Forçando Israel a provocar perdas dentre os civis
Alan M. Dershowitz
À medida que os foguetes continuam a cair em Israel e em Gaza, é
importante entendermos a tática do Hamas e como a comunidade e a mídia
internacionais a estão estimulando. A tática do Hamas é tão simples
quanto criminosa e brutal. Seus líderes sabem que, ao dispararem
repetidamente foguetes contra as áreas civis israelenses, eles não
darão escolha a Israel a não ser revidar. A resposta de Israel vai ter
como alvo os foguetes e aqueles que os dispararam. A fim de maximizar
suas próprias perdas dentre os civis e, portanto, ganhar a simpatia da
comunidade e da mídia internacionais, os líderes do Hamas
deliberadamente disparam foguetes a partir de áreas civis densamente
habitadas. Os atiradores do Hamas se escondem em bunkers subterrâneos,
mas o Hamas se recusa a proporcionar qualquer tipo de abrigo para seus
próprios civis, a quem usa como “escudos humanos”. Esta tática ilegal
coloca Israel diante de uma escolha trágica: simplesmente permitir que
os foguetes do Hamas continuem a alvejar cidades e vilarejos
israelenses ou responder aos foguetes com inevitáveis perdas de civis
dentre os “escudos humanos” palestinos.
Toda democracia se decidiria pela última alternativa se lhe fosse
apresentada a escolha. Embora Israel faça grandiosos esforços para
reduzir as perdas dentre os civis, a tática do Hamas está projetada
para maximizá-las. A comunidade e a mídia internacionais devem entender
isto e começar a culpar o Hamas, em vez de culpar Israel, pelos civis
que são mortos pelos foguetes israelenses, mas cujas mortes são
claramente parte da tática do Hamas.
Qualquer analista razoável concorda com o presidente Obama de que o
Hamas começou esta batalha ao disparar milhares de foguetes contra
civis israelenses. Qualquer analista razoável também concorda com o
presidente Obama de que Israel tem o direito de defender seus cidadãos.
Mas muitos comentaristas culpam Israel por causar perdas dentre os
civis palestinos. No entanto, qual seria a opção de Israel a não ser
simplesmente permitir que os foguetes sejam voltados para as suas
próprias mulheres e filhos? Como observou o presidente Obama, quando
foi a Sderot como candidato:
A primeira tarefa de qualquer nação é proteger seus cidadãos.
Assim, posso assegurar-lhes que, se (...) alguém estiver atirando
foguetes dentro da minha casa, onde minhas duas filhas dormem à noite,
farei tudo o que estiver em minhas forças para parar com isso. E eu
esperaria que os israelenses fizessem a mesma coisa.
Israel deveria continuar a fazer todos os esforços para reduzir as
perdas dentre os civis, tanto porque isso é algo humano de se fazer
quanto porque serve aos seus interesses. Mas, enquanto o Hamas
continuar a disparar foguetes a partir de áreas densamente habitadas
por civis, em vez de usar as muitas áreas abertas fora da Cidade de
Gaza, esta tática cínica – que constitui um duplo crime de guerra –
garantirá que algumas mulheres e crianças palestinas sejam mortas. E a
liderança do Hamas se prepara para essa repulsiva certeza ao organizar a
exposição dos bebês mortos diante da mídia internacional. Em um desses
casos, os radicais palestinos postaram um vídeo de um bebê que, na
verdade, havia sido morto na Síria pelo governo Assad; e, em outro
caso, eles mostraram o corpo de um bebê que havia sido morto por um
foguete do Hamas que detonou no lançamento, afirmando falsamente que
ele havia sido vítima de um míssil israelense.
Como disse Richard Kemp, um ex-comandante das forças britânicas no
Afeganistão, o exército israelense faz “mais para salvaguardar civis do
que qualquer exército já fez na história das guerras”. Isto inclui
espalhar folhetos, dar telefonemas e outros tipos de avisos aos civis
residentes na Cidade de Gaza. Mas o Hamas se recusa a fornecer abrigo a
seus civis, expondo-os deliberadamente aos riscos associados à guerra,
enquanto abriga seus combatentes em bunkers subterrâneos.
A tática do Hamas também é projetada para impedir Israel de fazer a
paz com a Autoridade Palestina. Mesmo os pacifistas israelenses estão
preocupados porque, se Israel encerrar sua presença na Margem
Ocidental, o Hamas tomará posse daquele território, assim como fez com
Gaza logo depois que Israel retirou-se daquela área. A Margem Ocidental
está muito mais próxima dos principais centros populacionais
israelenses do que Gaza. Se o Hamas disparasse foguetes da Margem
Ocidental para Jerusalém e Tel Aviv, Israel teria que responder
militarmente, como tem feito em Gaza. Novamente, civis seriam mortos,
provocando protestos internacionais contra Israel.
O que estamos vendo hoje é uma reprise do que aconteceu em 2008 e
2009, quando Israel entrou em Gaza para impedir o disparo de foguetes. O
resultado foi o Relatório Goldstone, que colocou a culpa diretamente
em Israel. Esse relatório simplório – condenado pela maioria das
pessoas pensantes e, finalmente, também pelo próprio Goldstone – tem
estimulado o Hamas a voltar à tática que resultou na condenação
internacional de Israel. Esse procedimento persistirá enquanto a
comunidade e a mídia internacionais continuarem culpando Israel pelas
mortes de civis causadas por uma tática deliberada do Hamas. (Alan M.
Dershowitz - www.gatestoneinstitute.org - http://www.beth-shalom.com.br)
Alan M. Dershowitz é advogado, jurista e comentarista político. Desde 1967 é professor titular da Escola de Direito da Universidade Harvard.
fonte: por e-mail - chamada da meia noite.
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