lançava para neutralizar o
obstáculo. E o bonde seguia e nele minhas lembranças também.
Aí seguia em direção da Rua Frei Miguelinho, onde estava a loja Quatro e Quatrocentos, devorada pelo fogo, num incêndio chocante que me parece ter sido o grito de alerta da decadência e o adeus da alma canguleira. Pela Avenida Tavares de Lira voltava á Duque de Caxias retomando seu original caminho de retorno. O bonde número cinco e seu condutor “Manga Rosa” agitam minha alma de saudades. Posso ver a estudantada do Atheneu passando sabão nos trilhos para impedir a passagem e o velho “Manga”, rápido, atento, desafiador com sua lata de areia que lançava para neutralizar o obstáculo. E o bonde seguia e nele minhas lembranças também.
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